Constatou-se que em 30 anos, o bioma perdeu 350 mil km² de água por ano

 

Há quase 30 anos, o Imazon já realiza o monitoramento das áreas verdes na Amazônia. Agora, essa expertise foi ampliada para estudar também as águas da região. Em parceria com a ONG World Wide Fund for Nature (WWF), as instituições realizaram uma pesquisa que utilizou os mesmos mecanismos e metodologia para mapear o desmatamento. O estudo revelou que a Amazônia perde todos os anos cerca de 350 km² de superfície de água.

O artigo, intitulado “Long-Term Annual Surface Water Change in the Brazilian Amazon Biome: Potential Links with Deforestation, Infrastructure Development and Climate Change” foi publicado na revista sueca Water, em março deste ano. Para realizar a pesquisa, foram analisadas imagens de satélites da região feitas pelo Projeto MapBiomas desde 1985 até 2017, além do apoio do Google Earth Engine.

A plataforma utilizada pela pesquisa foi o Google Earth Engine. Graças a alta capacidade de processamento, foram necessários apenas 4 meses para gerar os mapas anuais de água, que também servirão de referência para outros estudos. Outras novidades na pesquisa foram os algoritmos desenvolvidos especialmente para a Amazônia. Um deles para a detecção de água no bioma, e outro capaz de distinguir os corpos d’água antrópicos dos naturais.

Como resultado, nossos dados mostraram que em áreas desmatadas ocorre uma dispersão dos corpos d’água por causa de barragens que são construídas tanto pela geração de energia como pelo uso na agropecuária. Esta dispersão não permite que os rios pequenos possam prosseguir com as funções naturais deles, o que tem um alto impacto em todos os equilíbrios ecológicos.

A pesquisa também revelou que algumas áreas sensíveis, como inundações no norte do Amazonas e sul de Roraima sofreram muito de seca no anos recentes. Isso pode ser uma consequência das mudanças climáticas. O estudo denota, ainda, alguns dados preocupantes: o nível da água no Rio Amazonas foi uma constante, mas seu caminho mudou. Os fenômenos de seca e inundação são naturais, mas a recuperação após temporadas mais secas não tem ocorrido. Isso tem causas e consequências diretamente ligadas com o homem.

Vários fatores podem estar contribuindo para essas transformações: mudanças climáticas, perda da vegetação, construção de hidrelétricas, o avanço da agricultura nas bacias, entre outros. O próprio desmatamento tem sido uma grande causa, e isso pode comprometer os recursos hídricos. A região onde estão mais evidenciadas essas intervenções coincide com o “Arco do Desmatamento”. São 500 mil km² de terras que vão do leste e sul do Pará em direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre, que registram os maiores índices de desmatamento na Amazônia.

Segundo o Pesquisador Sênior do Imazon, um dos autores do estudo, Carlos Souza Jr, o mapeamento também é capaz de distinguir corpos d’água e obras humanas, como açudes, pequenas centrais hidrelétricas, formação de lagos para piscicultura somadas, entre outras. “Conseguimos identificar áreas de preservação permanente (APPs) transformadas em bebedouros ou tanques para aquicultura. Observamos mais de 50 mil mini-represas ao longo do arco do desmatamento. Obras que precisam ser licenciadas, locais que precisam ser recuperados. A ferramenta ajuda a reconhecer o problema e mostra o desafio de recuperar essas áreas”, concluiu.

 

Confira o estudo aqui.

 

O Instituto do Homem e Meio Ambiente – Imazon é um instituto brasileiro de pesquisa entre os mais respeitados do mundo. Nossa missão é promover a conservação e desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Nossa base de pesquisas conta com tecnologias de ponta, capazes de colher informações a longo alcance, em tempo real e em diferentes condições de clima, umidade e luminosidade. Para realizar o mapeamento da Amazônia, utilizamos satélites operados pela Agência Nacional de Pesquisas Espaciais, radares da Agência Espacial Europeia, sensor Modis e plataformas do Google, capazes de captar áreas com alta precisão e mostrar tudo que acontece nas mais remotas regiões.


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