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O protagonismo das florestas brasileiras na agenda climática global
05/11/25| Título | O protagonismo das florestas brasileiras na agenda climática global |
| Autores | Instituto Arapyaú Instituto Itaúsa Indústria Brasileira de Árvores Coalizão Clima, Florestas e Agricultura Imazon Amazônia 2030 Cebds Uma concertação pela Amazômia Página 22 |
| Ano de publicação | 2025 |
| Acesso em | Download |
Florestas do Brasil: papel central na agenda climática do mundo
ROBERTO S. WAACK* E BETO VERÍSSIMO**
O Brasil é o país florestal por excelência. Não só detém o maior maciço de florestas nativas tropicais úmidas do planeta, como também outras formações florestais nos biomas Cerrado, Caatinga, Pantanal e até mesmo nos Pampas. São cerca de 500 milhões de hectares de florestas nativas, ou quase 60% do território nacional. Além disso, o Brasil é referência mundial na silvicultura de florestas plantadas, sobretudo com espécies exóticas com elevada produtividade e contribuição para o desenvolvimento social e econômico. E, mais recentemente, tem crescido a participação do setor de restauração florestal, aproveitando a janela de oportunidade do mercado de carbono.
Toda a diversidade de cobertura florestal existente no Brasil define o conceito de contínuo florestal, que inclui as florestas nativas conservadas, as atividades de restauração florestal com espécies nativas e também a atividade da silvicultura de espécies nativas e exóticas, voltadas para diversos fins industriais. A esse contínuo, são agregadas atividades que combinam florestas com produção de alimentos, fibras e energia, em sistemas florestais agroflorestais diversos. Em todas as frentes, o Brasil é o país detentor das mais avançadas tecnologias de conservação, restauração e plantio, posicionando-se entre os mais competitivos do planeta.
As florestas do Brasil ocupam um papel central na agenda climática global. Essas florestas armazenam vastos estoques de carbono, regulam chuvas e ciclos hídricos, e abrigam uma das maiores biodiversidades do planeta. Além disso, as florestas, principalmente a Amazônica, prestam um serviço ambiental fundamental para a economia brasileira por meio da regularização dos regimes de chuva. De fato, a floresta devolve para atmosfera a água que capta da chuva, o que permite que as correntes de vento carreguem umidade para grande parte do Brasil, no fenômeno conhecido como “rios voadores”. Esses rios voadores desempenham uma função essencial ao prover chuvas em grande parte do Brasil, o que permite geração de energia hidrelétrica, produção agrícola, navegação fluvial e abastecimento de água para usos industrial e doméstico.
A conservação das florestas nativas está intrinsecamente relacionada com a presença dos povos originários, que têm sido os guardiões para a sua conservação. Além disso, o Brasil conta com programas de conservação do seu patrimônio florestal (o País detém a maior área absoluta de áreas protegidas do planeta) e tem liderado iniciativas de pagamento por desmatamento evitado, como é o caso do Fundo Amazônia e, mais recentemente, do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O Brasil é também referência nas políticas de combate ao desmatamento, com destaque para o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamentona Amazônia Legal (PPCDAm). O País tem avançado na produção de conhecimento técnico científico em áreas como conservação, manejo, restauração florestal e silvicultura.
Nas terras privadas, o Brasil conta com arcabouço legal para conservação referência no mundo – o Código Florestal –, que busca garantir, em todas as propriedades rurais, áreas de proteção permanente e reservas florestais. Em relação às terras públicas, o País possui um marco legal que assegura a proteção das Terras Indígenas. Além disso, tem um dos maiores conjuntos de Unidades de Conservação do mundo e um marco legal, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), respeitado internacionalmente.
Nos últimos anos, o País tem liderado a atividade de restauração florestal com espécies nativas, com dinamismo único protagonizado pela combinação de atores do mainstream financeiro com operadores altamente profissionalizados. No campo da silvicultura de espécies exóticas, ocupa liderança mundial nas exportações de celulose, com operações e empresas de grande poder tecnológico e econômico. O Brasil exerceu inquestionável capacidade de domesticação de espécies exóticas como eucalipto e pinus e utiliza modelos de produção reconhecidos pelos mais exigentes sistemas de certificação existentes.
Para todos esses modelos florestais, o Brasil lidera globalmente o campo dos sistemas de monitoramento, amplamente disseminados, públicos e transparentes, desenvolvidos a partir de iniciativas da sociedade civil, em boa combinação com mecanismos governamentais.
De maneira geral, nenhum país reúne as condições naturais, geográficas, excelência acadêmica (em ecologia, manejo e silvicultura), tecnológicas, empresariais como o Brasil que, além disso, conta com um arcabouço de políticas públicas institucionalizadas, o que permite ambicionar uma participação ainda maior do setor florestal. O Brasil já detém o maior estoque de carbono florestal do planeta e, poderá aumentar esse estoque se concretizar as metas de drástica redução do desmatamento no território nacional – combinando este esforço com as ações já em curso, de crescimento da atividade de remoção de carbono da atmosfera pelas atividades de restauração florestal com espécies nativas e silvicultura.
Este documento apresenta fatos e dados relacionados aos principais segmentos do setor florestal nacional. Busca demonstrar a efetiva integração e as sinergias entre as diversas formações florestais que compõem o contínuo florestal. Ao mesmo tempo, procura expor os desafios e caminhos para que o País alcance, o mais breve possível, a transição florestal (isto é, reverta a curva de perda de cobertura florestal e passe a ter ganho líquido de florestas), com aumento no estoque de carbono nas florestas. A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) do Brasil é altamente dependente das florestas. O País poderá atingir as metas da NDC com o forte controle do desmatamento, o que permitirá que o carbono florestal excedente possa ser exportado. De fato, o Brasil reúne as maiores vantagens comparativas do mundo para liderar a remoção de carbono da atmosfera por meio da restauração florestal. Esperamos que este documento seja uma contribuição à oportunidade que a COP, realizada no principal país florestal do planeta, oferece para a consolidação de um anseio: de que o capital natural e as soluções baseadas na natureza, representadas pelas florestas, transformem-se em uma classe de ativos de grande atratividade para o mercado financeiro. Ao mesmo tempo, que indique alternativas para que os povos que vivem nas regiões mais florestadas atinjam os melhores índices de desenvolvimento do País, em vez de viver as nefastas consequências ambientais e econômicas derivadas do desmatamento. E que a ambição de ser o país com o maior estoque de carbono florestal do mundo ofereça as melhores oportunidades para a remoção de carbono da atmosfera via crescimento das atividades de restauração florestal e silvicultura. *Roberto S. Waack
Conselhos da MBRF e do Instituto Arapyaú **Beto Veríssimo
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Amazônia 2030
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