Amorim, Larissa; Santos, Bianca; Ferreira, Raissa; Brandão, Ives; Dias, Manoela; Ribeiro, Júlia & Souza Jr., Carlos. 2022. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Julho a Setembro de 2022 (p. 2). Belém: Imazon.

Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).

Usamos as seguintes definições:

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicarva zona de vizinhança de uma AP na qual avocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.

O Imazon apresentará a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados. Essa publicação apresenta os dados de Ameaça e Pressão referentes ao período de julho a setembro de 2022.

RESULTADO

O SAD de julho a setembro de 2022 detectou um total de 4.280 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:

— Das 3.969 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 2.395 (60%) indicam Ameaça e 1.574 (40%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de julho a setembro de 2022 é 25% menor em comparação com julho a setembro de 2021. Isso ocorre porque além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 13% quando comparada com o período anterior.

— As APs mais Ameaçadas foram a Resex Chico Mendes (AC) e a Parna Mapinguari (AM/RO). Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar no ranking de APs Ameaçadas do período anterior. Sete das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).

— A Resex Chico Mendes (AC) e a APA Triunfo do Xingu (PA) foram as APs mais Pressionadas. Estas também ocuparam o terceiro e o primeiro lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior. Nove das dez APs mais Pressionadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 2).

— As Terras Indígenas TI Trincheira/Bacajá (PA) e TI Parakanã (PA) foram as mais Ameaçadas no período. Ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar, respectivamente, no ranking de Terras Indígenas ameaçadas no período anterior. A TI Apyterewa (PA) e TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) lideram o ranking das mais Pressionadas. Sete das dez Terras Indígenas mais pressionadas estão no estado do Pará.

— As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Resex Chico Mendes (AC) e a Parna Mapinguari (AM/RO). Em relação a Pressão, a Resex Chico Mendes (AC) e a APA do Tapajós (PA) lideram o ranking. Cinco das dez Unidades de Conservação Federais mais Pressionadas estão localizadas no estado do Acre.

— As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a APA do Lago de Tucuruí (PA) e FES do Antimary (AC). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA do Lago de Tucuruí (PA) são as líderes do ranking, ambas ocuparam o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação estaduais pressionadas no período anterior. Cinco das dez unidades de conservação estaduais mais ameaçadas estão localizadas no estado do Acre.

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