Entre muitas palmas, sorrisos e abraços, o Pará ganhou no final de semana mais uma turma de agentes ambientais comunitários para defender suas áreas protegidas. Com os recém-formados, o grupo agora passa de 100 voluntários especializados em monitorar a biodiversidade e promover ações de educação ambiental na região norte do estado. É lá que está o maior bloco de áreas protegidas do mundo, que atualmente enfrenta forte pressão de grileiros, madeireiros, garimpeiros e pescadores ilegais.
A cerimônia de formatura foi realizada durante o Encontro Pintacuia dos Agentes Ambientais Comunitários, que reuniu cerca de 60 pessoas de 12 comunidades dos municípios de Monte Alegre, Oriximiná e Faro. O palco do evento foi o Parque Estadual de Monte Alegre, patrimônio cultural do planeta.
Além da entrega do diploma a 25 novos agentes, o evento também proporcionou um intercâmbio de escuta e aprendizado entre voluntários que atuam há anos em suas comunidades e quem começou há pouco tempo. “Estou muito feliz de ter concluído o curso, porque lá na comunidade ainda tem algumas pessoas que não cuidam bem do meio ambiente, então teremos que conversar com eles para que todos possam fazer o certo”, afirma a aposentada a agente ambiental recém-formada Zoraide Almeida, da comunidade do Ererê, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Paytuna, em Monte Alegre.
Essa troca de experiências também serviu como inspiração para que os recém-formados pudessem conhecer experiências de sucesso realizadas em outras comunidades e que podem ser implantadas nos seus territórios. “Com essa formação, as comunidades se sentem empoderadas para atuar, pois elas têm o programa de agentes ambientais comunitários como fio condutor da gestão territorial”, conta Joerisson Folter Nunes, professor e agente ambiental na Floresta Estadual de Faro desde 2017.
Os voluntários fazem parte do Programa Agentes Ambientais Comunitários (PAAC), coordenado pelo Imazon e pelo Ideflor-Bio. Para integrar a iniciativa, os interessados participam de um curso de formação que possui conteúdos sobre legislação, áreas protegidas, educação ambiental, resolução de conflitos, monitoramento com uso de GPS e drone, combate a incêndios, sobrevivência na floresta e primeiros socorros. Depois, precisam criar um plano anual de trabalho com ações socioambientais que tragam melhorias para suas comunidades.
“Eu acredito que os agentes ambientais são uma família e me emocionei com a formatura dessa nova turma, pois eles se dedicam a cuidar do território de forma voluntária. São pessoas que têm essa causa socioambiental no coração e não desistem dela mesmo tendo de enfrentar várias dificuldades. Foi muito bonito ver um inspirando o outro durante esse encontro”, relata Regiane Villanova, pesquisadora do Imazon.
Além de fornecer o curso e participar da elaboração do plano de trabalho, o instituto também auxilia os agentes no custeio das ações propostas e acompanha a execução, que conta com apoio da Gordon and Betty Moore Foundation. “Esse programa de agentes ambientais comunitários é muito importante, especialmente para monitorar a questão do pescado e da madeira ilegal aqui na região. É uma capacitação que auxilia muito no combate à essas invasões”, afirmou Jorge Braga, gestor do Pema e representante do Ideflor no evento.
Também presente na formatura, o servidor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Monte Alegre Juarez Pantoja comemorou o ingresso dos 25 novos agentes no grupo. “A secretaria está muito agradecida por essa iniciativa, pois são mais 25 pessoas que vão auxiliar no nosso trabalho de proteção ambiental, que vão denunciar o que está acontecendo em seus territórios para nós”, comentou.
This post was published on 27 de março de 2023
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