Perda florestal em agosto chegou a 568 km², uma redução de 60% em relação ao mesmo mês de 2022
A destruição da floresta amazônica teve uma queda de 60% em agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Conforme Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, a derrubada na região passou de 1.415 km² em agosto do ano passado para 568 km² no mesmo mês em 2023. Com isso, o acumulado de janeiro a agosto foi o menor desde 2018.
Apesar da melhora, o território devastado de janeiro a agosto deste ano equivale a quase duas vezes o tamanho da cidade de São Paulo e foi o sétimo maior de toda a série histórica do monitoramento, que iniciou em 2008. “O desmatamento zero é uma das principais metas ambientais do governo atual, que tem se mostrado favorável à proteção da floresta amazônica. E para zerar a derrubada, a gestão precisa manter e fortalecer as ações de fiscalização e punição à devastação ilegal. Além disso, neste momento de retomada das pautas ambientais como prioridade, é importante que não tenhamos retrocessos legislativos quanto à proteção da Amazônia e às punições aos criminosos ambientais”, comenta Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Três estados concentram quase 80% do desmatamento
Em agosto deste ano, Pará, Amazonas e Acre concentraram 77% de toda a derrubada detectada na Amazônia Legal, com destaque negativo para o terceiro estado. Isso porque, mesmo tendo uma das menores áreas territoriais entre os nove estados da região, o Acre concentrou 19% de toda a devastação no mês.
“O que vemos no Acre são expressivas áreas sendo abertas nos municípios de Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul, que fazem divisa com o estado do Amazonas. Além disso, a destruição se faz presente inclusive em áreas que por lei são protegidas, como a unidade de conservação federal Resex Chico Mendes, que vem sofrendo com grande pressão dos desmatadores ilegais”, alerta Bianca.
Estado que mais desmatou a Amazônia em agosto, o Pará foi responsável por 33% de toda a destruição no período. Os municípios de Altamira, Uruará e Mojuí dos Campos estão no ranking dos 10 mais desmatados e, juntos, concentraram 24% de toda a perda florestal ocorrida em solo paraense.
Já no Amazonas, segundo estado que mais destruiu a floresta em agosto, com 25% do desmatamento registrado na região, as áreas mais críticas ficam na parte sul. E, entre os municípios amazonenses, os mais destruídos foram: Apuí, Boca do Acre e Lábrea.
“Estamos reiteradamente alertando sobre o avanço do desmatamento no sul do Amazonas, na região de divisa com Acre e Rondônia. Conhecida como Amacro, a área possui uma forte pressão pela expansão agropecuária. Por isso, são necessárias medidas urgentes de fiscalização e destinação de terras públicas na região para evitar novas derrubadas ilegais, como infelizmente estamos vendo todos os meses”, explica Bianca.
Além disso, Pará e Amazonas possuem oito das 10 terras indígenas que mais perderam áreas de floresta em agosto. Os territórios paraenses Apyterewa e Cachoeira Seca foram os mais afetados pela devastação, com 3 km² de desmatamento em cada um, o que equivale a áreas de 300 campos de futebol.
Roraima e Maranhão registraram aumento na perda florestal
Enquanto o desmatamento reduziu na maioria dos estados da Amazônia Legal, dois deles apresentaram altas na derrubada em agosto deste ano, quando comparados com o mesmo mês de 2022: Roraima e Maranhão, com aumentos de 38% e 31%, respectivamente. No primeiro, a devastação em agosto 2023 foi de 11 km², o equivalente a 1.100 campos de futebol. Já o segundo teve uma redução na área de floresta que chegou 21 km², semelhante a 2.100 campos de futebol.