O macaco de cheiro, animal quase ameaçado de extinção, é uma das mais de 160 espécies entre mamíferos, aves, anfíbios, peixes e insetos encontradas durante mapeamento realizado pelo Imazon para criação de Área Protegida no município
Foto: Paulo Barreto
Após oito dias de trabalho, o Imazon concluiu mais uma etapa do projeto para a criação de Áreas Protegidas em Juruti, município localizado na Região do Baixo Amazonas, no Pará. Biólogos, de diferentes especialidades, realizaram entre os dias 23 de abril e 02 de maio, o levantamento de campo para o diagnóstico da fauna silvestre. O objetivo da atividade foi identificar indivíduos de cinco grandes grupos da fauna que habitam a área pretendida para criação de uma Área Protegida no município: Mastofauna (voadores e mamíferos de diferentes portes), Ictiofauna (peixes), Ornitofauna (aves), Herpetofauna (répteis e anfíbios) e Entomofauna (insetos).
A iniciativa Áreas Protegidas de Juruti é realizado pelo Imazon, com apoio da Prefeitura Municipal de Juruti e Alcoa Foundation, e visa a criação de Unidades de Conservação ao redor da sede do município. As próximas etapas do projeto serão: publicação dos estudos técnicos e realização de consulta pública para a criação da unidade de conservação. Essas etapas tem o intuito de compartilhar os resultados dos estudos técnicos e possibilitar que a sociedade participe ativamente do processo, oferecendo subsídios para o aprimoramento da proposta. A Prefeitura Municipal de Juruti é parceira na execução desse projeto e tem disponibilizado técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA) para acompanhar os levantamentos de campo.
Durante as coletas de dados em campo, os pesquisadores encontraram duas espécies mamíferas que chamaram a atenção: o macaco de cheiro (Saimiri ustus) e o cateto (Pecari tajacu), ambas classificadas com algum nível de ameaça de extinção no território nacional. A jararaca amazônica (Bothrops atrox), espécie de serpente venenosa, responsável pela maioria dos acidentes ofídicos na região norte do Brasil, também se destacou dentre as mais de 160 espécies da fauna que foram registradas na região. Breno Lima de Almeida, biólogo que liderou o diagnóstico, ressalta que “de maneira geral, as áreas inventariadas apresentaram uma comunidade faunística rica, levando em consideração que caracterizam-se por serem fragmentos florestais inseridos em ambiente antropizados”,ou seja, onde há a ocupação humana.
Foto: Márcio Nagano
Para realizar o levantamento de fauna foram determinadas áreas amostrais considerando os diferentes tipos de vegetação existentes (fitofisionomia). Além disso, os biólogos utilizaram técnicas específicas de coleta de dados para cada grupo faunístico, de modo a garantir a obtenção de dados em quantidade e qualidade necessárias para realizar as análises de parâmetros ecológicos. Essas informações servirão como base para definição do tamanho, formato e da categorização da área protegida que deve ser criada em Juruti.
Foto: Márcio Nagano
Para a Mastofauna, que inclui mamíferos voadores e terrestres, os pesquisadores percorreram trilhas, observando rastros, tocas e abrigos, fezes e outros aspectos que evidenciem a presença desses animais. Também foram instaladas, em árvores, armadilhas fotográficas acionadas por sensor de movimento que ficaram ativas durante todos os dias. Ao todo, 16 espécies de mamíferos foram registradas. O levantamento dos insetos foi realizado por meio da instalação de armadilhas, uso de iscas e um aparelho que funciona como aspirador de insetos. 12 espécies de mosquitos e 29 espécies/morfoespécies de formigas foram registradas.
Foto: Márcio Nagano
Já para os peixes foram feitas coletas nos lagos Jará, Laguinho, Tucunaré e Curumucuri utilizando rede de arrasto, peneira e tarrafa para alcançar o maior número de espécies possíveis. Destaque para os peixes Jaraqui (Semaprochilodus insignis) e Pacu (Mylossoma spp.) que possuem grande importância comercial para o consumo e também para os peixes ornamentais Jeju (Erythrinus erythrinus), Acará papa terra (Geophagus surinamensis) e Piau flamengo (Leporinus fasciatus). Os pesquisadores localizaram, ainda, 14 espécies de répteis e 08 de anfíbios por meio de buscas ativas diurna e noturna e por encontros ocasionais. Por fim, foram encontradas 124 espécies de aves ao percorrer transectos, linhas traçada na área estudada, e trilhas registrando os indivíduos por meio de observação direta e vocalizações, ou seja, emissão de sons que imitam os cantos das aves.
Para cada grupo, os dados coletados em campo serão analisados estatisticamente visando estimar padrões de riqueza, abundância, densidade das espécies amostradas, além da dominância e similaridade entre os pontos de coleta. Breno Lima de Almeida reforça que será de extrema importância um programa de monitoramento da fauna após a implantação da Área Protegida.
Leia mais sobre o projeto para criação de AP’s em Juruti aqui.
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Imazon – O Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia foi fundado em 1990 e, desde então, se tornou referência internacional em pesquisas sobre o desenvolvimento sustentável na região. A organização possui quase 800 estudos publicados e tem experiências na garantia da sustentabilidade na Amazônia. Há 13 anos, o Imazon atua na implementação de Áreas Protegidas na região da Calha Norte, também no Pará.
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