Sanae Hayashi; Carlos Souza Jr.; Márcio Sales & Adalberto Veríssimo (Imazon)
RESUMO
Em junho de 2011, o SAD detectou 99 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou uma redução de 42% em relação a junho de 2010 quando o desmatamento somou 172 quilômetros quadrados. Desse total 45% ocorreu no Pará, seguido por Mato Grosso (25%), Amazonas (20%) e Rondônia (10%).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2010 a junho de 2011, correspondendo aos onze primeiros meses do calendário atual de desmatamento, totalizou 1.534 quilômetros quadrados. Houve um aumento de 15% em relação ao período anterior (agosto de 2009 a junho de 2010) quando o desmatamento somou 1.334 quilômetros quadrados.
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 193 quilômetros quadrados em junho de 2011. Desse total, 44% ocorreu em Mato Grosso seguido pelo Pará (28%), Rondônia (21%), Amazonas (6%), e Acre (1%).
florestal somou 1.715 quilômetros quadrados.
Em junho de 2011, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 6,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente o que representa uma redução de 39% em relação a junho de 2010. No acumulado do período (agosto 2010 – junho 2011) o desmatamento comprometeu 90,5 milhões de toneladas de C02 equivalentes e representou um aumento de 3,8% em relação ao período anterior (agosto de 2009 a junho de 2010).
Estatísticas do Desmatamento
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em junho de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
*O Desmatamento recente pode ter ocorrido em junho ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2010 a junho de 2011¹, correspondendo aos onze primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 1.534 quilômetros quadrados. Houve aumento de 15% do desmatamento em relação período anterior (agosto de 2009 a junho de 2010) quando atingiu 1.334 quilômetros quadrados.
Em junho de 2011, 45% do desmatamento ocorreu no Pará, seguido pelo Mato Grosso (25%), Amazonas (20%), e Rondônia (10%) (Figura 3).
Figura 3. Desmatamento (%) nos Estados da Amazônia Legal em junho de 2011 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando os onze primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2010 a junho de 2011), Mato Grosso lidera o ranking com 38% do total desmatado no período. Em seguida aparece o Pará com 25%, seguido por Rondônia com 21% e Amazonas com 11%. Esses quatros estados foram responsáveis por 95% do desmatamento ocorrido na Amazônia Legal nesse período. O restante (5%) do desmatamento ocorreu no Acre, Roraima e Tocantins.
Houve aumento de 15% no desmatamento ocorrido em agosto de 2010 a junho de 2011 quando comparado com o período anterior (agosto de 2009 a junho de 2010) (Tabela 1). Em termos relativos, houve aumento de 800% no Tocantins, 116% em Rondônia, 90% no Mato Grosso, 38% no Acre, e 17% no Amazonas. Por outro lado, houve redução de 84% em Roraima e 38% no Pará.
Em termos absolutos, Mato Grosso lidera o ranking do desmatamento acumulado com 582 quilômetros quadrados, seguido por Pará (384 quilômetros quadrados), Rondônia (322 quilômetros quadrados), e Amazonas (174 quilômetros quadrados).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2009 a junho de 2010 e de agosto de 2010 a junho de 2011 (Fonte: Imazon/SAD).
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[1] O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Degradação Florestal
Em junho de 2011, o SAD registrou 193 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Do total, 44% dessa degradação ocorreu no Mato Grosso, seguido pelo Pará (28%), Rondônia (21%), Amazonas (6%), e Acre (1%).
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2009 a junho de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
A degradação florestal acumulada no período de agosto de 2010 a junho de 2011² (onze primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento), atingiu 6.274 quilômetros quadrados. Isso representa um aumento expressivo de 266% na degradação florestal acumulada nesse período (agosto de 2010 a junho de 2011) em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2009 a junho de 2010) quando a degradação florestal somou 1.715 quilômetros quadrados (Tabela 2).
