A área com exploração madeireira em Roraima teve uma alta de quase sete vezes em um ano. As florestas com extração de madeira passaram de 1.671 hectares entre agosto de 2021 e julho de 2022 para 11.422 hectares entre agosto de 2022 e julho de 2023. Ou seja, um aumento de 584%.
Os dados são do Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), realizado por quatro instituições de pesquisa ambiental: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV. Conforme o levantamento, no último período, 9.319 hectares (82%) foram explorados de forma ilegal, enquanto apenas 2.103 hectares (18%) tiveram autorização dos órgãos ambientais para a atividade.
Das explorações não autorizadas em Roraima, 7.531 hectares (81%) foram identificadas em imóveis rurais privados, 857 hectares (9%) em assentamentos, 810 hectares (9%) em áreas não destinadas e 1% em outras categorias fundiárias.
O diretor-técnico do Idesam, André Luiz Vianna, alerta que a exploração ilegal, além dos danos ambientais, pode gerar situações de riscos aos trabalhadores do setor e impacto negativo no mercado. “O produto ilegal compete com a madeira licenciada prejudicando todo o setor, tanto na redução de preço quanto em termos reputacionais, o que dificulta o acesso a mercados com maiores valores”, disse. “A atividade madeireira licenciada é importante para o Estado e para a sociedade, pois gera arrecadação de impostos, empregos e movimenta recursos relacionados a essa cadeia. Também permite a manutenção da cobertura florestal e, quando realizado por populações tradicionais, gera renda e proteção dos territórios”, analisa Vianna.
Transparência combate fraudes e facilita a criação de políticas públicas
É importante destacar que esse cenário é influenciado pela transparência de dados disponibilizados na plataforma do Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (Siscom), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), onde as informações foram coletadas.
Pablo Pacheco, consultor do Idesam, explica como a falta de transparência afeta o acesso ao cenário concreto de informações sobre a exploração madeireira na Amazônia. “Essa situação representa um desafio significativo, que impacta as análises de legalidade e a fiscalização da exploração madeireira. Essa deficiência pode levar a várias consequências, incluindo a exploração insustentável das florestas, o desmatamento ilegal e a degradação ambiental, além de dificultar a implementação de políticas de manejo florestal sustentável por parte de iniciativas do terceiro setor”, diz Pacheco.
A rede Simex procurou a Organização Estadual de Meio Ambiente (Oema) de Roraima em busca de informações sobre exploração madeireira autorizada, mas não obteve retorno. Assim, os dados apresentados neste relatório foram obtidos exclusivamente por meio do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor) pela plataforma do Sistema Compartilhado de Informações Ambientais (Siscom), o que pode acarretar inconsistências decorrentes da falta de atualização.
Os municípios de Roraima com mais exploração madeireira autorizada entre agosto de 2022 e julho de 2023 foram: São Luiz, com 819 hectares; Caroebe, com 466 hectares; Caracaraí, com 326 hectares; Rorainópolis, com 257 hectares; e Mucajaí, com 235 hectares. Já entre os com mais exploração madeireira não autorizada foram: Caracaraí, com 5.102 hectares; Rorainópolis, com 2.400 hectares; São Luiz, com 878 hectares; Mucajaí, com 436 hectares; Caroebe, com 364 hectares; Cantá, com 93 hectares; e São João da Baliza, com 45 hectares.
Já entre os assentamentos rurais mais explorados em Roraima se destacaram: o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) Anauá, com 514 hectares; o Projeto de Assentamento (PA) Cupiuba, com 124 hectares; o PA Trairi, com 69 hectares; o PA Ladeirão, com 66 hectares; o PA Integração, com 51 hectares; e o PA Jatapu, com 22 hectares.
This post was published on 23 de agosto de 2024
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