A relação entre a abertura de estradas e desmatamento na Amazônia brasileira é conhecida desde a abertura da BR-230, a Transamazônica, estrada inaugurada na década de 1970 e tida como um dos projetos mais polêmicos da Ditadura Militar. A rota, que corta na horizontal a floresta, tornou-se nas décadas seguintes caminho para a devastação de largas áreas até então intocadas (leia artigo em inglês a respeito). A conexão entre novas estradas cortando a floresta e devastação com fogo para abertura de pastos, e/ou extração de madeira não é novidade (clique aqui ou use os mapas que ilustram essa reportagem para navegar na base de dados sobre o tema no Infoamazonia).

Novo estudo recente, publicado no jornal de Conservação Biológica (Biological Conversation), confirma e reforça tal ligação, considerando novos caminhos para a derrubada da mata, com a multiplicação de estradas clandestinas na região. Cruzando imagens de satélite e dados do IBGE, os autores do estudo estimam que para cada quilômetro de estradas oficiais existem cerca de três quilômetros de estradas clandestinas. E apontam que 95% do desmatamento se dá a 5,5 km de estradas ou a 1 km de rios.

Intitulado “Estradas, desmatamento, e o efeito de mitigação de áreas protegidas” (tradução livre do títulooriginal em inglês: “Roads, deforestation, and the mitigating effect of protected areas”), o estudo aponta que as áreas de reservas e terras indígenas foram cruciais para conter o desmatamento, em especial onde estradas foram abertas. Mesmo nas estradas oficiais, um problema grave ligado à abertura de estradas na Amazônia é que ela é feita sem nenhum outro acompanhamento do estado, sem criação de bases para fiscalização e infraestrutura básica como escolas e postos de saúde.

O estudo é assinado por Carlos M. Souza Jr., do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Christopher P. Barber e Mark A. Cochrane, do Centro de Excelência em Ciências Geoespaciais da Universidade de Dakota do Sul, dos Estados Unidos, e William F. Laurance, do Centro de Meio Ambiente Tropical e Sustentabilidade da Universidade James Cook, da Austrália.

Clique aqui para ler o estudo (em inglês) ou veja abaixo duas imagens de satélite selecionadas pelo eco que mostram claramente a relação entre a abertura de estradas e o desmatamento na Amazônia brasileira (clique nas imagens para navegar pelos mapas).

Fonte: Oeco.org

 


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