Dados de novembro de 2020 a janeiro de 2021 apontam que Terras Indígenas estão entre as mais atingidas nos rankings de Ameaça e Pressão
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) aponta que o Pará é o estado que apresenta maior número de Áreas Protegidas (APs) no ranking de Ameaça e Pressão por desmatamento segundo dados de novembro de 2020 a janeiro de 2021, obtidos por meio do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD). As APs mais ameaçadas foram as Terras Indígenas (TI) Parakanã (PA) e a TI Trincheira/Bacajá (PA), que já estavam entre as três APs mais ameaçadas no ranking do calendário anterior (novembro de 2019 a janeiro de 2020).
Outras áreas que mais sofreram ameaça de desmatamento, no período, são: Área de Proteção Ambiental (APA) do Lago de Tucuruí (PA), Floresta Nacional do Tapajós (PA), Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), TI Uru-Eu-Wau-Wau (RO), TI Arara (PA), TI Cachoeira Seca do Iriri (PA), Floresta Estadual do Amapá (AP) e Floresta Nacional (Flona) do Iquiri (AM).
Já a TI Apyterewa (PA) e a APA Triunfo do Xingu (PA) foram as APs mais pressionadas dentre as 10 do ranking. As demais áreas que sofreram pressão foram: Floresta Extrativista Rio Preto-Jacundá (RO), Reserva Extrativista Chico Mendes (AC), APA Baixada Maranhense (MA), Reserva Extrativista Verde para Sempre (PA), TI Cachoeira Seca do Iriri (PA), APA do Lago de Tucuruí (PA), TI Yanomami (AM/RR) e TI Trincheira/Bacajá (PA). O avanço do desmatamento, além de trazer prejuízos ambientais para essas áreas, pode resultar ainda em riscos à saúde dessas comunidades tradicionais.
Foto Rafael Araújo
Ameaça e Pressão – O Imazon classifica como ameaça a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma área protegida. É utilizada uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP, onde a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Já o termo pressão é definido como a ocorrência do desmatamento no interior da área protegida, que pode levar a perdas ambientais e até mesmo redução ou redefinição de limites da AP.
De novembro de 2020 a janeiro de 2021, o monitoramento do Imazon detectou um total de 956 km2 de desmatamento na Amazônia. Do total das ocorrências de desmatamento (2.208 ), 61% (1.351) apontam ameaça e 39% (857) pressão. O número de ocorrências de desmatamento de novembro de 2020 a janeiro de 2021 é 21% menor em comparação com novembro de 2019 a janeiro de 2020. Isso ocorre porque apesar da área desmatada ser maior no período atual, o número de alertas é menor quando comparado com período anterior.
O Imazon apresenta a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados.
Estudo – O relatório dos índices de ameaça e pressão de desmatamento em Áreas Protegidas é divulgado trimestralmente pelo Imazon. O estudo é produzido com base em dados de alertas de desmatamento do SAD, Sistema de Monitoramento desenvolvido pelo Instituto. São utilizados apenas os indicadores de desmatamento para determinar ameaça e pressão em uma unidade de conservação, entretanto, outros fatores também oferecem risco para a área, como extração madeireira, atividades de garimpo e hidrelétricas. Para ver o relatório completo, clique aqui.
Imazon – O Imazon é um instituto nacional de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 30 anos. Através do sofisticado Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal, fornecendo mensalmente alertas independentes e transparentes para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável.
Texto: Dominik Giusti