Tocantins apresentou em termos relativos um aumento expressivo de 1.450%, entretanto em termos absolutos o aumento foi ainda muito reduzido passando de apenas 2 quilômetro quadrado entre agosto de 2009 a junho de 2010 para 31 quilômetros quadrados de agosto de 2010 a junho de 2011. Outros estados também contribuíram para o aumento da degradação florestal: Amazonas (+ 612%), Acre (+ 448%), Mato Grosso (+ 418%), Rondônia (+ 403) e Pará (+ 51). Por outro lado, Roraima apresentou redução de 75% na degradação florestal.
Mato Grosso lidera o ranking da degradação florestal com 60% do total no período de agosto de 2010 a junho de 2011. Em seguida aparece Rondônia e Pará com 17% cada. Esses três estados foram responsáveis por 94% da degradação florestal na Amazônia Legal durante esse período. Os outros 6% ocorreu no Amazonas, Acre, Tocantins e Roraima.
Em termos absolutos, o Mato Grosso também lidera o ranking da degradação florestal acumulada com 3.779 quilômetros quadrados, seguido pelo Pará (1.075 quilômetros quadrados), Rondônia (1.061quilômetros quadrados), Amazonas (178 quilômetros quadrados), Acre (148 quilômetros quadrados), (Tocantins 31 quilômetros quadrados) e Roraima (2 quilômetros quadrados).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2009 a junho de 2010 e de agosto de 2010 a junho de 2011 (Fonte: Imazon/SAD).
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[2] O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Carbono Afetado pelo Desmatamento
Em junho de 2011, os 99 quilômetros quadrados de desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal comprometeram 1,8 milhões de toneladas (com margem de erro de 215 mil toneladas) de carbono. Essa quantidade de carbono afetada resulta em 6,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6). Isso representa uma redução de 39% em relação a junho de 2010 quando o carbono florestal afetado foi de 3 milhões de toneladas.
O carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2010 a junho de 2011 (onze primeiros meses do atual calendário de desmatamento) foi de 24,6 milhões de toneladas (com margem de erro de 618 mil toneladas), o que representou cerca de 90,5 milhões de toneladas de C02 equivalente (Figura 6). Em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2009 a junho de 2010) houve um aumento de 3,8% na quantidade de carbono comprometido pelo desmatamento.
O aumento relativo (3,8%) do carbono florestal afetado pelo desmatamento no período de agosto de 2010 a junho de 2011 em relação ao período anterior (agosto de 2009 a maio de 2010) foi menor do que o aumento relativo de 15% do desmatamento detectado pelo SAD durante o mesmo período. Isso sugere que o desmatamento esse ano está ocorrendo em áreas com menores estoques de carbono florestal.
Figura 6. Desmatamento e emissões de Dióxido de Carbono (CO2) equivalente total de agosto de 2009 a junho de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon).
Geografia do Desmatamento
Em relação à situação fundiária, em junho de 2011, a maioria (62%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos de Reforma Agrária (22%), Unidades de Conservação (15%) e Terras Indígenas (1%) (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em junho de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
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[3] Inclui áreas privadas (tituladas ou não) e florestas públicas não protegidas.
Assentamentos de Reforma Agrária
O SAD registrou 22 quilômetros quadrados nos Assentamentos de Reforma Agrária durante junho de 2011. Os Assentamentos mais afetados pelo desmatamento foram Rio Juma (Apuí; Amazonas), Terra Nossa (Altamira; Pará), e Monte (Lábrea; Amazonas) (Figura 7).
Figura 7. Assentamentos de Reforma Agrária mais desmatados em junho de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Áreas Protegidas
O SAD detectou 14 quilômetros quadrados de desmatamento em Unidade de Conservação (Figura 8). As Unidades de Conservação que sofreram desmatamento foram: APA Triunfo do Xingu (Pará), APA do Tapajós (Pará), e Resex Jaci Paraná (Rondônia). No caso das Terras Indígenas, em junho de 2011 foram d etectado aproximadamente 1 quilômetro quadrado. As Terras Indígenas d esmatadas foram Tenharim/Marmelos (Amazonas), Apyterewa (Pará), e Cachoeira Seca do Iriri (Pará) (Figura 9).
