Um grupo dos formandos foram contemplados com insumos agrícolas e vão implantar Sistemas Agroflorestais (SAFs) em seus lotes
Noventa e quatro agricultoras e agricultores familiares se formaram em um curso sobre restauração florestal no último final de semana. Eles são trabalhadores e trabalhadoras rurais que vivem em assentamentos do município de Paragominas, sudeste do Pará.
A capacitação se chama “Formar Restauração Florestal” e contemplou crianças, jovens, adultos e idosos. A iniciativa é do Imazon, em parceira com o Fundo Amazônia, IEB, WRI, Fórum das Comunidades Rurais de Paragominas e a Prefeitura Municipal de Paragominas. Ela compõe o projeto “Floresta Para Sempre”, que já certificou um grupo de 34 agricultoras e agricultores familiares em Ulianópolis, no ano passado.
Com isso, o projeto já contemplou 128 pessoas capacitadas para realizar a restauração florestal dos seus lotes, fazer a adequação ambiental das áreas e colaborar para que o Brasil cumpra a meta de restaurar 12 milhões de hectares até 2030, como firmado no Acordo de Paris.
Curso levou alunos para conhecer propriedades modelos em sustentabilidade
O curso foi composto por três módulos, que incluíram atividades teóricas e práticas, passando pelas temáticas de desenvolvimento sustentável, produção e manejo sustentável, restauração florestal, estratégias de organização sociais e de mercado. A formação também tem como objetivo auxiliar na adequação ambiental dos produtores rurais por meio da sustentabilidade.
“A nossa área é muito degradada, já vem de fazendas, de madeireiras. A chegada do curso dentro das nossas comunidades está sendo de grande importância, porque agora as nossas áreas degradadas vão ser restauradas com a implantação dos SAFs (Sistemas Agroflorestais). Vai ser uma visão diferente para as comunidades”, explica Vanessa Ferreira, coordenadora executiva do Fórum das Comunidades Rurais de Paragominas
Um grupo de 40 participantes do curso teve a oportunidade de participar de um intercâmbio no municípios de Irituia, onde conheceram exemplos de Sistemas Agroflorestais (SAFs) já implantados em diferentes estágios e se informaram por meio da experiência de outros produtores sobre as vantagens ambientais e econômicas desses modelos.
“Deram a oportunidade da gente fazer o intercâmbio e isso é muito importante, vamos poder implantar os SAFs aqui na nossa terra. Com o reflorestamento, nós temos a oportunidade de trazer qualidade de vida, vamos ter uma alimentação melhor, um ar melhor para respirar”, ressalta Ivana Souza, jovem agricultora contemplada pela formação.
As cerimônias de formatura dos alunos ocorreram nos dias 26 e 27 de janeiro, uma realizada na vila Sorriso e outra na vila Caip, no município de Paragominas.
Benefícios da implantação de Sistemas Agroflorestais nos assentamentos
Além da certificação, 75 produtoras e produtores rurais do curso receberam um kit com 250 mudas de espécies nativas da Amazônia, insumos agrícolas e ferramentas para implantar os SAFs em seus lotes.
“A nossa área é toda de assentamentos e nós sabemos que esses assentamentos estão desmatados e as pessoas não estão trabalhando esses espaços, então será muito importante trabalhar a floresta nesses espaços que não estão sendo utilizados pela agricultura”, comenta Bruno Lima, formando do curso.
Com o projeto, agora as comunidades de Paragominas podem imaginar um novo cenário ambiental para os territórios, unindo preservação à restauração florestal, como explica o pesquisador do Imazon, Paulo Amaral.
“Essas comunidades vão implantar SAFs fazendo a recuperação florestal e do solo e produzindo alimentos de forma sustentável, incorporando essas boas práticas também nas suas atividades agrícolas. A gente espera que, no futuro, tenhamos aqui um bom exemplo de comunidades engajadas no desenvolvimento socioambiental da Amazônia”.
Além das atividades do curso, o projeto do Imazon já contemplou 136 famílias, ajudou a plantar mais de 40 mil mudas e restaurar 136 hectares com a implantação de SAFs nos municípios de Ulianópolis, Capitão Poço e Paragominas.
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