Holmes, T., Blate, G., Zweede, J., Pereira, R., Barreto, P., & Boltz, F. (2002). Custos e benefícios financeiros da exploração florestal de impacto reduzido em comparação à exploração florestal convencional na Amazônia Oriental (2a Edição., p. 66). Belém: Fundação Floresta Tropical.
Resumo
Neste estudo são comparados os custoAs gravuras reproduzidas na capa foram feitas a partir de fotos aéreas no projeto “Modelo base de demonstração de manejo de exploração de impacto reduzido” que a Fundação Floresta Tropical – FFT desenvolve na Fazenda Cauaxi, pertencente ao Grupo CIKEL, localizada em Ulianópolis-PA. A primeira gravura é do Talhão III, onde foi realizado o manejo florestal com exploração de impacto reduzido. A segunda é do Talhão I, onde foi realizada a exploração convencional.s e benefícios do sistema de Exploração Florestal de Impacto Reduzido – EIR com os de um sistema de Exploração Florestal Convencional – EC na Amazônia Oriental. O estudo enfoca aspecto técnicos, financeiros e operacionais dos sistemas de EC versus EIR. Embora questões biológicas ou ecológicas não sejam abordadas diretamente, realizaram-se medições de duas variáveis que afetam a produtividade futura: os danos às árvores do povoamento residual e a proporção de solo florestal afetada pela exploração. Utilizou-se uma metodologia de engenharia econômica para estimar os parâmetros de produtividade e custos para operações de exploração de impactos reduzido e convencional, usando dados coletados em talhõesmodelo estabelecidos pela Fundação Floresta Tropical, na Fazenda Cauaxi, em Paragominas, PA e de outras fontes comparáveis de dados. O volume de madeira desperdiçado em operações de exploração convencional e de impacto reduzido foi obtido através de um censo realizado nos talhões explorados na Fazenda Cauaxi. O valor da madeira desperdiçada foi calculado considerando os custos de derruba, traçamento, arraste, abertura de pátios e os custos da madeira em pé. Os custos do planejamento da exploração foram computados para representar os custos de oportunidade do capital. Os custos de treinamento em exploração de impacto reduzido também foram considerados. A receita foi calculada usando-se preços médios das espécies exploradas.
A renda líquida de uma exploração de impacto reduzido típica foi 19% maior do que a renda líquida de uma exploração convencional. As principais vantagens da EIR foram: maior produtividade do arraste e, conseqüentemente, maior redução dos custos; e redução no desperdício da madeira. Estes benefícios foram mais do que suficientes para compensar o custo mais elevado do planejamento da EIR. Os custos de planejamento foram o dobro dos custos iniciais da exploração convencional. A produtividade do arraste e das operações no pátio aumentou consideravelmente na EIR, reduzindo 39% os custos em relação à exploração convencional. O melhor aproveitamento da madeira nos talhões de EIR reduziu os custos variáveis médios que, somados à redução de desperdícios de madeiras em 78%, permitiu uma redução de custos da madeira em pé em 16%. Finalmente, o custo total médio de um sistema típico de EIR foi 12% menor que o custo total médio de um sistema típico de EC. A proporção de terreno afetado por árvore derrubada, por causa da ação de máquinas pesadas na área EIR foi 37% menor que na área EC. Na área EIR, menos de 10% das trilhas de arraste causaram a exposição de solos férteis, enquanto que 100% das trilhas das áreas de manejo convencional foram afetadas. Estes resultados indicam que a regeneração será mais difícil na área de exploração convencional. Além disso, os danos fatais às árvores comercialmente valiosas remanescentes foi de 50% menor no sistema de EIR. Isto indica que benefícios econômicos e ecológicos futuros provenientes destas florestas remanescentes serão maiores onde as técnicas de exploração florestal de impacto reduzido foram utilizadas. A adoção dos métodos de EIR pode ser dificultada por uma série de fatores, tais como: a percepção errônea de que os sistemas de exploração de impacto reduzido são mais caros do que os sistemas convencionais; falha, na exploração convencional, ao identificar os custos diretos com os direitos de exploração e com os desperdícios de madeira; falta de recursos humanos treinados para a sua implementação; as taxas de retorno dos sistemas de exploração convencional são muito altas, o que não incentiva a mudança de comportamento; e o valor da madeira remanescente é subestimado pelo mercado, e as leis ambientais não são totalmente cumpridas.