Amorim, Larissa; Santos, Bianca; Ferreira, Raissa; Brandão, Ives; Dias, Manoela; Ribeiro, Júlia & Souza Jr., Carlos. 2022. Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas: SAD de Agosto de 2022 a Julho 2023 (p. 2). Belém: Imazon.

Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).

Usamos as seguintes definições:

AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicarva zona de vizinhança de uma AP na qual avocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.

PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.

O Imazon apresentará a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados. Essa publicação apresenta os dados de Ameaça e Pressão referentes ao período de outubro a dezembro de 2022.

RESULTADO

O SAD de abril a junho de 2023 detectou um total de 1.036 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:

– Das 996 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 716 (72%) indicam Ameaça e 280 (28%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de abril a junho de 2023 é 55% menor em comparação com abril a junho de 2022. Isso ocorre porque além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 75% quando comparada com o período anterior.

– As APs mais Ameaçadas foram a Parna Mapinguari (AM/RO) e a Flona do Aripuanã (AM). Ambas ocuparam o primeiro e o quarto lugar, respectivamente, no ranking de APs ameaçadas do período anterior. Seis das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior. (Gráfico 1).

– A APA Triunfo do Xingu (PA) e a TI Andirá-Marau (AM/PA) foram as APs mais Pressionadas. A APA Triunfo do Xingu
(PA) também ocupou o primeiro lugar no ranking de APs pressionadas do período anterior (Gráfico 2).

– As Terras Indígenas Jacareúba/Katawixi (AM) e Trincheira/Bacajá (PA) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Andirá-Marau (AM/PA) e a TI Mundurucu (MT/PA) lideram o ranking das mais Pressionadas. Seis das dez Terras Indígenas mais pressionadas estão no estado do Pará.

– As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Parna Mapinguari (AM/RO) e a Flona do Aripuanã (AM). Em relação a Pressão, a APA do Tapajós (PA) e a Flona de Tefé (AM) lideram o ranking. Sete das dez Unidades de Conservação Federais mais ameaçadas estão no Amazonas.

– As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a RDS do Juma (AM) e Resex Guariba-Roosevelt (MT). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a PES de Guajará-Mirim (RO) são as líderes do ranking, ambas ocuparam o primeiro e o terceiro lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação estaduais pressionadas no período anterior.

Ameaça e Pressão de Desmatamento em Áreas Protegidas SAD de Abril a Junho de 2023.

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