Lideram o ranking territórios que não deveriam registrar desmatamento, como Terras Indígenas e Unidades de Conservação Federais
As Áreas Protegidas representam um patrimônio nacional e possuem muitos benefícios para a manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e geração de serviços ambientais, além de possuir grande importância para a regulação do clima. A Amazônia Legal tem 46% do seu território formado por APs.
Entretanto, dados publicados pelo Imazon apontam que essas áreas, que deveriam ser integralmente preservadas, estão enfrentando grandes riscos com atividades ilegais como garimpo, extração de madeira e queimadas. Os índices são referentes ao novo estudo Ameaça e Pressão em Áreas Protegidas da Amazônia referente aos meses de fevereiro, março e abril de 2019.
Terra Indígena Yanomami – AP mais ameaçada no último trimestre
Foto: Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) on Visualhunt
Ameaça
Os indicadores de Ameaça são relativos ao risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma Área Protegida. A resistência interna age como barreira, impedindo que o desmatamento penetre os limites de algumas dessas áreas. Neste trimestre, houve um aumento de 40% nas ocorrências de Ameaça em comparação ao mesmo período de 2018.
Em primeiro lugar no ranking das APs mais ameaçadas está a Terra Indígena Yanomami. Esse território, que abrange os estados de Roraima e Amazonas, é marcado por indícios e denúncias de exploração ilegal de minérios por garimpo em seu interior. Ainda esse ano, os Yanomamis elaboraram seu Protocolo de Consulta Prévia, documento jurídico que prevê a garantia dos seus direitos, em meio a um contexto que demonstra o risco de fragilidade da proteção aos povos tradicionais.
Em segundo lugar na lista está a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, que possui um histórico de desmatamento, grilagem de terra e garimpo ilegal, e é uma das Unidades de Conservação com maior índice de desmatamento dentro da Amazônia Legal. Essa AP também já foi alvo de projetos de lei para diminuir seu território. O Parque Nacional Mapiguari, que fica entre Amazonas e Roraima, está na terceira posição do ranking, sendo que no período anterior nem sequer integrava.
Pressão
Os indicadores de pressão mostram que já existe uma devastação no interior de uma AP, que pode levar a perdas de serviços ambientais e até mesmo a redução ou redefinição territorial. Esse processo pode levar a uma desestabilização legal e ambiental na área. No período analisado, houve um aumento de 60% de áreas pressionadas em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Nesse estudo, duas APs no Pará estão no ranking das três mais pressionadas: As Áreas de Proteção Ambiental do Tapajós e Triunfo do Xingu. A última sendo a Unidade de Conservação mais desmatada nos últimos três meses, de acordo com o Boletim SAD. Em terceiro lugar está a Floresta Extrativista Rio Preto-Jacundá, em Roraima, que continua na lista das três mais pressionadas.
A Flona do Jamanxim, segunda mais ameaçada, também ocupa o quarto lugar na lista das dez Áreas Protegidas com mais Pressão. Isso significa que o desmatamento não têm ocorrido somente no entorno, mas também em seu interior. O número de células com ocorrência de desmatamento dobrou nessa AP, em comparação ao mesmo período de 2018.
As Áreas Protegidas de Rondônia e Roraima compõem as demais posições do ranking, sendo três delas Terras Indígenas.
Confira o gráfico com as informações completas:
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Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente na Amazônia é um centro de pesquisa brasileiro dentre os mais respeitados no mundo. Nossos pesquisadores realizam o monitoramento independente da Amazônia com auxílio das mais avançadas tecnologias. Os dados de ameaça e pressão nas Áreas Protegidas (APs) são medidos com base nos dados de desmatamento.
This post was published on 29 de julho de 2019
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