Campanha do Imazon pede proteção a santuário de árvores gigantes na Amazônia

Chamada de #ProtejaAsÁrvoresGigantes, iniciativa pede que o governo do Pará fiscalize a Flota do Paru, onde vive a maior árvore da América Latina e a quarta mais alta do mundo

 

Expedição realizada em setembro com apoio do Imazon localizou a maior árvore da Amazônia, na Flora do Paru, no Pará. É um angelim vermelho com 88,5 metros de altura e quase 10 metros de circunferência (Foto: Havita Rigamonti/Imazon/Ideflor)

 

Nesta quinta-feira (15/12), entidades do terceiro setor e setor privado lideradas pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) uniram-se para pedir que o governo do Pará proteja a Floresta Estadual (Flota) do Paru, um santuário de árvores gigantes, que fica no Norte do Estado. É nessa Flota que está a maior árvore da América Latina e a quarta maior do mundo: um angelim-vermelho com o tamanho equivalente a um prédio de 30 andares e idade entre 400 e 600 anos.

Também estão engajados na campanha #ProtejaAsÁrvoresGigantes o Instituto O Mundo Que Queremos, Instituto Centro de Vida (ICV), Engajamundo, Fundação Amazônia Sustentável (FAS), FSC® Brasil (Forest Stewardship Council®, em português: Conselho de Manejo Florestal), a Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação (Rede Pró-UC), os projetos Amazônia 2030, Saúde e Alegria e a iniciativa Seja Legal com a Amazônia. Por meio de mobilização online, cada instituição está trazendo o assunto à tona nas redes sociais para que o maior número possível de pessoas conheça a Flota do Paru, um patrimônio natural dos brasileiros que está ameaçado.

O grandioso angelim-vermelho tem 88,5 metros de altura e 9,9 metros de circunferência. Para chegar até ele, são necessários 15 dias percorrendo cerca de 400 quilômetros de rios cheios de corredeiras e mais 40 quilômetros a pé pela mata densa. Mas, nem assim o gigante está a salvo da escalada do desmatamento. A Flota foi a quinta unidade de conservação mais desmatada de toda a Amazônia em outubro, dado mais recente levantado pelo Imazon.

Criado em 2006, o território tem 3,6 milhões de hectares e faz parte do maior bloco de áreas protegidas do mundo. Além disso, a Flota do Paru é a terceira maior unidade de conservação de uso sustentável em uma floresta tropical no planeta. Próximo ao angelim-vermelho, com quase 90 metros de altura, outras árvores de 70 a 80 metros foram localizadas. E, somado a essas gigantes, há muitos rios, cachoeiras, montanhas, savanas e uma grande diversidade de paisagens no local.

 

Garimpo e grilagem ameaçam biodiversidade e economia local

A Flota do Paru também é uma área importante para conter as mudanças climáticas e para a preservação da biodiversidade amazônica. Está repleta de espécies da flora e da fauna que só existem nessa região, chamadas de “espécies endêmicas”. Ou seja: com o aumento da derrubada da floresta, elas podem entrar em extinção.

“É uma região de formações geológicas recentes e com diversidade de solo, por isso concentra várias espécies diferentes”, afirma  Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e conselheira dessa unidade de conservação.

Além disso, o desmatamento que avança no território coloca em risco atividades econômicas como o ecoturismo, o manejo florestal e o extrativismo, esse último importantíssimo para a geração de renda dos povos e comunidades tradicionais da região. Atualmente, cerca de 300 pessoas vivem do uso sustentável da castanha-do-Pará coletada na floresta.

 

Santuário das árvores gigantes é de responsabilidade do governo do Pará

A preservação do grande angelim-vermelho e de toda a Flota do Paru depende do governo do Pará, que detém a gestão da área. Nos últimos anos, atividades criminosas como a grilagem e o garimpo aumentaram na Amazônia e estão alcançando a floresta das árvores gigantes. Um levantamento conduzido pelo Imazon identificou 99 Cadastros Ambientais Rurais (CARs) dentro da Flota do Paru, o que indica que essas áreas provavelmente estão sendo alvo de grileiros.

“As árvores gigantes e a Flota do Paru são um patrimônio dos brasileiros. O governo estadual precisa cancelar de imediato os Cadastros Ambientais Rurais que estão dentro da unidade, fiscalizar e autuar a prática de atividades ilícitas que ocorrem na área de conservação”, completa Jakeline.

Acesse o site da campanha
Compartilhe o vídeo da campanha

This post was published on 15 de dezembro de 2022

Notícias recentes

LEIA GRATUITAMENTE: Livro sobre crimes ambientais destaca necessidade de ações coordenadas na Amazônia

Lançamento da obra ocorreu durante evento em Brasília, no Auditório da Escola Superior do Ministério…

6 de maio de 2024

Desmatamento em Terras Indígenas da Amazônia é o menor em seis anos

A diminuição da devastação em TI’s é uma boa notícia em comemoração ao Dia dos…

17 de abril de 2024

Primeiro bimestre de 2024 tem menor desmatamento dos últimos seis anos

Derrubada da floresta em janeiro e fevereiro chegou a 196 km², 63% a menos do…

18 de março de 2024

Ano de 2024 começa com queda de 60% no desmatamento da Amazônia

Roraima foi o estado com a maior área derrubada em janeiro, seguido de Mato Grosso…

21 de fevereiro de 2024

Mais de 90 agricultoras e agricultores familiares do Pará recebem formação em restauração florestal

Um grupo dos formandos foram contemplados com insumos agrícolas e vão implantar Sistemas Agroflorestais (SAFs)…

1 de fevereiro de 2024

Desmatamento em áreas protegidas cai quase quatro vezes na Amazônia em 2023

Devastação em de terras indígenas e unidades de conservação passou de 1.431 km² em 2022…

22 de janeiro de 2024