Brandão Jr., A., Souza Jr., C., Ribeiro, J., & Sales, M. (2007). Desmatamento e estradas não-oficiais da Amazônia. Anais do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (pp. 2357-2364). Florianópolis: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.
Introdução
Estradas são os principais vetores de ocupação da Amazônia. Dois tipos de estradas predominam na região: estradas oficiais e não-oficiais. As primeiras conectam a região Norte ao resto do Brasil e foram construídas principalmente pelo governo federal na década de 70. As estradas não-oficiais, possuem abrangência local e não aparecem nos mapas oficiais do Departamento Nacional de Infra-estrutura e Transporte (DNIT) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em geral essas estradas foram construídas pela iniciativa privada, sem incentivos governamentais, para facilitar a exploração e o acesso aos recursos naturais e terras da Amazônia (Brandao Jr. e Souza Jr., 2006). É possível mapear e monitorar as estradas não-oficiais com imagens do satélite Landsat (Brandão Jr e Souza Jr., 2006). Estradas não-oficiais foram mapeadas na região do CentroOeste do Estado do Pará, e ao longo das rodovias BR-230 e BR-163. Como resultado, foi mapeado um total de 20.769 km de estradas não-oficias que avançaram a taxa média de 1.890 km por ano entre 1990 e 2001, principalmente, fora de Áreas Protegidas. As informações geradas no mapeamento das estradas não-oficiais são úteis para avaliar a pressão antrópica na Amazônia, identificar áreas prioritárias para fiscalização e ordenamento fundiário (Souza Jr. et al., 2004), bem como, para modelagens de alcance econômico de atividades produtivas e de risco de desmatamento. As estradas representam um grande dilema: ajudam a reduzir o isolamento dos habitantes das áreas rurais e a melhorar sua qualidade de vida, mas geram impactos ambientais (Perz et al., 2005). Diversos estudos apontam para uma forte relação entre as estradas oficiais com o desmatamento da Amazônia (Chomitz e Thomas, 2001; Nepstad et al., 2001; Soares-filho et al. 2004; Ferreira et al. 2005). Contudo, ainda é pouco conhecido o impacto das estradas nãooficiais no desmatamento. Neste estudo, avaliamos a relação do desmatamento com as estradas oficiais e não-oficiais. Pretendemos responder duas perguntas: i) como o desmatamento varia em função da distância às estradas oficiais e não-oficiais? E, ii) qual importância deste tipo de informação na modelagem de risco de desmatamento?