Resumo
Em janeiro de 2016, 39% da área florestal da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, uma cobertura inferior a de janeiro de 2015 (50%), mas que se distribuiu em grande proporção em regiões importantes da Amazônia, como os estados do Pará e Mato Grosso, o que reduziu a capacidade de detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (86%), Pará (64%) e Mato Grosso (63%). No período analisado, e sob essas condições de nuvem, foram detectados pelo SAD 52 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representa uma redução de 82% em relação a janeiro de 2015 quando o desmatamento somou 288 quilômetros quadrados.
Em janeiro de 2016, o desmatamento concentrou no Amazonas (45%), Roraima (25%) e Rondônia (21%), com menor ocorrência em Mato Grosso (5%), Acre (2%) e Pará (2%).
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 9 quilômetros quadrados em janeiro de 2016. Em relação a janeiro de 2015 houve uma redução de 98%, quando a degradação florestal somou 389 quilômetros quadrados.
Estatística de Desmatamento
De acordo com o SAD, o desmatamento (supressão total da floresta para outros usos alternativos do solo) atingiu 52 quilômetros quadrados em janeiro de 2016 (Figura 1 e Figura 2).
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2014 a janeiro de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em janeiro de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
Em janeiro de 2016, o desmatamento concentrou no Amazonas (45%), Roraima (25%) e Rondônia (21%), com menor ocorrência em Mato Grosso (5%), Acre (2%) e Pará (2%) (Figura 3).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2015 a janeiro de 2016, correspondendo aos seis primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 1.200 quilômetros quadrados. Houve redução de 28% do desmatamento em relação ao período anterior (agosto de 2014 a janeiro de 2015) quando atingiu 1.657 quilômetros quadrados.
Figura 3. Percentual do desmatamento nos Estados da Amazônia Legal em janeiro de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando os seis primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2015 a janeiro de 2016), o Mato Grosso lidera o ranking com 35% do total desmatado no período. Em seguida aparece Pará (28%) e Amazonas (16%). Em termos relativos, houve redução de 75% no Acre e 50% em Rondônia.
Em termos absolutos, o Mato Grosso lidera o ranking do desmatamento acumulado com 421 quilômetros quadrados, seguido pelo Pará (330 quilômetros quadrados) e Amazonas (191 quilômetros quadrados) (Tabela 1).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a janeiro de 2015 e agosto de 2015 a janeiro de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Degradação Florestal
Em janeiro de 2016, o SAD registrou 9 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Toda a degradação florestal detectada este mês está presente no Estado do Amazonas.
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2014 a janeiro de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a janeiro de 2015 e agosto de 2015 a janeiro de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Geografia do Desmatamento
Em janeiro de 2016, a maioria (76%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos de Reforma Agrária (12%) e Unidades de Conservação (12%) (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em janeiro de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
Assentamentos de Reforma Agrária
O SAD registrou 6 quilômetros quadrados de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária em janeiro de 2016 (Figura 5). Os Assentamentos mais afetados pelo desmatamento foram PA Vale do Jamari (Candeias do Jamari; Rondônia), PA Jatapu (Caroebe; Roraima) e PAD Santa Luzia (Cruzeiro do Sul; Acre).
Figura 5. Assentamentos de Reforma Agrária desmatados em janeiro de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Áreas Protegidas
No mês de janeiro de 2016, o SAD detectou 6 quilômetros quadrados de desmatamento nas Unidades de Conservação (Figura 6). No caso das Terras Indígenas, não houve detecção de desmatamento em janeiro de 2016.
Figura 6. Unidades de Conservação desmatadas na Amazônia Legal em janeiro de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Municípios Críticos
Em janeiro de 2016, os municípios mais desmatados foram: Careiro (Amazonas) e Novo Aripuanã (Amazonas) (Figura 7 e 8).
Figura 7. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em janeiro de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 8. Municípios com maiores áreas desmatadas em janeiro de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Cobertura de Nuvem e Sombra
Em janeiro de 2016, foi possível monitorar com o SAD 61% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 39% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (86%), Pará (64%) e Mato Grosso (63%). Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em janeiro de 2016 podem estar subestimados (Figura 9).
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 9. Área com nuvem e sombra em janeiro de 2016 na Amazônia
SAD-EE
Desde agosto de 2012 a detecção de alertas de desmatamento e degradação florestal vem sendo realizada na plataforma Google Earth Engine (EE), com a nova versão SAD EE. Esse sistema foi desenvolvido em colaboração com a Google e utiliza o mesmo processo já utilizado pelo SAD 3.0 (Quadro I), com imagens de reflectância do MODIS para gerar os alertas de desmatamento e degradação florestal.
Quadro I: SAD 3.0
Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua o mesmo do SAD 2.0 como descrito abaixo.
O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguida, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente Não-Ativa (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo:
NDFI = (VGs – (NPV + Solo)
(VGs +NPV+Solo)
Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por:
VGs = Vegetação/(1- Sombra)
O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios.
A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinais de degradação.
O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior.
O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2014 a janeiro de 2016.