Foto: Debora Peres/MATHPA
Iniciativa em rede já beneficiou mais de 120 mil pessoas em comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas
O projeto Conexão Povos da Floresta, iniciativa em rede liderada pelas organizações de base Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), chegou a um novo marco esta semana, com 1.400 comunidades indígenas, quilombolas, extrativistas e ribeirinhas conectadas ao longo da Amazônia Legal.
O projeto, realizado em parceria com mais de 40 organizações da sociedade civil, instituições e empresas, tem como meta conectar em rede, através de internet banda larga, mais de 5 mil comunidades em territórios protegidos da Amazônia Legal, unindo conectividade a programas de inclusão, segurança e fortalecimento comunitário.
A iniciativa alcançou 1.400 comunidades conectadas nesta quarta, 29/01, com a instalação de um kit de conectividade com internet banda larga via satélite na comunidade quilombola Rio Preto, no interior de Mateiros (TO).
Com isso, já são mais de 40 mil usuários cadastrados na rede e uma população diretamente beneficiada de mais de 120 mil pessoas desde que o projeto iniciou as instalações, em março de 2023.
“Com esse kit de conectividade, a gente vai poder, além de se conectar, ter acesso a mais oportunidades de saúde, educação, cultura. A gente também tem acesso a mais conhecimento, uma oportunidade que não temos hoje por sermos uma comunidade de difícil acesso”, conta Elzita Evangelista, presidente da Associação das Comunidades Quilombolas das Margens do Rio Novo, Rio Preto e Riachão (Ascolombolas Rios), que representa a comunidade.
Até o final de 2025, o objetivo é conectar 1 milhão de pessoas moradoras de áreas protegidas da Amazônia Legal, responsáveis por conservar 120 milhões de hectares de floresta.
Impacto
O Conexão Povos da Floresta vai além de levar internet para as comunidades. Segundo Tasso Azevedo, presidente do conselho deliberativo e um dos idealizadores do projeto, a conectividade fortalece a proteção dos territórios, amplia o acesso à educação e saúde e incentiva o empreendedorismo local.
“As áreas protegidas da Amazônia onde vivem os povos da floresta, ou seja, populações indígenas, quilombolas e extrativistas, têm o menor índice de desmatamento da região. Conectar essas comunidades, portanto, é uma maneira de potencializar o papel que já desempenham na conservação do bioma como guardiões da floresta”, reforça Tasso.
Para José Carlos Galiza, coordenador executivo da CONAQ, o Conexão também é uma forma de unir as comunidades conectadas em rede. “O projeto tem garantido a integração, mobilização e fortalecimento das comunidades que protegem a floresta em pé, além de apoiar os empreendedores da floresta e oferecer ampla formação em diversas áreas para essa população”, afirma Galiza.
“O resultado alcançado até agora só foi possível graças à parceria da Conaq, Coiab, CNS e de todas as organizações que fazem parte desse coletivo”, completa ele.
“Celebramos a marca alcançada pelo projeto, construído a várias mãos com um objetivo em comum, que é conectar em rede as comunidades da Amazônia”, destaca o coordenador-geral da Coiab, Toya Manchineri. “Para os povos indígenas, este projeto representa mais do que apenas o acesso à internet, representa uma ferramenta de acesso à educação, trabalho e saúde, preservação das nossas culturas e proteção dos nossos territórios. A conexão auxilia no monitoramento dos territórios, combate a crimes ambientais e outras ameaças aos territórios indígenas. Vamos trabalhar para beneficiar cada vez mais comunidades indígenas por meio desta iniciativa.”
Conectividade como meio
A ideia do Conexão Povos da Floresta é que a conectividade seja utilizada de forma segura e consciente, e funcione como uma ferramenta de transformação social para as comunidades conectadas, ampliando o acesso à saúde, educação e oportunidades profissionais, por exemplo, além de fortalecer a proteção dos territórios e das pessoas.
Para isso, o projeto atua com base em três pilares: a implementação da infraestrutura necessária para a criação uma rede local conectada à internet banda larga; a implantação de um sistema de gestão e controle local da rede em cada comunidade, respeitando as suas demandas e seus costumes; e a oferta de programas de inclusão digital, com ações nas áreas de saúde, educação, empreendedorismo, monitoramento e proteção territorial e cultura e ancestralidade.
Como funciona
As comunidades recebem um kit de conectividade que inclui equipamentos como antena de internet banda larga via satélite, roteador de alta capacidade, celular e computador. Locais sem energia estável também contam com kits de energia solar. Além disso, um aplicativo permite que cada comunidade gerencie o uso da rede de forma colaborativa.
Já os programas de saúde, educação, empreendedorismo, entre outros, são oferecidos através de grupos de trabalho organizados entre os integrantes da rede Conexão Povos da Floresta. Os programas desenvolvem ações como a telemedicina, que possibilita consultas à distância, e o curso de Sabedoria Digital, que forma facilitadores locais para usar a tecnologia de forma segura e consciente.
Mais informações sobre o projeto podem ser encontradas no site oficial da iniciativa, em conexaopovosdafloresta.org.
This post was published on 30 de janeiro de 2025
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