As atuais situações sobre o uso da terra, cobertura vegetal, desmatamento, agropecuária e mineração na Amazônia foram relatadas no estudo “Fatos da Amazônia 2021“, publicado em março deste ano com coautoria do Imazon. Entre os dados de destaque, a pesquisa mostra uma relação entre a redução do desmatamento e o aumento do PIB per capita.
Conforme a publicação, o desmatamento, às vezes, é “justificado” como sendo “um mal necessário à produção agropecuária e ao desenvolvimento econômico”. Porém, o estudo mostrou que, desde 2010, houve uma inversão nas curvas de PIB e desmatamento. Ou seja: quando o desmatamento diminuiu, o PIB real per capita cresceu, como mostra a tabela abaixo.
Imagens e mapa: Publicação “Fatos da Amazônia 2021”, do projeto Amazônia 2030
Outra contribuição importante do estudo é mostrar a divisão da Amazônia Legal com base no desmatamento total, o que é útil para analisar as fronteiras que mais sofrem pressão. Em 2019, conforme a pesquisa, havia 229 municípios pertencentes à fronteira desmatada, 68 sob pressão e 118 na fronteira florestal, como indica o mapa abaixo.
Em relação aos dados agropecuários, chamam a atenção os aumentos da área cultivada e do rebanho bovino, que cresceram 165% e 89% de 2000 a 2019, respectivamente. Conforme o estudo, a área plantada ou destinada à colheita na Amazônia Legal aumentou de 84,9 mil km2 no ano 2000 para 224,7 mil km2 em 2019, sendo o Mato Grosso o estado com a maior área agrícola: 166,4 mil km2.
Já o rebanho bovino passou de 47,2 milhões de cabeças de gado em 2000 para 89,2 milhões de cabeças de gado em 2019, sendo Mato Grosso o estado com maior número de animais: 32 milhões.
A pesquisa também afirma que, entre 1985 e 2019, a área para abertura de minas para atividade mineral na Amazônia Legal aumentou 86%, passando de 119,5 km² para 222,3 km². “Em geral, o Pará é o principal estado com maior abertura do solo para tal atividade e maior produção de minérios da Amazônia Legal”, informa o estudo, como mostra o mapa abaixo.
A publicação também aborda a questão da extração de madeira, que “não pode ser confundida com corte raso (desmatamento)”. De acordo com o estudo, quando feitos de forma predatória, o corte e o arraste de árvores na floresta podem causar danos severos, diferentemente de quando realizados sob manejo florestal, o que limita os impactos.
“O Imazon desenvolveu o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex) capaz de detectar a exploração de madeira seja manejada ou predatória. Esse sistema tem monitorado a extração de madeira nos estados de Mato Grosso e Pará desde 2007”, afirma a pesquisa.
Entre 2017 e 2018, segundo o estudo, esse monitoramento detectou 14,9 mil km² de área total de exploração de madeira não autorizada no Pará e no Mato Grosso, o que equivale a quase 10 vezes o tamanho do município de São Paulo.
Amazônia 2030
De autoria de Beto Veríssimo, pesquisador associado do Imazon, Daniel Santos, consultor do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, e Rodney Salomão, consultor, o estudo faz parte do projeto Amazônia 2030, que também conta com a participação da Climate Policy Initiative (CPI) e do Departamento de Economia da PUC-Rio.
A partir da iniciativa, pesquisadores irão desenvolver um plano de ações para a Amazônia brasileira, com objetivo de aumentar o desenvolvimento econômico e humano na região e atingir o uso sustentável dos recursos naturais em 2030.
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