Acumulado em 10 meses chegou a 9.742 km², pior índice dos últimos 10 anos

Imagem aerea feita em setembro de 2021 mostra desmatamento em Labrea no Amazonas Victor Moriyama Amazonia em Chamas Divulgacao Greenpace - Desmatamento na Amazônia cresce 33% de janeiro a outubro em relação ao ano passado
Imagem aérea feita em setembro de 2021 mostra desmatamento em Labrea no Amazonas – Victor Moriyama/Amazônia em Chama/Divulgação Greenpace

 

A Amazônia perdeu 803 km² de floresta apenas em outubro, uma área quase quatro vezes maior do que Recife. Com isso, o desmatamento acumulado de janeiro a outubro chegou a 9.742 km², o pior índice em 10 anos. Apenas em comparação com o mesmo período do ano passado, quando a devastação já havia batido a maior marca desde 2012, o desmatamento acumulado neste ano cresceu 33%.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a floresta por meio de imagens de satélites.

“Considerando que o Brasil reafirmou seu compromisso com o desmatamento zero na COP26 [a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, realizada nas últimas semanas em Glasgow, na Escócia], a área desmatada em outubro é preocupante, porque mostra que seguimos com patamares elevadíssimos de perda de floresta, que reportamos mês a mês. Estamos em um cenário ainda muito distante de atingir as metas que foram firmadas”, alerta Antônio Fonseca, pesquisador do Imazon.

Na comparação do desmatamento detectado nos meses de outubro dos últimos 10 anos, a área destruída em 2021 foi a segunda pior, ficando atrás apenas da registrada em 2020. Em outubro do ano passado, foram devastados 890 km² de floresta, 10% a mais do que o registrado no mesmo período deste ano. Para mudar esse cenário de recordes negativos de desmatamento, conforme Fonseca, é preciso adotar medidas que reduzam a impunidade no campo.

“Enquanto houver invasões de florestas públicas por grileiros, com objetivo de obter a posse legalizada dessas áreas, o desmatamento, infelizmente, tende a continuar nesses patamares”, afirma o pesquisador.

Segundo ele, é preciso que essas florestas que ainda não têm um uso definido sejam convertidas para áreas protegidas, como terras indígenas, territórios quilombolas e unidades de conservação. Além disso, é necessário que sejam intensificadas as fiscalizações, principalmente nas áreas críticas.

Pará apresenta nova geografia do desmatamento

No topo do ranking dos estados que mais desmataram na Amazônia há seis meses consecutivos, o Pará foi responsável por 56% da destruição na região em outubro. A área devastada no estado foi de 450 km², quase metade do território de Belém. Além disso, sete dos 10 municípios que mais destruíram a floresta ficam em solo paraense. E, entre esses municípios, três estão concentrados ao longo da Rodovia Transamazônica, o que mostra uma nova localização do desmatamento no estado.

“Não é uma região que vinha sendo reportada nos últimos meses como uma área crítica. Geralmente, no Pará, o desmatamento vinha ocorrendo na divisa com o Mato Grosso, em municípios como São Félix do Xingu e Novo Progresso”, explica Fonseca.

 

Destruição da floresta cresceu 39% no Amazonas

No Amazonas, segundo estado que mais desmatou a Amazônia em outubro, a área destruída cresceu 39% em relação ao mesmo mês de 2020, passando de 76 km² para 106 km². O estado já vinha chamando a atenção pelo crescente desmatamento pelo menos desde abril, quando liderou o ranking dos que mais devastam a floresta. Em outubro, assim como em meses anteriores, municípios do Sul do estado como Lábrea e Apuí apareceram no ranking dos que mais desmataram na Amazônia.

“O dado de outubro contribui para consolidar essa região como uma nova fronteira do desmatamento. Precisamos de ações efetivas e rápidas para que essa destruição não siga expandindo, principalmente sobre áreas protegidas”, completa o pesquisador.

Monitoramento da Amazônia – O Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido pelo Imazon, é uma ferramenta que utiliza imagens de satélites (incluindo radar) para monitorar a floresta. Além do SAD, existem outras plataformas que vigiam a Amazônia: Deter, do Inpe, e o GLAD, da Universidade de Maryland. Todas são importantes para a proteção ambiental, pois garantem a vigilância da floresta e a emissão de alertas dos locais onde há registro de desmatamento. Os dados fornecidos ajudam os órgãos de controle a planejarem operações de fiscalização e identificarem desmatadores ilegais.

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