PARAGOMINAS (PA) – O município de Paragominas, no Pará, começa a se transformar num modelo de desenvolvimento sustentável para a Amazônia. Pelo menos outras 11 cidades paraenses já aderiram ao programa Município Verde, do governo do estado, criado com base nas ações adotadas em Paragominas para reduzir o desmatamento a menos de 40 quilômetros quadrados por ano e sair da lista dos maiores devastadores da Floresta Amazônica no país.

Segundo dados do Sindicato de Produtores Rurais de Paragominas, foram cadastradas 690 propriedades, que ocupam 94% da área rural do município. Desta forma, é possível o poder público fiscalizar. Ao cruzar as imagens dos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) com o mapeamento rural, sabe-se exatamente onde está ocorrendo um foco de desmatamento ou queimada e quem é o responsável por aquele espaço.

Segundo Mauro Lúcio Costa, presidente do Sindicato, um dos principais articuladores do pacto pela recuperação ambiental do município, apenas 6% das propriedades não foram cadastradas. Em troca da adesão ao cadastramento, proprietários rurais receberam perdão de parte do valor devido em multas causadas por passivos ambientais do passado. Áreas de Proteção Permanente (APAs) e reservas legais estão sendo recompostas com o auxílio dos próprios fazendeiros, para compensar o abatimento.

– A legalidade das terras é o ponto de partida para a transformação do modelo de desmatamento predatório para o desenvolvimento sustentável da Amazônia – diz Paulo Amaral, pesquisador do Imazon, instituto que trabalha no monitoramento da floresta.

Os que mais devastam no Pará são os que não pagaram pela terra que ocupam. Grileiros transformados em grandes fazendeiros, eles não têm como legalizar terras e produção. Por isso, atuam na clandestinidade, arrancando do solo tudo o que ele pode gerar de riqueza enquanto está sob seu domínio.

Prefeitura aposta em investimento em educação

Mas o modelo de sustentabilidade de Paragominas não é baseado na repressão, e sim na diversificação das atividades econômicas do município e na qualificação dos produtos. Isso significa que Paragominas quer ter propriedades rurais com criação de gado, plantio de grãos, áreas de reflorestamento para produção de madeira e manter preservada a área de floresta nativa, que corresponde a 65% do total.

Para diversificar, é preciso acomodar o que já existe e impedir que tudo isso avance sobre a parte mais frágil e mais valiosa, que é a Floresta Amazônica. Adnan Demacki, prefeito de Paragominas, busca agora verticalizar a produção, do município, atraindo beneficiadoras de grãos, indústrias moveleiras e frigoríficos.

– Uma cidade não pode depender de uma única atividade econômica. É da interação entre os vários setores que poderemos garantir desenvolvimento e evitar crises – diz ele.

Paralelamente ao plano de desenvolvimento econômico, Paragominas investe em educação. O município é um dos poucos a ter em andamento, desde 2010, um Plano Municipal de Educação, elaborado com a participação dos professores.

Com cerca de 100 mil habitantes, o município investe fortemente em educação, com remuneração adicional para professores, inclusive de ensino fundamental, que tenham mestrado e doutorado. Recentemente, foi anunciada a instalação de uma escola técnica federal na cidade, o que deve acelerar a formação de mão-de-obra especializada.

Fonte- O Globo (22.08.2011)


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