Consórcio de organizações liderado pela The Nature Conservancy (TNC) firma parceria com a USAID para promover ações de conservação no Pará e em Mato Grosso.
Nos dois Estados com os maiores índices de desmatamento ilegal na Amazônia, Pará e Mato Grosso, começam a ganhar força iniciativas para a redução das emissões provenientes do desmatamento e da degradação florestal, aliadas a outras estratégias como o manejo florestal sustentável – sistema conhecido como REDD+.
O REDD+ é um mecanismo criado a partir de discussões globais em encontros da ONU, que busca criar um valor econômico para a conservação de florestas. Além disso, tem como objetivo gerar receitas que financiem a transição para uma economia mais sustentável, com oportunidades de geração de renda para a população local e, ao mesmo tempo, de proteção da biodiversidade.
Exemplo do espaço que essas iniciativas têm conquistado é o acordo fechado em outubro deste ano, entre a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) – instituição do governo norte-americano responsável por programas de assistência econômica e humanitária em mais de 100 países – e um consórcio de organizações ambientais liderado pela organização não governamental The Nature Conservancy (TNC).
O consórcio arrecadou um total de US$ 7 milhões para a execução de iniciativas de preparação para o REDD+ nos dois estados, junto a um grupo de instituições, entre elas: a USAID, o Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundo Vale para o Desenvolvimento Sustentável, Climate Works, World Resources Institute (WRI), Agência Norueguesa para o Desenvolvimento (NORAD), Rainforest Foundation Norway (RFN), Natura, Fundação Ford e Cargill, entre outras.
Os recursos obtidos vão financiar atividades organizadas em torno de quatro áreas temáticas:
– Treinamento em REDD+ para funcionários públicos e agentes da sociedade civil, como líderes comunitários, representantes de sindicatos rurais e lideranças indígenas;
– Apoio ao desenvolvimento verde e à formulação de políticas de REDD+ nos níveis estadual e municipal;
– Criação de incentivos econômicos para as comunidades que participam dos programas de REDD+;
– .Difusão das melhores práticas agrícolas em terras privadas.
Algumas dessas atividades já estão sendo demonstradas em iniciativas piloto de escala municipal, em São Félix do Xingu (PA), Cotriguaçu (MT) e Altamira (PA). Os projetos devem servir não só para estimular o desenvolvimento sustentável nesses locais, mas para criar modelos que possam ser replicados em diversos pontos da Amazônia.
Além da TNC, integram o consórcio o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), o Instituto Centro de Vida (ICV), o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e o Instituto Socioambiental (ISA) e o Environmental Defense Fund (EDF).
Como funciona o REDD+
A destruição de florestas tropicais responde por cerca de 15% de todas as emissões globais de gases de efeito estufa. Isso ocorre porque as árvores funcionam como “armazéns” de carbono, e sua derrubada ou queima liberam uma quantidade significativa de gases na atmosfera, aumentando a retenção de calor e acelerando as mudanças climáticas.
Com o REDD+, países em desenvolvimento, como o Brasil, poderão implementar ações que contribuam para a diminuição de suas taxas de desmatamento, ao receber pagamentos de programas internacionais ou de países desenvolvidos que buscam compensar suas emissões. Assim, os programas de REDD+ poderão gerar recursos que ajudem a conservar as florestas e a criar oportunidades econômicas para as populações locais.
O consórcio liderado pela TNC é uma das iniciativas que demonstram como um programa de REDD+ pode funcionar na prática. É com medidas como essa que o Brasil tem consolidado um papel de liderança global neste setor. (www.tnc.org.br)
Perfil
A TNC é uma organização não governamental que desenvolve projetos de conservação em mais de 35 países. Atuando no Brasil desde 1988, a organização tem a missão de proteger plantas, animais e ecossistemas naturais, protegendo os recursos necessários para sua sobrevivência. A TNC promove iniciativas nos principais biomas brasileiros – Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Pantanal –, com o objetivo de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social dessas regiões com a conservação dos ecossistemas naturais.
Na Amazônia, a organização vem trabalhando para facilitar e promover a conservação de terras indígenas há mais de dez anos, além de desenvolver ações para a regularização ambiental de municípios estratégicos e para minimizar as causas e efeitos das mudanças climáticas. Atualmente, a organização e seus mais de um milhão de membros ajudam a proteger 130 milhões de hectares em todo o mundo.
Fonte: Fator Brasil