Mostra conta com sala inundada por instalação cenográfica para evidenciar as consequências da crise do clima

Diante da urgência da redução dos gases do efeito estufa por todos os países, o Museu Brasileiro de Escultura e da Ecologia (MuBE), localizado na cidade de São Paulo, estreia uma exposição sobre o tema com apoio do Imazon. Chamada de “Por um sopro de fúria e esperança”, a mostra coletiva fica em cartaz de 30 de outubro de 2021 a 30 de janeiro de 2022.

Composta por trabalhos de mais de 160 participantes, entre eles artistas, ativistas, ambientalistas, cientistas, pesquisadores e escritores, a exposição escancara os impactos das mudanças climáticas e seus desdobramentos sociais, históricos, políticos e ambientais. Serão apresentados obras artísticas, livros, pesquisas e registros de lutas em prol da proteção e da regeneração ambiental.

Na abertura, será publicado o Manifesto de Declaração de Emergência Climática, que tem como signatários importantes especialistas em mudanças do clima, entre eles Carlos Nobre, José Marengo e Andrea Santos. Esta é a primeira vez que uma instituição de arte e cultura divulga um manifesto do tipo no país, assim como museus de outras partes do mundo já fizeram.

A mostra será dividida em duas etapas. Na primeira, entre os dias 30 de outubro e 14 de novembro, uma grande instalação cenográfica, concebida por Flavia Velloso e Ary Perez, inundará uma sala do museu para evidenciar as consequências das mudanças climáticas. Na segunda fase, a partir do dia 20 de novembro, com a sala pós-inundação, novas obras serão adicionadas ao espaço expositivo. Entre elas estarão uma gravura de Goeldi e os trabalhos de dois pintores do grupo Santa Helena.

A curadoria é de Galciani Neves, curadora chefe do MuBE, e Natalie Unterstell, especialista em políticas climáticas e membro da Comissão Ambiental do MuBE.

De acordo com Galciani, a curadoria propõe uma “mostra que prima pela escuta a diversas cosmovisões que observam e projetam eventos climáticos extremos, escassez crônica de água, avanço do mar sobre as costas, diminuição da produtividade de alimentos, extinção de espécies, refugiados climáticos e desaparecimento de povos e culturas”.

A mostra posiciona-se em favor da transição rápida para uma economia limpa e de se fortalecer a sociedade para que se torne mais resiliente ao mundo mais quente e ao clima mais instável

“Compreendemos ser fundamental compartilhar obras artísticas e projetos que estimulem engajamentos, ações e atitudes alinhados com a urgência climática em nosso cotidiano como sociedade. Propomos reflexões sobre oportunidades e mudanças positivas em curso, como o declínio da poluição do ar a partir da eletrificação dos carros e ônibus, já em curso no mundo todo, e do fim do desmatamento e das queimadas, principalmente no território brasileiro. Tudo isso em cima da provocação feita em um museu parcialmente inundado”, reforça Natalie Unterstell.

O Imazon deu apoio à concepção da mostra, com a participação do pesquisador e cofundador do instituto Beto Veríssimo, que também integra a Comissão Ambiental do MuBE.

Queimadas e desmatamento estão entre os temas da mostra

A intenção da exposição, que conta ainda com um desdobramento virtual e uma mostra de vídeos, é de natureza educativa. São cinco questões fundamentais para o debate, usadas também como eixos conceituais para a espacialização das obras no MuBE: águas, queimadas e desmatamento, redesenho geográfico, crítica aos modelos de desenvolvimento intensivos em carbono e ações para a transição.

A água usada na instalação da primeira fase não será fornecida pela Sabesp, não influenciando o abastecimento das casas e do comércio em São Paulo. Seu fornecimento será integrado ao sistema de captação de água da chuva do piso elevado de concreto da área externa do Museu, parte do projeto visionário e consciente de Paulo Mendes da Rocha para o MuBE. Ao ser desmontada, toda a água da instalação será direcionada para esse sistema de captação do museu, para ser reutilizada posteriormente.

Entre os artistas participantes também estão Cildo Meireles, Tunga, Alfredo Jaar, Leda Catunda, Solange Pessoa, Claudia Andujar, Denilson Baniwa, Isael Maxakali, Marcia Muria, Regina José Galindo e Fernando Limberger.

SERVIÇO
Exposição: Por um sopro de fúria e esperança
Local: MuBE – Rua Alemanha 221, Jd Europa, São Paulo/SP
Data: 30/10/2021 a 30/01/2022
Horário de funcionamento do museu: quarta-feira a domingo, de 11h as 17h
Visitas: apenas sob agendamento prévio no site www.mube.space


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