Figura 8. Unidades de Conservação mais desmatadas na Amazônia Legal em junho de 2011 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 9. Terras Indígenas mais desmatadas na Amazônia Legal em junho de 2011 (Fonte: Imazon /SAD).
Municípios Críticos
Em junho de 2011, os municípios mais desmatados foram: Altamira (Pará), Peixoto Azevedo (Mato Grosso) e Apuí (Amazonas) (Figura 10 e 11).
Figura 10 .Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em junho de 2011 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 11. Municípios mais desmatados em junho de 2011 (Fonte: Imazon/SAD).
*O Desmatamento recente pode ter ocorrido em junho ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando nãohavia nuvens sobre a região.
Cobertura de Nuvem e Sombra
Em junho de 2011, foi possível monitorar com o SAD 65% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 35% do território estavam cobertos por nuvens o que dificultou o monitoramento principalmente em Roraima e Amapá que tiveram mais de 75% da área florestal coberto por nuvens (Figura 12).
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 12. Área com nuvem e sombra em junho de 2011 na Amazônia Legal.
*O Desmatamento recente pode ter ocorrido em junho ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando nãohavia nuvens sobre a região.
Validação dos dados SAD utilizando Imagens Landsat e Cbers
Os dados do SAD são validados com imagens CBERS e Landsat (resolução espacial mais fina) disponíveis pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). São utilizadas as imagens disponíveis logo após o mês analisado pelo SAD. Todos os polígonos de desmatamento detectados pelo SAD são verificados usando as imagens detalhadas.
Em junho de 2011, 78% do desmatamento detectados pelo SAD foram confirmados com as imagens Landsat (Figura 13). Os outros 22% não foram confirmados devido a grande ocorrência de nuvens nas imagens Landsat e CBERS disponíveis no período.
Figura 13. Cenas Landsat utilizadas na validação dos polígonos de desmatamento detectado pelo SAD em junho de 2011.
*O Desmatamento recente pode ter ocorrido em junho ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando nãohavia nuvens sobre a região.
Quadro I: SAD 3.0Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. A metodologia principal continua a mesma do SAD 2 como descrito abaixo. O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguida, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente Não Ativa (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo: Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por: VGs = Vegetação/(1- Sombra) O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios. A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinas de degradação. O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior. O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2006 a agosto de 2010. |
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Quadro II: Carbono afetado pelo desmatamento
Desde janeiro de 2010 reportamos as estimativas do carbono comprometido (isto é, do carbono florestal sujeito à emissões devido à queimada e a decomposição de resíduos de biomassa florestal) provenientes do desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal.
As estimativas de carbono são geradas com base na combinação dos mapas de desmatamento do SAD com simulações da distribuição espacial de biomassa para a Amazonia. Desenvolvemos um modelo de estimativas de emissões de carbono, como base em simulação estocástica (Morton , em prep.), denominado (CES). Geramos 1000 simulações da distribuição espacial de biomassa na Amazonia usando um modelo geoestatístico (Sales ., 2007), e transformamos essas simulações de biomassa em estoques de C usando fatores de conversão de biomassa para C da literatura, segundo a fórmula abaixo:
Para a aplicação do modelo CES usando os dados do SAD, consideramos apenas o carbono comprometido pelo desmatamento, ou seja, a fração da biomassa florestal composta por carbono (50%) sujeita à emissões instantâneas devido à queimadas da floresta pelo desmatamento, e/ou a decomposição futura da biomassa florestal remanescente. Além disso, adaptamos o modelo CES para estimar o carbono florestal comprometido pelo desmatamento na escala mensal. Por último, as simulações permitiram estimar a incerteza do carbono comprometido, representadas pelo desvio padrão (+/- 2 vezes) das simulações do carbono afetado em cada mês.
Para a conversão dos valores de carbono para CO equivalente aplicamos o valor de 3,68.
This post was published on 28 de março de 2015
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