Heron Martins, Antônio Fonseca; Carlos Souza Jr.; Márcio Sales & Adalberto Veríssimo (Imazon)
RESUMO
Em junho de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 34,5 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou uma diminuição de 66% em relação a junho de 2011 quando o desmatamento somou 100,5 quilômetros quadrados. Devido a cobertura de nuvens, foi possível monitorar 73% do território, um valor maior que junho de 2011 (65%).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a junho de 2012 totalizou 907 quilômetros quadrados. Houve redução de 41% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) quando o desmatamento somou 1.534 quilômetros quadrados.
Em junho de 2012, 60% do desmatamento ocorreu no Pará. Em seguida aparece o Amazonas com 28%. O restante (12%) ocorreu no em Rondônia (6%) e Mato Grosso (6%).
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 14,5 quilômetros quadrados em junho de 2012. Em relação a junho de 2011, quando a degradação florestal somou 193 quilômetros quadrados, houve uma diminuição de 93%. Grande parte (45%) dessa degradação ocorreu no Mato Grosso.
A degradação florestal acumulada no período (agosto 2011 a junho 2012) atingiu 1.974 quilômetros quadrados. Em relação ao período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011), quando a degradação somou 6.274 quilômetros quadrados, houve redução de 69%.
Em junho de 2012, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 960 mil toneladas de CO2 equivalente. No acumulado do período (agosto 2011 a junho de 2012) as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram 74 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 18% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011).
Google SAD-EE
No mês de junho a detecção do desmatamento e degradação florestal do SAD foi realizada na plataforma do Google Earth Engine. Esse sistema foi desenvolvido em colaboração com a Google e utiliza o mesmo processo já utilizado pelo SAD, com imagens de reflectância do MODIS para gerar os alertas de desmatamento e degradação florestal. Batizada de SAD-EE (Earth Engine), a nova plataforma disponibilizará os dados e as ferramentas de processamento de imagens de satélites, edição de mapas digitais e validação do mapeamento que rodam nas nuvens de computadores da Google.
Isso permitirá a redução do tempo para pré-processamento, análise e divulgação dos dados, podendo chegar até 50% do tempo para gerar os alertas, dando maior agilidade no processamento das informações e possibilitando a detecção do desmatamento em áreas além das fronteiras da Amazônia Brasileira, pois todas essas tecnologias e dados de satélites estarão disponíveis à instituições de outros países, possibilitando o monitoramento em escala global.
Estatísticas do Desmatamento
De acordo com o SAD, o desmatamento (supressão total da floresta para outros usos alternativo do solo) atingiu 34,5 quilômetros quadrados em junho de 2012 (Figura 1 e Figura 2). Isso representou uma diminuição de 66% em relação a junho de 2011 quando o desmatamento atingiu 100,5 quilômetros quadrados.
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2010 a junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a junho de 2012[1], correspondendo aos onze meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 907 quilômetros quadrados.
Houve redução de 41% do desmatamento em relação período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) quando atingiu 1.534 quilômetros quadrados.
Em junho de 2012, 60% do desmatamento ocorreu no Pará, seguido pelo Amazonas (28%), Rondônia (6%) e Mato Grosso (6%).
Figura 3. Percentual do desmatamento nos Estados da Amazônia Legal em junho de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando o desmatamento acumulado nos onze meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2011 a junho de 2012), o Pará lidera o ranking com 34% do total desmatado. Em seguida aparece o Mato Groso com 32%, Rondônia com 18% e o Amazonas com 9%. Esses quatros estados foram responsáveis por 93% do desmatamento ocorrido na Amazônia Legal nesse período.
Houve redução de 41% no desmatamento ocorrido em agosto de 2011 a junho de 2012 quando comparado com o período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) (Tabela 1). Em termos relativos, houve redução de 64% no Acre, 54% no Amazonas, 50% no Mato Grosso, 48% em Rondônia e 20% no Pará. Por outro lado, houve aumento de 194% em Roraima, e 61% no Tocantins.
Em termos absolutos, o Pará lidera o ranking do desmatamento acumulado com 309 quilômetros quadrados, seguido pelo Mato Grosso (293 quilômetros quadrados), Rondônia (167 quilômetros quadrados), Amazonas (81 quilômetros quadrados), Roraima (23 quilômetros quadrados), Acre (20 quilômetros quadrados) e Tocantins (14 quilômetros quadrados).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a junho de 2011 e de agosto de 2011 a junho de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[1]O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Degradação Florestal
Em junho de 2012, o SAD registrou 14,5 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Em relação ao mesmo período do ano anterior (junho de 2011) houve uma diminuição de 93% quando a degradação florestal atingiu 193 quilômetros quadrados. 45% das áreas de degradação em junho ocorreram em Mato Grosso.
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2010 a junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
A degradação florestal acumulada no período de agosto de 2011 a junho de 20122 atingiu 1.974 quilômetros quadrados. Isso representa uma redução de 69% na degradação florestal acumulada nesse período (agosto de 2011 a junho de 2012) em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) quando a degradação florestal somou 6.274 quilômetros quadrados (Tabela 2). As maiores reduções foram Acre (98%), Rondônia (-90%), Amazonas (-84%), Pará (-78%) e Mato Grosso (-58%).
