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Desmatamento na Amazônia triplica em março e faz trimestre fechar como o 2º pior desde 2008
20/04/23Derrubada da floresta nos três primeiros meses deste ano equivale a quase mil campos de futebol por dia e só não foi pior do que em 2021
“Os governos federal e dos estados precisam agir em conjunto para evitar que a devastação siga avançando, principalmente em áreas protegidas e florestas públicas não destinadas. Há casos graves como o da unidade de conservação APA Triunfo do Xingu, no Pará, que perdeu uma área de floresta equivalente a 500 campos de futebol apenas em março. Será preciso também não deixar impune os casos de desmatamentos ilegais e apropriação de terras públicas”, alerta o pesquisador Carlos Souza Jr., do Imazon.
Apenas em março deste ano, o Imazon detectou 344 km² de desmatamento na Amazônia, um aumento de 180% em relação à março de 2022, quando foram derrubados 123 km². Foi o segundo pior março desde o início do monitoramento, em 2008.
Derrubada cresceu 9 vezes no Amazonas
O campeão no aumento do desmatamento foi o Amazonas. No estado, a devastação passou de 12 km² em março de 2022 para 104 km² em março de 2023, uma alta de 767%. Ou seja: quase nove vezes mais. Com isso, o estado também assumiu a liderança como o que mais desmatou na Amazônia no mês, concentrando 30% de toda a devastação na região. Em território amazonense, a situação mais crítica tem sido no sul, em municípios próximos à divisa com o Acre e com Rondônia, na região chamada de Amacro. Em março, porém, a região próxima às divisas com o Pará e o Mato Grosso também foi muito afetada pelo avanço do desmatamento. O Amazonas também teve o município que mais derrubou a Amazônia em março: Apuí, com 49 km². As outras duas cidades do estado que ficaram entre as 10 que mais desmataram foram Novo Aripuanã (14 km²) e Lábrea (11 km²). Ou seja: somados, esses três municípios tiveram 71% de toda a destruição registrada no estado em março.“Quando analisamos as categorias de territórios onde está ocorrendo o desmatamento na Amazônia, o Amazonas também tem sido destaque negativo em relação aos assentamentos e às terras indígenas. Em março, seis dos 10 assentamentos e quatro das 10 terras indígenas mais desmatados na região ficam no estado”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Pará teve alta de 176% na destruição da floresta
O segundo estado que mais destruiu a Amazônia foi o Pará, que concentrou 27% de toda a derrubada na região. No estado, a devastação passou de 33 km² em março de 2022 para 91 km² em março de 2023, um aumento de 176%. Os municípios com a situação mais crítica foram Altamira (31 km²), Moju (10 km²) e Novo Progresso (9 km²), que somaram 55% de toda a devastação ocorrida no Pará. Já entre as áreas protegidas, os destaques negativos foram para a APA Triunfo do Xingu e para a APA do Tapajós (PA), unidades de conservação estaduais que perderam, respectivamente, áreas de floresta equivalentes a 500 e a 300 campos de futebol apenas em março. Elas foram a primeira e a segunda UCs mais destruídas na Amazônia no mês.“Nem os municípios e nem essas unidades de conservação são novidade nos rankings de desmatamento. São territórios que enfrentam pressões históricas em suas florestas, onde é preciso ter atenção especial nas ações de conservação”, lembra Bianca Santos, pesquisadora do Imazon.
Devastação aumenta 51% em Mato Grosso
Depois de liderar por dois meses seguidos como o estado que mais desmatou na Amazônia, Mato Grosso caiu em março para a terceira colocação. Porém, ainda não há motivos para comemorar: a derrubada da floresta cresceu 51% em solo mato-grossense. A devastação passou de 57 km² em março de 2022 para 86 km² em março de 2023, representando 25% de todo o desmatamento na Amazônia. No estado, a devastação vem avançando pela metade norte. Em março, os municípios de Mato Grosso campeões de desmatamento foram União do Sul (9 km²), Feliz Natal (9 km²) e Aripuanã (8 km²). Além disso, o estado teve a terra indígena com a maior área desmatada da Amazônia: a Piripkura. O território perdeu em março uma área de floresta equivalente a 100 campos de futebol.Desmatamento avança 115% em Roraima
O quarto estado que mais desmatou a Amazônia foi Roraima. A derrubada passou de 13 km² em março de 2022 para 28 km² em 2023, uma alta de 115%. O município que mais desmatou no estado foi Caracaraí (8 km²). Além disso, o estado teve quatro das 10 terras indígenas mais desmatadas na Amazônia em março, incluindo a Yanomami (cujo território também fica no Amazonas), que ganhou atenção internacional no início do ano devido à grave crise humanitária. Também sofreram com o avanço do desmatamento as terras indígenas São Marcos, Raposa Serra do Sol e Santa Inês.“A volta do desmatamento na terra indígena Yanomami e o avanço da destruição em outros territórios dos povos originários de Roraima indicam a necessidade de ações permanentes de combate ao desmatamento nas áreas protegidas do estado. Além disso, precisamos acabar com a impunidade aos desmatadores ilegais”, comenta Raíssa Ferreira, pesquisadora do Imazon.
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