Derrubada da floresta de janeiro a maio foi a menor dos últimos seis anos, passando de 1.542 km² em 2023 para 822 km² em 2024
A Amazônia viveu em maio seu 14º mês consecutivo de redução no desmatamento, que é a remoção completa da vegetação. Com isso, o acumulado de janeiro a maio fechou como o menor dos últimos seis anos, desde 2018. A derrubada da floresta nos cinco primeiros meses do ano passou de 1.542 km² em 2023 para 822 km² em 2024, uma queda de 47%. Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do instituto de pesquisa Imazon, que monitora a região por imagens de satélite desde 2008.
Outra boa notícia é que a degradação, que em abril teve um pico devido às queimadas em Roraima, voltou a cair. Esse tipo de dano ambiental causado pelo fogo e pela extração madeireira passou de 97 km² em maio de 2023 para 6 km² em maio deste ano, 94% a menos. Em abril, os impactos dos incêndios florestais em solo roraimense fizeram a Amazônia registrar a maior degradação dos últimos 15 anos.
Em relação aos estados, os três maiores da região e do país são os que lideram o ranking das áreas desmatadas neste ano: Mato Grosso (com 30% do total), Amazonas (26%) e Pará (19%). Ou seja: juntos, eles foram responsáveis 75% do total de florestas derrubadas nos nove estados da Amazônia Legal.
Desmatamento por mês e por estado em 2024:
Estado | Janeiro | Fevereiro | Março | Abril | Maio | Acumulado | % em relação
ao total |
Mato Grosso | 19 | 44 | 32 | 83 | 70 | 248 | 30% |
Amazonas | 5 | 26 | 35 | 52 | 97 | 215 | 26% |
Pará | 14 | 12 | 11 | 21 | 102 | 160 | 19% |
Roraima | 32 | 26 | 31 | 16 | 5 | 110 | 13% |
Rondônia | 6 | 3 | 11 | 10 | 17 | 47 | 6% |
Maranhão | 3 | 5 | 1 | 1 | 10 | 20 | 3% |
Acre | 0 | 1 | 3 | 2 | 9 | 15 | 2% |
Tocantins | 0 | 0 | 0 | 3 | 4 | 7 | 1% |
Amapá | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0 | 0% |
Amazônia | 79 | 117 | 124 | 188 | 314 | 822 | 100% |
Apesar de apresentarem quedas significativas na devastação, Mato Grosso, Amazonas e Pará perderam mais de 100 campos de futebol por dia cada de mata nativa nos cinco primeiros meses do ano. “Esses três estados estão no chamado ‘arco do desmatamento’, onde a derrubada vem ocorrendo de forma mais intensa neste ano, inclusive em áreas protegidas. Ou seja: estamos vendo que a devastação ainda avança sobre territórios pressionados há anos na Amazônia, como por exemplo os municípios paraenses de Altamira e São Félix do Xingu”, explica Raissa Ferreira, pesquisadora do Imazon.
Desmatamento acumulado nos primeiros cinco meses de 2023 e 2024 por estado:
Estado | Acumulado de
janeiro a maio em 2023 |
Acumulado de
janeiro a maio em 2024 |
Variação |
Amapá | 1 | 0 | -100% |
Rondônia | 146 | 47 | -68% |
Maranhão | 42 | 20 | -52% |
Mato Grosso | 511 | 248 | -51% |
Pará | 328 | 160 | -51% |
Amazonas | 372 | 215 | -42% |
Acre | 25 | 15 | -40% |
Roraima | 110 | 110 | 0% |
Tocantins | 7 | 7 | 0% |
Amazônia | 1542 | 822 | -47% |
Por isso, para reduzir ainda mais o desmatamento, a cientista alerta sobre a necessidade de intensificar as ações de fiscalização, punição e embargo das áreas desmatadas, seja pelo governo federal ou seja pelas gestões estaduais, que possuem prerrogativa legal para atuar inclusive em áreas da União. “Além disso, é preciso agilizar a destinação de florestas públicas ainda sem uso definido para a conservação, com a criação de novas áreas protegidas. Apesar de seguirem pressionados, esses territórios ainda são os que menos registram derrubada da floresta”, completa.
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