RIBEIRO, Armando; FEIO, Daisy; e COSTA, Fernanda. Relatório de Atividades do Imazon – 2022. Belém: Imazon, 2023.
A Amazônia Legal sofreu em 2022 o seu quinto recorde anual consecutivo na derrubada da floresta, o que causou graves danos sociais, econômicos e ambientais na região. Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, de janeiro a dezembro foram
devastados 10.573 km², o equivalente a 3 mil campos de futebol por dia de floresta. Essa foi a maior destruição em 15 anos, desde que o instituto implantou seu monitoramento por imagens de satélite, em 2008.
Nesse contexto alarmante, a produção científica e os projetos de campo do Imazon foram mais acessados pela população, com aumento de 17% nas visualizações dos conteúdos no site da instituição, chegando a quase 700 mil. Na imprensa, os dados produzidos pelas equipes
de pesquisa foram usados em mais de 4 mil reportagens nacionais e internacionais, de mais de 80 países.
Produção científica que também contribuiu com a Rede MapBiomas, integrada pelo Imazon desde a sua criação, vencedora do Prêmio Skoll 2022 de Inovação Social. Atualmente, o instituto contribui com a rede sendo responsável por duas coordenações técnicas diferentes: a que produz os dados de uso e cobertura do solo no bioma Amazônia e a que elabora as informações sobre a superfície de água de todo o país. Essa última inclusive possui uma plataforma própria, chamada de MapBiomas Água. Em 2010, o próprio Imazon já havia vencido esse mesmo prêmio.
Também em 2022, o instituto mapeou todas as estradas da Amazônia com auxílio de inteligência artificial, trabalho inédito que foi publicado em um artigo científico na revista internacional Remote Sens, uma das mais importantes do mundo na área de sensoriamento remoto. Essa pesquisa mostrou que as estradas já cortavam ou estavam a menos de 10 km de 41% da área florestal amazônica no Brasil. Estudo que tem grande potencial para auxiliar nas políticas públicas de combate ao desmatamento, já que 95% de toda a derrubada da floresta ocorre a até 5,5 km de uma estrada e 85% dos incêndios a até 5 km.
Além disso, o Imazon também lançou em 2022 o Radar Verde, um indicador de transparência da cadeia da carne na Amazônia. A ferramenta
busca mostrar aos consumidores o que os frigoríficos e os supermercados estão realmente fazendo para impedir a entrada de produtos ilegais. Iniciativa que também pode ajudar no combate à derrubada da floresta, já que mais de 80% das áreas devastadas viraram pasto.
Já na área de Direito, o Imazon publicou uma pesquisa inédita sobre a punição judicial a desmatadores ilegais da região, que analisou os primeiros resultados do Programa Amazônia Protege, do Ministério Público Federal (MPF). Esse trabalho mostrou que foram criadas jurisprudências para aceitação de imagens de satélite como provas, não necessitando mais de vistorias de campo. Inovação jurídica que pode agilizar a responsabilização dos criminosos ambientais e a reparação das áreas derrubadas.
E falando em recuperação de florestas desmatadas, outro estudo inédito do Imazon mostrou que pelo menos 5,2 milhões de hectares com vegetação secundária a partir de seis anos na Amazônia Legal estavam em áreas de baixa aptidão agrícola. Isso significa que elas não competem com o plantio de grãos e são prioritárias para ações de Regeneração Natural Assistida (RNA), podendo ajudar o país a cumprir com as metas de restauração florestal assumidas internacionalmente. Esse e outros cinco estudos foram produzidos por pesquisadores do Imazon apenas dentro do projeto Amazônia 2030, que tem o objetivo de criar um plano de desenvolvimento para a região atingir o uso sustentável dos recursos naturais até o final desta década. No total, em 2022, produzimos 37 artigos científicos, livros, relatórios, notas técnicas e manuais.
Por fim, no final do ano, o instituto também apoiou a expedição que localizou presencialmente a maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo. Trata-se de um angelim-vermelho de 88,5 metros de altura, o que equivale a mais de duas vezes o tamanho do Cristo Redentor. E para conservar o local onde ela se encontra, a Floresta Estadual (Flota) do Paru, que de outubro a novembro esteve entre as cinco unidades de conservação mais desmatadas da Amazônia, o Imazon também lançou a campanha Proteja as Árvores Gigantes. Antes da ação, era possível encontrar mais de 500 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) inscritos irregularmente no território, que foram posteriormente cancelados.
Esses são apenas alguns destaques da atuação do Imazon durante 2022, sempre com foco em cumprir a missão do instituto: “Promover a conservação e o desenvolvimento sustentável na Amazônia”! Por isso, convidamos você para conhecer um pouco mais do nosso trabalho nas páginas a seguir e se engajar conosco na defesa da região e dos amazônidas. Desejamos uma boa leitura!
Ritaumaria Pereira
Diretora executiva
Verônica Oki
Diretora administrativa