Em termos absolutos, o Mato Grosso lidera o ranking da degradação florestal acumulada com 1.587 quilômetros quadrados (80%), seguido de longe pelo Pará com 239 quilômetros quadrados com apenas 12%. O restante (8%) ocorreu em Rondônia (101 quilômetros quadrados), Amazonas (29 quilômetros quadrados), Roraima (15 quilômetros quadrados) e Acre (3 quilômetros quadrados).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a junho de 2011 e de agosto de 2011 a junho de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[2]O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Carbono Comprometido pelo Desmatamento
Em junho de 2012, os 34,5 quilômetros quadrados de desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal comprometeram 960 mil de toneladas de carbono (com margem de erro de 233 mil toneladas de carbono). Essa quantidade de carbono comprometido pode resultar em emissões de 3,5 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6).
O carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a junho de 2012 foi de 20 milhões de toneladas (com margem de erro de 369 mil toneladas), o que representou cerca de 74 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6). Em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) houve redução de 18% na quantidade de carbono comprometido pelo desmatamento. A redução (18%) do carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a junho de 2012 em relação ao período anterior (agosto de 2010 a junho de 2011) foi menor que a redução de 41% do desmatamento detectado pelo SAD durante o mesmo período.
Figura 6. Desmatamento e emissões de Dióxido de Carbono (CO2) equivalente total de agosto de 2010 a junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon).
Geografia do Desmatamento
Em junho de 2012, grande parte (42%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Unidade de Conservação (30,5%), Terra Indígena (1,5%) e Assentamentos de Reforma Agrária (26%) (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
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[3] Inclui áreas privadas (tituladas ou não) e florestas públicas não protegidas.
Assentamentos de Reforma Agrária
O SAD registrou somente 9 quilômetros quadrado de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária durante junho de 2012. Os Assentamentos afetados pelo desmatamento foram PA Monte (Lábrea; Amazonas) e PDS Terra Nossa (Altamira; Pará).
Figura 7. Assentamentos de Reforma Agrária desmatados em junho de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD). PA (Projeto de Assentamento).
Áreas Protegidas
O SAD detectou 10,5 quilômetros quadrados de desmatamento em Unidade de Conservação (Figura 8). As Unidades de Conservação desmatadas foram a APA Tapajós (Pará) e Flona de Itaituba II (Pará). No caso das Terras Indígenas, em abril de 2012 foi detectado 0,5 quilômetros quadrados de desmatamento nas Terras Arara do Rio Branco (Pará) e Baú (Mato Grosso) (Figura 9).
Figura 8. Unidade de Conservação desmatada na Amazônia Legal em junho de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 9. Terra Indígena desmatadas na Amazônia Legal em junho de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Municípios Críticos
Em junho de 2012, os municípios mais desmatados foram: Itaituba (Pará); Lábrea (Amazonas); e Trairão (Pará) (Figura 10 e 11).
Figura 10. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em junho de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 11. Municípios com maiores áreas desmatadas em junho de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[4] Os 3,1 km² detectados como desmatamento em Paragominas foram autorizados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) do Pará para expansão de área de mineração da empresa Norsk Hydro ASA.
Em junho de 2012, foi possível monitorar com o SAD 73% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 27% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (83%), Acre (58%), Roraima (51%) e Pará (33%). Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em junho de 2012 podem estar subestimados (Figura 12).
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 12. Área com nuvem e sombra em junho de 2012 na Amazônia Legal.
Quadro I: SAD 3.0Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua a mesma do SAD 2 como descrito abaixo.
O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguido, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente NãoAtiva (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo: Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por: VGs = Vegetação/(1- Sombra) O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios. A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinas de degradação. O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior. O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2006 a junho de 2012. |
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Quadro II: Carbono afetado pelo desmatamentoDesde janeiro de 2010 reportamos as estimativas do carbono comprometido (isto é, do carbono florestal sujeito à emissões devido à queimada e a decomposição de resíduos de biomassa florestal) provenientes do desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal.
As estimativas de carbono são geradas com base na combinação dos mapas de desmatamento do SAD com simulações da distribuição espacial de biomassa para a Amazonia. Desenvolvemos um modelo de estimativas de emissões de carbono, como base em simulação estocástica (Morton et al, em prep.), denominado Carbon Emission Simulator (CES). Geramos 1000 simulações da distribuição espacial de biomassa na Amazonia usando um modelo geoestatístico (Sales et al., 2007), e transformamos essas simulações de biomassa em estoques de C usando fatores de conversão de biomassa para C da literatura, segundo a fórmula abaixo: Para a aplicação do modelo CES usando os dados do SAD, consideramos apenas o carbono comprometido pelo desmatamento, ou seja, a fração da biomassa florestal composta por carbono (50%) sujeita à emissões instantâneas devido à queimadas da floresta pelo desmatamento, e/ou a decomposição futura da biomassa florestal remanescente. Além disso, adaptamos o modelo CES para estimar o carbono florestal comprometido pelo desmatamento na escala mensal. Por último, as simulações permitiram estimar a incerteza do carbono comprometido, representadas pelo desvio padrão (+/- 2 vezes) das simulações do carbono afetado em cada mês. Para a conversão dos valores de carbono para COequivalente aplicamos o valor de 3,68. |
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