Segundo o relatório Radar Verde, em 2024, das 146 empresas avaliadas, 6 foram classificadas com grau de controle muito alto (verde escuro, 90-100 pontos) para fornecedores diretos. Mas o desafio com os indiretos permanece para todas.

Captura de tela 2025 02 05 142820 - Frigoríficos Marfrig, Minerva e Rio Maria lideram no controle da cadeia contra o desmatamento da Amazônia

Os frigoríficos Marfrig, Minerva e Rio Maria lideram o ranking do Radar Verde em 2024, com os melhores resultados no controle de fornecedores para evitar o desmatamento na Amazônia. Essas três empresas foram seguidas por Masterboi, Frigol, JBS, Mercúrio Alimentos, Fortefrigo, Mafrinorte, Valencio, Fribev, Frigorífico Altamira e Frigonorte. O relatório anual mapeou 146 empresas de carne com registros de Serviço de Inspeção Estadual (SIE) e de Serviço de Inspeção Federal (SIF) operando na Amazônia Legal, classificando seu desempenho sobre o compromisso no monitoramento e controle das fazendas fornecedoras.

Entre as avaliadas, algumas se destacaram em relação ao controle dos fornecedores diretos. Seis frigoríficos foram classificados com grau de controle muito alto (verde escuro, 90-100 pontos), 5 apresentaram grau de controle alto (verde claro, 70-89 pontos) e outros 2 alcançaram grau de controle intermediário (amarelo, 50-69 pontos). O desafio de rastrear fazendas indiretas — onde os bois passam a maior parte da vida — permanece. Nenhuma empresa comprovou a rastreabilidade completa dessas propriedades.

“Desde o nascimento até a engorda, um boi passa por várias fazendas. Se o frigorífico controlar apenas a fazenda de engorda, é muito provável que contribua para o desmatamento na Amazônia, onde o desmatamento tem sido mais concentrado nas fazendas de cria e recria – que são as fornecedoras indiretas dos frigoríficos. Sem o controle das fazendas indiretas, nenhuma empresa pode confirmar que está livre do desmatamento”, explica Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), uma das organizações que realiza anualmente a pesquisa, em parceria com o Instituto O Mundo Que Queremos

Segundo o  Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Amazônia Legal concentra 43% do rebanho bovino do Brasil e a destruição da floresta na região está diretamente relacionada à expansão de pastagens, que abrange cerca de 90% das áreas desmatadas. “Alguns frigoríficos estão começando a fazer controle voluntário dos fornecedores indiretos, mas é difícil avaliar a efetividade da abrangência dessas iniciativas pela ausência de comprovação independente como uma auditoria”, diz Barreto.

Grau de Controle da Cadeia

O relatório Radar Verde deste ano mostra uma lenta evolução do setor. Pela primeira vez, o frigorífico Plena Alimentos participou voluntariamente da pesquisa, enviando as respostas ao questionário — as demais empresas continuaram sendo avaliadas através das informações públicas que disponibilizam nos seus sites. Em 2023, 38 empresas frigoríficas possuíam sites, mas muitas não ofereciam dados sobre o controle de gado para avaliação do Grau de Controle da Cadeia. Em 2024, esse número cresceu para 41, mas a quantidade de informações relevantes ainda permanece pouco expressiva.

Cinco frigoríficos apresentaram uma discreta melhora em seus resultados em relação ao ano anterior: Plena Alimentos, Frigobom, Pantanal, Santa Cruz e Boa Carne. Além disso, um frigorífico, Frigonorte (J M SOARES), saiu da classificação vermelha para laranja devido a presença de resultado de auditoria no relatório do TAC da Carne. O nível de implementação das políticas, que corresponde às auditorias independentes, também aumentou. Em 2023, 11 empresas de carne tinham resultados de auditoria independente para atestar parte de suas alegações sobre controle de fornecedores. Em 2024, esse número subiu para 13.

Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento

O Radar Verde avalia também o Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento, que mede a área com fatores de risco de desmatamento nas zonas potenciais de compra de gado das empresas. Estes fatores incluem desmatamento recente, áreas embargadas por desmatamento ilegal e risco de desmatamento no curto prazo. De acordo com o novo relatório, os cinco frigoríficos com maior Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento são, nesta ordem: JBS, Frigo Manaus, Frialto, Masterboi e Amazon Boi.  A JBS é a empresa mais exposta ao risco, com cerca de 11,5 milhões de hectares — uma área maior do que o estado de Santa Catarina. Essa alta exposição, que é o dobro da segunda colocada, está diretamente relacionada à escala de operação da empresa na região: das 24 plantas frigoríficas que a JBS possui na Amazônia, 21 estão em atividade. A maioria das outras empresas do setor possui apenas uma unidade na região.

“O Radar Verde é um instrumento estratégico para diversas finalidades, pois pode orientar investidores, bancos, compradores corporativos e importadores, permitindo identificar riscos e priorizar ações para promover cadeias mais sustentáveis”, ressalta Alexandre Mansur, diretor de projetos do Instituto O Mundo Que Queremos. “Também é uma ferramenta importante para o próprio setor, pois o ajuda a entender seu estágio atual e direcionar melhorias, garantindo maior segurança, qualidade e competitividade para a pecuária brasileira”, completa.

Confira abaixo o ranking das empresas com melhor desempenho na avaliação quanto ao Grau de Controle da Cadeia:

Captura de tela 2025 02 05 143039 - Frigoríficos Marfrig, Minerva e Rio Maria lideram no controle da cadeia contra o desmatamento da Amazônia

Para acessar o relatório completo, clique aqui.

O Radar Verde

O Radar Verde é uma iniciativa conjunta do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do Instituto O Mundo Que Queremos que, desde 2022, divulga  pesquisas que classificam os frigoríficos da Amazônia e os principais supermercados do país de acordo com o controle e transparência sobre sua cadeia da carne. Trata-se de um  indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, que busca dar visibilidade às empresas compromissadas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal, contribuindo para a preservação ambiental e para a construção de um mercado mais transparente e eficiente.


Leia também:

APÓS DIGITAR O TEXTO, PRESSIONE ENTER PARA COMEÇAR A PESQUISAR