Desmate entre agosto de 2011 e julho de 2012 pode alcançar 7.134 km². Modelo de previsão se baseia no atual ritmo de devastação do bioma.
Se o atual ritmo de desmatamento na Amazônia Legal não for freado com ações de fiscalização e combate, o bioma pode perder 7.134 km² em vegetação no período entre agosto de 2011 e julho de 2012, segundo previsão da organização ambiental brasileira Imazon.
Caso isto se concretize, a floresta perderia uma área equivalente a quase cinco vezes o tamanho da cidade de São Paulo ou seis vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
Além disso, a destruição anual da floresta terá sido 10,5% maior se comparada à última medição feita pelo sistema Prodes, método empregado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para avaliar a derrubada da floresta em 12 meses, que registrou entre agosto de 2009 e julho de 2010 desmatamento de 6.451 km². Os dados são utilizados pelo governo federal como índice oficial de degradação da Amazônia Legal.
O levantamento do Imazon foi feito com base em dados registrados pela instituição, captados via satélite, e que são divulgados mensalmente. Estes números foram adicionados a um modelo estatístico criado em computador, que determinou a previsão. Ainda de acordo com o Imazon, o estado do Pará é o que mais poderá concentrar locais com alto risco de desmatamento (72%), seguido do Mato Grosso (11%).
Localização
Segundo Márcio Sales, estatístico e pesquisador da organização ambiental, o foco deste modelo não era somente prever o aumento no corte de árvores (já registrado pelo governo federal no bimestre março-abril de 2011 e que resultou em providências urgentes para reduzir os índices de desmatamento).
“O modelo foi criado para analisar onde essa devastação vai acontecer, com um raio de alcance de 5 km. As chances de acerto são de 80%. Nossa intenção é criar um sistema de combate que faça o alerta antes do desmatamento acontecer”, afirmou Sales.
Entre as localidades que poderão concentrar as ocorrências mais graves de crime ambiental estão as estradas federais que cortam o bioma, como o rodovia BR-230 (Transamazônica), na região da Terra do Meio (PA) e ao longo da BR-163 (rodovia Cuiabá-Santarém). Outras regiões de concentração estão no nordeste do Pará, nos municípios próximos a Paragominas, sudeste e sudoeste do Acre, norte de Rondônia e no noroeste e centro do Mato Grosso.
“Não sabemos o real motivo do desmatamento, mas localidades do Pará como Pacajá, Altamira, São Félix do Xingu e Novo Repartimento poderão ser as grandes responsáveis pelo desmatamento”, afirmou Sales. Dados do levantamento do Imazon mostram que as quatro cidades juntas podem desmatar ao menos 684 km².
Oficial
Em maio, o Inpe, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, identificou na Amazônia Legal 267,9 km² de desmatamento em diversos estágios – número 44% menor que em abril de 2001 e 144% maior que em maio de 2010.
A área equivale a 166 vezes a extensão do Parque Ibirapuera, em São Paulo, ou mais de quatro vezes o Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Mato Grosso lidera o desmatamento em maio, seguido de Rondônia (com 67,9 km²), Pará (65,5 km²) e Amazonas (29,7 km²).
Fonte- G1 Natureza (15.07.2011)