Heron Martins, Antônio Victor; Carlos Souza Jr.;Márcio Sales & Adalberto Veríssimo (Imazon)
Em abril de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 71 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou uma diminuição de 76% em relação a abril de 2011 quando o desmatamento somou 298,3 quilômetros quadrados. Devido a alta cobertura de nuvens, foi possível monitorar apenas 20% da área florestal na Amazônia Legal em abril de 2012 em quanto que em abril de 2011 foi monitorado 31% da mesma área.
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a abril de 2012 totalizou 830 quilômetros quadrados. Houve redução de 35% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) quando o desmatamento somou 1.268 quilômetros quadrados.
Em abril de 2012, a maioria (71%) do desmatamento ocorreu em Mato Grosso. Em seguida aparece Rondônia com 18% e o Amazonas com 5%. O restante (6%) ocorreu no Pará, Roraima e Acre.
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram apenas 21 quilômetros quadrados em abril de 2012. Em relação a abril de 2011, quando a degradação florestal somou 1.776 quilômetros quadrados, houve redução de 99%. A degradação foi detectada apenas em Mato Grosso.
A degradação florestal acumulada no período (agosto 2011 a abril 2012) atingiu 1.589 quilômetros quadrados. Em relação ao período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011), quando a degradação somou 5.887 quilômetros quadrados, houve redução de 73% .
Em abril de 2012, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 4,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente. No acumulado do período (agosto 2011 – abril de 2012) as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram 58,2 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 24% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011).
De acordo com o SAD, o desmatamento (supressão total da floresta para outros usos alternativo do solo) atingiu 71 quilômetros quadrados em abril de 2012 (Figura 1 e Figura 2). Isso representou uma diminuição de 76% em relação a abril de 2011 quando o desmatamento atingiu 298,3 quilômetros quadrados.
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2010 a abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD)1.
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a abril de 20122, correspondendo aos nove meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 830 quilômetros quadrados. Houve redução de 35% do desmatamento em relação período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) quando atingiu 1.268 quilômetros quadrados.
Figura 3. Percentual do desmatamento nos Estados da Amazônia Legal em abril de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando o desmatamento acumulado nos nove meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2011 a abril de 2012), o Mato Grosso lidera o ranking com 34% do total desmatado. Em seguida aparece o Pará com 32%, Rondônia com 19% e o Amazonas com 8%. Esses quatros estados foram responsáveis por 93% do desmatamento ocorrido na Amazônia Legal nesse período.
Houve redução de 35% no desmatamento ocorrido em agosto de 2011 a abril de 2012 quando comparado com o período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) (Tabela 1). Em termos relativos, houve redução de 61% no Acre, 51% no Amazonas, 46% no Mato Grosso, 42% em Rondônia e 2% no Pará. Por outro lado, houve aumento de 188% em Roraima, e 120% no Tocantins.
Em termos absolutos, Mato Grosso lidera o ranking do desmatamento acumulado com 280 quilômetros quadrados, seguido pelo Pará (267 quilômetros quadrados), Rondônia (161 quilômetros quadrados), Amazonas (69 quilômetros quadrados), Roraima (23 quilômetros quadrados), Acre (19 quilômetros quadrados) e Tocantins (11 quilômetros quadrados).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a abril de 2011 e de agosto de 2011 a abril de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[1] O desmatamento em áreas cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em março 2012 ou meses anteriores, porém só foi possível detectá-la agora quando não havia mais nuvens na área especificamente observada.
[2] O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Em abril de 2012, o SAD registrou 21 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Em relação ao mesmo período do ano anterior (abril de 2011) houve redução de 99% quando a degradação florestal atingiu 1.776 quilômetros quadrados. Todas as áreas de degradação em abril ocorreram em Mato Grosso.
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2010 a abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
A degradação florestal acumulada no período de agosto de 2011 a abril de 2012 atingiu 1.589 quilômetros quadrados. Isso representa uma redução de 73% na degradação florestal acumulada nesse período (agosto de 2011 a abril de 2012) em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) quando a degradação florestal somou 5.887 quilômetros quadrados (Tabela 2). As maiores reduções foram Acre (-98%), Rondônia (-91%), Amazonas (-82%), Mato Grosso (-68%) e Pará (-69%).
Em termos absolutos, o Mato Grosso lidera o ranking da degradação florestal acumulada com 1.217 quilômetros quadrados (77%), seguido de longe pelo Pará com 235 quilômetros quadrados (15%). O restante (8%) ocorreu em Rondônia (93 quilômetros quadrados), Amazonas (26 quilômetros quadrados), Roraima (15 quilômetros quadrados), e Acre (3 quilômetros quadrados).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a abril de 2011 e de agosto de 2011 a abril de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[2]O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Em abril de 2012, os 71 quilômetros quadrados de desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal comprometeram 1,3 milhão de toneladas de carbono (com margem de erro de 229 mil toneladas de carbono). Essa quantidade de carbono comprometido pode resultar em emissões de 4,8 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6).
O carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a abril de 2012 foi de 15,3 milhões de toneladas (com margem de erro de 331 mil toneladas), o que representou cerca de 58,2 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6). Em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) houve redução de 24% na quantidade de carbono comprometido pelo desmatamento. A redução (24%) do carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a abril de 2012 em relação ao período anterior (agosto de 2010 a abril de 2011) foi menor que a redução de 35% do desmatamento detectado pelo SAD durante o mesmo período.
Figura 6. Desmatamento e emissões de Dióxido de Carbono (CO2) equivalente total de agosto de 2010 a abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon).
Em abril de 2012, a maioria (82,5%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Unidade de Conservação (12,5%), Terra Indígena (4%) e Assentamentos de Reforma Agrária (1%)(Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
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[4] Inclui áreas privadas (tituladas ou não) e florestas públicas não protegidas.
O SAD registrou somente 0,5 quilômetro quadrado de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária durante abril de 2012. Os Assentamentos afetados pelo desmatamento foram Monte (Lábrea; Amazonas) e Domingos Oliveira Bezerra ( Santana do Araguaia; Pará) (Figura 7).
Figura 7. Assentamentos de Reforma Agrária desmatados em abril de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD). PA (Projeto de Assentamento).
O SAD detectou 9 quilômetros quadrados de desmatamento em Unidade de Conservação (Figura 8). As Unidades de Conservação desmatadas foram a Resex do Rio Cautário (Rondônia), Florex Rio Preto Jacundá (Rondônia) e Florsu do Rio Madeira (B) (Rondônia), Resex Jaci Paraná (Rondônia), Parna Serra da Cutia (Rondônia), Flona do Jamari (Rondônia). No caso das Terras Indígenas, em abril de 2012 foi detectado três quilômetros quadrados de desmatamento nas Terras Indígenas Manoki (Mato Grosso) e Kaxarari (Rondônia) (Figura 9).
Figura 8. Unidade de Conservação desmatada na Amazônia Legal em abril de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 9. Terra Indígena desmatadas na Amazônia Legal em abril de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Em abril de 2012, os municípios mais desmatados foram: Bom Jesus do Araguaia (Mato Grosso); Gaúcha do Norte (Mato Grosso); e Guajará-Mirim (Rondônia) (Figura 10 e 11).
Figura 10. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em abril de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 11. Municípios com maiores áreas desmatadas em abril de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
*O Desmatamento em Áreas Cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em março ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
Em abril de 2012, foi possível monitorar com o SAD somente 20% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 80% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (97%), Roraima (93%), Acre (92%) e Pará (89%). Os outros estados apresentaram menos de 65% do território cobertos por nuvens. Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em abril de 2012 podem estar subestimados (Figura 12). O período de dezembro a abril caracteriza como um período chuvoso na região amazônica, o que tornar difícil o monitoramento do desmatamento através de imagens de satélite que operam na faixa óptica do espectro eletromagnético.
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 12. Área com nuvem e sombra em abril de 2012 na Amazônia Legal.
*O Desmatamento em Áreas Cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em março ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
Quadro I: SAD 3.0 Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua a mesma do SAD 2 como descrito abaixo. O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguido, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente NãoAtiva (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo: Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por: VGs = Vegetação/(1- Sombra) O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios. |
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Quadro II: Carbono afetado pelo desmatamento As estimativas de carbono são geradas com base na combinação dos mapas de desmatamento do SAD com simulações da distribuição espacial de biomassa para a Amazonia. Desenvolvemos um modelo de estimativas de emissões de carbono, como base em simulação estocástica (Morton et al, em prep.), denominado Carbon Emission Simulator (CES). Geramos 1000 simulações da distribuição espacial de biomassa na Amazonia usando um modelo geoestatístico (Sales et al., 2007), e transformamos essas simulações de biomassa em estoques de C usando fatores de conversão de biomassa para C da literatura, segundo a fórmula abaixo: Para a aplicação do modelo CES usando os dados do SAD, consideramos apenas o carbono comprometido pelo desmatamento, ou seja, a fração da biomassa florestal composta por carbono (50%) sujeita à emissões instantâneas devido à queimadas da floresta pelo desmatamento, e/ou a decomposição futura da biomassa florestal remanescente. Além disso, adaptamos o modelo CES para estimar o carbono florestal comprometido pelo desmatamento na escala mensal. Por último, as simulações permitiram estimar a incerteza do carbono comprometido, representadas pelo desvio padrão(+/- 2 vezes) das simulações do carbono afetado em cada mês. Para a conversão dos valores de carbono para CO2 equivalente aplicação o valor de 3,68. |
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This post was published on 29 de março de 2015
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