Por Ritaumaria Pereira – Pesquisadora do Imazon
Após onze anos de espera, o IBGE finalmente divulgou o Censo Agropecuário 2017, que mostra que a tendência mundial para práticas sustentáveis nas atividades econômicas ainda não é uma realidade na pecuária de corte na Amazônia Legal. O novo Censo revela que na região há 51 milhões de hectares destinados a pastos plantados, 4 milhões dos quais estão degradados. Esta área de pastos degradados é 44 vezes maior que o total desmatado entre 2006, ano do Censo anterior, e 2017. Isto significa que só a utilização desses pastos degradados já seria suficiente para aumentar a produtividade da pecuária ‒ que é muito baixa na Amazônia Legal ‒, sem a necessidade de novos desmatamentos.
Os dados do Censo Agropecuário 2017, no mapa, confirmam essa baixa produtividade, mostrando uma taxa média de lotação de 1,9 cabeça/hectare, quando em regiões brasileiras com melhor produtividade essa taxa média chega a 2,7 cabeças/hectare. Noventa e oito por cento (694 de 772) dos municípios da Amazônia têm taxa de lotação igual ou inferior a 1,9 cabeça/hectare desses, 70% têm taxa igual ou inferior a 1,26 cabeça/hectare, a taxa média do Censo de 2006.
Considerando o cenário acima, dados de lotação para alguns municípios amazônicos chamam atenção neste Censo Agropecuário 2017. São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e Santo Antônio do Tauá, no Pará apresentam lotação de mais de 50 cabeças/hectare, dados que parecem irreais para uma região historicamente com baixa produtividade e onde produtores que atingem 3,5 cabeças/hectare são considerados altamente produtivos. #ImagemDoDiaImazon#Pecuária
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