Amorim, Larissa, Ribeiro, Júlia., Santos, Bianca, Ferreira, Raissa & Souza Jr., Carlos. 2022. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Abril a Junho de 2022 (p. 2). Belém: Imazon.
Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).
Usamos as seguintes definições:
AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicarva zona de vizinhança de uma AP na qual avocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.
PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.
RESULTADO
O SAD de abril a junho de 2022 detectou um total de 4.102 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:
— Das 2.293 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 1.523 (66%) indicam Ameaça e 770 (34%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de abril a junho de 2022 é 20% menor em comparação com abril a junho de 2021. Isso ocorre porque apesar da área desmatada ser maior no período atual, o número de alertas é menor quando comparada com o período anterior.
— As APs mais Ameaçadas foram a Parna Mapinguari (AM/RO) e a Resex Chico Mendes (AC), ambas ocuparam o primeiro e o segundo lugar no ranking de APs ameaçadas do período anterior. Oito das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
— A APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA do Tapajós (PA) foram as APs mais Pressionadas. Estas também ocuparam o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior (Gráfico 2).
— As Terras Indígenas TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO) e TI Trincheira/Bacajá (PA) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Apyterewa (PA) e TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) lideram o ranking das mais Pressionadas. Cinco das dez Terras Indígenas mais pressionadas estão no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Parna Mapinguari (AM/RO) e Resex Chico Mendes (AC). Em relação a Pressão, a APA do Tapajós (PA) e a Resex Chico Mendes (AC) lideram o ranking. Sete das dez Unidades de Conservação Federais mais ameaçadas estão no Amazonas e cinco das dez mais pressionadas estão localizadas no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a PES Serra dos Reis (RO) e Resex Guariba-Roosevelt (MT). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a Resex Jaci Paraná (RO) são as líderes do ranking, ambas ocuparam o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação estaduais pressionadas no período anterior.
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