Título | O empobrecimento oculto da floresta Amazônica |
Autores | Daniel Nepstad
Adalberto Veríssimo Paulo Moutinho Carlos Nobre |
Ano de publicação | 2000 |
Acesso em | https://cienciahoje.org.br/edicao/157/ |
NEPSTAD, Daniel et al. O empobrecimento oculto da floresta amazônica. Ciência Hoje, [S. l.], v. 65, p. [70-73], [2000].
Introdução
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisa todos os anos mais de 200 imagens dos satélites Landsat para medir a área desmatada na Amazônia brasileira. Esse trabalho revela a dimensão das derrubadas (o corte raso da floresta), mas não conta toda a história. Grandes áreas de floresta são anualmente exploradas para a retirada seletiva de madeira ou são atingidas pelo fogo. O empobrecimento da floresta decorrente desses processos é, no entanto, mais difícil de ser detectado nas imagens de satélite. As atividades humanas na floresta amazônica têm diferentes impactos ecológicos. Fazendeiros e agricultores derrubam e queimam a floresta para implantar pastagens e culturas agrícolas. Os madeireiros, para cada árvore que retiram, danificam várias outras, reduzindo o número de espécies vegetais e animais. Outros coletam vários produtos ‘não-madeireiros’, como látex, frutos e animais. Dos três níveis de uso, o primeiro tem grande impacto ecológico, pois a floresta é substituída por outros tipos de vegetação, resultando em mudanças drásticas na hidrologia, no conteúdo de carbono e na diversidade biológica. Isso faz do desmatamento o principal parâmetro a ser usado para medir os impactos humanos sobre a Amazônia. Mas parte dessa preferência deve-se à facilidade de identificar as áreas desmatadas. Uma área de floresta convertida em campo agrícola é detectada de imediato, visualmente, nas imagens dos satélites Landsat. Isso permite elaborar, de modo rápido e a baixo custo, mapas de desmatamento em grandes regiões.