A exploração sustentável de madeira e a coleta de castanha do Pará podem gerar R$4,4 bilhões ao longo de 20 anos em florestas estaduais da região da Calha Norte, no Pará.
Esse é um dos resultados divulgados esta semana pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon após o cálculo do potencial de geração de receita, emprego e tributos em dois empreendimentos que podem ser desenvolvidos nas Florestas Estaduais da região: extração de sustentável de madeira e coleta de castanha do Pará. O estudo do Imazon, que foi realizado com apoio do Fundo Vale, apontou ainda que a Calha Norte pode gerar 8.986 empregos diretos e indiretos a partir de 2013.
Na Calha Norte do Pará estão as Florestas Estaduais (Flotas) do Paru, Trombetas e Faro, todas Unidades de Conservação de uso sustentável, as quais se destinam ao uso múltiplo dos recursos florestais (madeira, não-madeireiros, turismo, serviços ambientais etc.) Essas Flotas totalizam 7,4 milhões de hectares, mas apenas pouco mais de 12% dessa área (850 mil hectares) serão destinadas para a produção madeireira de acordo com o Instituto de Desenvolvimento Florestal (Ideflor) do Governo do Pará.
Além disso, os governos federal, estadual e municipal poderão arrecadar R$ 887 milhões em royalties e impostos em valores de 2010, ao longo desse período, o que corresponde a 20% do faturamento bruto dessas atividades. As estimativas foram elaboradas com base nos levantamentos de campo realizados pelo Imazon. Pelo menos 30% dos impostos e royalties devem ir para os municípios da Calha Norte.
Os municípios mais beneficiados com os empreendimentos serão Almeirim, Monte Alegre, Alenquer, Oriximiná e Faro.
O estudo foi elaborado considerando um cenário conservador. De acordo com Adalberto Veríssimo do Imazon, um dos autores do estudo, é altamente provável que essas duas atividades acabem gerando uma receita maior do que a prevista. Além disso, ele ressalta que não foram incluídas nessas estimativas outras atividades econômicas com grande potencial de ocorrer nas Flotas tais como ecoturismo, pagamento de serviços ambientais, mineração e coleta de outros produtos não-madeireiros. Veríssimo indicou que essas atividades serão consideradas na próxima etapa da pesquisa.
Rodrigo Bandeira, consultor e também autor do estudo, diz que foram dedicados quase cinco meses para obter os resultados. Ele diz que foi possível lançar um olhar econômico sobre a floresta, o que permite integrar atores sociais e fortalecer ações colaborativas em benefício das questões ligadas à região.
Sobre a Calha Norte do Pará
Com cerca de 28 milhões de hectares e localizada na porção setentrional do Estado, a Calha Norte do Pará abriga 334 mil habitantes distribuídos em nove municípios. Essa região é umas das mais bem conservadas de toda a Amazônia e possui o maior mosaico de áreas protegidas do mundo, o qual soma cerca de 21,8 milhões de hectares com o desmatamento representando apenas cerca de 4% do território até 2009.
Em 2006 foram criadas cinco Unidades de Conservação na Calha Norte totalizando cerca de 13 milhões de hectares (três vezes o território do Estado do Rio de Janeiro) das quais 7,4 milhoes são Florestas Estaduais (Flotas). E o restante são Unidades de Proteção Integral destinadas à proteção total da biodiversidade incluindo a maior Unidade do mundo, a Estação Ecológica do Grão Pará com 4,2 milhões de hectares – equivalente a mais de duas vezes o Estado de Sergipe.
This post was published on 2 de agosto de 2013
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