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Brasil pode inverter curva do desmatamento e expandir florestas até 2035, diz estudo
06/11/25Levantamento aponta conjunto de iniciativas públicas e privadas capazes de conter o desmatamento e de criar mecanismos para remunerar a conservação, a restauração e o plantio industrial
O Brasil pode reverter a tendência histórica de desmatamento e alcançar um aumento líquido da cobertura florestal até 2035, que passaria de 517 milhões para 525 milhões de hectares em dez anos. O ganho de 8 milhões de hectares, equivalente à área de duas Suíças, teria impacto direto na ampliação dos estoques de carbono em ecossistemas florestais, o que reforça o protagonismo do país no equilíbrio climático global. De acordo com o levantamento, é possível restaurar e ampliar as áreas de florestas nativas e plantadas sem competição com terras destinadas à produção de alimentos, inclusive com possibilidade de expansão da produção agropecuária, a partir de um conjunto de iniciativas públicas e privadas que já estão em curso. As conclusões integram o estudo “O Protagonismo das Florestas Brasileiras na Agenda Climática Global”, realizado por uma coalizão de instituições formada por Instituto Arapyaú, Instituto Itaúsa, Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, Imazon, Amazônia 2030, CEBDS e Uma Concertação para a Amazônia. A publicação será apresentada oficialmente durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém, mas o sumário executivo com os principais dados foi entregue, na semana passada, ao presidente da cúpula, André Corrêa do Lago, e à diretora executiva, Ana Toni - que tem provocado organizações da sociedade civil e do setor privado a contribuir para um mutirão pela implementação da agenda climática. O levantamento considera como ponto de partida a premissa de que as florestas estão entre as soluções climáticas mais escaláveis e eficientes no enfrentamento da crise climática, uma vez que absorvem um terço das emissões anuais de carbono da atividade humana. O Brasil tem papel decisivo nesse contexto por concentrar aproximadamente 40% da área de florestas tropicais do mundo, segundo o Pnuma, e por abrigar o maior potencial de restauração florestal do planeta. “Sem as florestas tropicais, as metas do Acordo de Paris não podem ser atingidas, especialmente o limite de 1,5ºC de aquecimento até 2030”, diz Beto Veríssimo, cofundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e enviado climático para florestas da COP30. “Existem duas maneiras de capturar carbono. Uma é com tecnologia caríssima e inviável e a outra é com o que temos há meio bilhão de anos: o processo de fotossíntese.” No caso das florestas tropicais, os benefícios não são apenas climáticos, mas também ecológicos e sociais. Esses ecossistemas abrigam mais de metade de todas as espécies terrestres conhecidas, concentrando a maior biodiversidade do planeta. Além disso, são fonte de subsistência material e imaterial para povos indígenas e comunidades tradicionais, e concentram bioativos com potencial de gerar novas economias. A publicação apresenta dois cenários para o futuro das florestas brasileiras. No cenário base, o país manteria os níveis atuais de desmatamento, o que representaria uma perda de 1% do estoque de carbono das formações florestais até 2035. Já o cenário potencial, mais otimista e considerado tecnicamente viável, leva em conta o atingimento das metas de desmatamento zero previstas na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do Brasil, que estabelece o compromisso voluntário do país em reduzir suas emissões de gases de efeito estufa para combater a mudança climática. Combinado ao crescimento das atividades de restauração e silvicultura, esse segundo cenário permitiria um aumento de 1% no estoque de carbono, algo inédito na história recente. “Os resultados do estudo reforçam a relevância do Brasil como uma potência florestal e climática, com papel estratégico para o planeta à medida em que contribui para mitigar as mudanças do clima, frear a perda de biodiversidade e garantir os serviços ecossistêmicos que sustentam a vida na Terra, no Brasil e a própria economia global”, diz Roberto Waack, presidente do Conselho do Instituto Arapyaú. Nos dois cenários previstos no estudo, o ganho de cobertura florestal no país se dará com o avanço da restauração e da silvicultura. No cenário base, o crescimento dessas atividades seria suficiente para praticamente manter o estoque atual de carbono nas florestas brasileiras. No cenário potencial, a expansão dessas frentes compensaria as perdas por desmatamento e permitiria a regeneração líquida de florestas, especialmente nos biomas Amazônia e Mata Atlântica. A projeção, no cenário mais otimista, é de que as áreas de restauro passariam de 600 mil hectares, em 2025, para 15 milhões de hectares, em 2035, considerando as áreas de plantio e as que já estão sendo conservadas. Na silvicultura, nesse mesmo período, a expansão seria de 17 milhões para 29 milhões de hectares. Só o plantio, passaria de 10 milhões para 16 milhões de hectares, principalmente em áreas degradadas, substituindo pastos de baixa produtividade por árvores.Clique aqui para ler a publicação
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