Foto em destaque: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
O pesquisador do Imazon, Paulo Barreto, participou nesta quarta-feira, 19, da audiência pública Riscos e Oportunidades Financeiros da Política Ambiental – Sucessos e Insucessos. A audiência foi realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília. Participaram ainda a especialista em políticas públicas de mudança do clima, Natalie Unterstell, e o Diretor na Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Jorge Hargrave. O objetivo da audiência era debater a relação do desmatamento com os investimentos que o Brasil recebe.
O pesquisador lembra que, no ano passado, como aumento do desmatamento em 30%, empresas que compravam couro do Brasil anunciaram que não iam mais comprar, por associarem o País ao desmatamento. “Há uma espécie de pressuposto de que meio ambiente impede desenvolvimento. mas o que a gente tá notando, gradativamente, é que os investimentos dependem da conservação ambiental”, pontua.
Entre 2004 e 2012, o desmatamento reduziu 83% a partir de “políticas muito bem feitas”, de acordo com o pesquisador. Paulo Barreto acrescenta ainda que “desde 2012, houve desmonte dessa política e em muitos casos houve anistia de criminosos que promoveram o desmatamento”. Para reverter esse quadro, o pesquisador do Imazon defende a rejeição da MP 910/19, que trata da regularização fundiária e que poderia gerar uma perda orçamentária de R$ 88 bilhões aos cofres públicos.
Paulo Barreto afirma que é necessário que “o poder público estimule a conservação ambiental para manter investimentos e atrair mercados que se transformem em oportunidades de emprego”. Para Paulo Barreto, além dos prejuízos trazidos para economia do país, o desmatamento provoca redução na quantidade de chuvas, o que interfere diretamente na produção agropecuária brasileira.
Como alternativa para o problema do desmatamento, o pesquisador indica o crescimento do dos títulos verdes. Além disso, Paulo Barreto aponta que a vinculação do crédito rural, subsídio para o setor agrícola, também é um caminho para melhoria do problema ambiental. “Está em discussão que esse subsídio seja vinculado ao desempenho ambiental, por exemplo, exigindo o cumprimento do código florestal, que é uma regra que já existe. Então, esse é um trabalho que está em andamento e pode ser reforçado pelo Congresso”, mostra.
O pesquisador conclui, então, que os investimentos vão demandar cada vez mais que exista conservação. “A capacidade da gente produzir e de ter retorno dos investimentos vai depender dos ecossistemas estarem funcionando bem. Do contrário, os investimentos vão ficar com risco de não ter retorno muito maior”, finaliza.