Fonseca, A., Ribeiro, J., Alves, A., Santos, B., Amorim, L., Ferreira, R., Andrade, S. & Souza Jr., C. 2021. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Agosto a Outubro 2021. (p. 2). Belém: Imazon.
O Imazon apresentará a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados. Essa publicação apresenta os dados de Ameaça e Pressão referentes ao período de agosto a outubro de 2021:
Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).
Usamos as seguintes definições:
AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.
PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.
RESULTADO
O SAD de agosto a outubro de 2021 detectou um total de 3.633 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:
— Das 4.528 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 2.625 (58%) indicam Ameaça e 1903 (42%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de agosto a outubro de 2021 é 23% menor em comparação com agosto a outubro de 2020. Isso ocorre porque apesar da área desmatada ser maior no período atual, o número de alertas é menor quando comparado com o período anterior.
— As APs mais Ameaçadas foram a Resex Chico Mendes (AC) e a Parna Mapinguari (AM/RO). Todas as dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
— A APA do Tapajós (PA) e a Resex Chico Mendes (AC) foram as APs mais Pressionadas. Ambas ocuparam o primeiro e terceiro lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior (Gráfico 2).
— As Terras Indígenas TI Trincheira/Bacajá (PA) e TI Parakanã (PA) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Apyterewa (PA) e a TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) lideram o ranking das mais Pressionadas. Sete das dez Terras Indígenas mais pressionadas estão no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Resex Chico Mendes (AC) e Parna Mapinguari (AM/RO). Em relação a Pressão, a APA do Tapajós (PA) e Resex Chico Mendes (AC) lideram o ranking. Metade das dez Unidades de Conservação Federais mais pressionadas estão localizadas no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a FES do Amapá (AP) e APA do Lago Tucuruí (PA). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA Arquipélago do Marajó (PA) são as líderes do ranking.
A análise de Ameaça e Pressão por categorias de APs é apresentada no Anexo 1.