Inteligência Artificial na proteção da Amazônia

O Fundo Vale, mantido pela Vale, firmou parceria com a Microsoft e a ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) para criar uma ferramenta de Inteligência Artificial que antecipa informações de regiões com maior risco de desmatamento e incêndios na Amazônia. A ferramenta analisa diversos dados, como topografia, cobertura do solo, infraestrutura urbana, estradas legais e ilegais e dados socioeconômicos para identificar possíveis tendências de mudanças no uso do solo. 

Referência no país em pesquisa de monitoramento na região, o Imazon vai disponibilizar as informações publicamente em um painel de controle (dashboard) exclusivo para o projeto. Os dados poderão ser usados por órgãos públicos para ações preventivas de combate e controle e pelo setor financeiro e o agronegócio, a fim de mitigar riscos de investimentos e transações de mercado associadas ao desmatamento ilegal. A previsão é e que a tecnologia esteja disponível na próxima estação seca da Amazônia, até julho de 2021.

A Vale, que já contribui para proteger 800 mil hectares de florestas na Amazônia, anunciou recentemente que pretende conservar e restaurar mais 500 mil hectares de mata nativa até 2030. A iniciativa faz parte da estratégia da empresa de  torna-se carbono neutra em 2050. E a ferramenta de Inteligência Artificial da Microsoft poderá ajudá-la a atingir a meta florestal. “O sistema tem potencial de ser usado também para avaliar áreas de restauração florestal e vulnerabilidade ao fogo, ajudando a produzir dados mais concretos para arranjos de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação) que poderão ser adotados pela Vale em mercados de créditos de carbono”, explica diretora do Fundo Vale, Patrícia Daros. 

O pesquisador associado do Imazon e coordenador do projeto, Carlos Souza Jr., explica que a nova ferramenta de IA é um modelo preditivo de desmatamento e queimadas e vai aprimorar o Sistema de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia (SAD), criado em 2010 também com o apoio financeiro do Fundo Vale. O SAD monitora e reporta o desmatamento e a degradação florestal mensalmente, além de gerar mapas diários de focos de calor de queimadas ativas, a partir do cruzamento de dados de vários fontes, como o INPE e a NASA.

Carlos Souza Jr. explica que a nova tecnologia vai aperfeiçoar os modelos de risco de desmatamento para resolução de 1 hectare e utilizar mais variáveis preditoras. “O modelo de risco de desmatamento e queimadas permitirá a previsão de desmatamento futuro no curto prazo, ou seja, nos próximos seis meses. No final, não queremos que os nossos modelos de risco acertem na previsão, e sim que o desmatamento e as queimadas sejam evitados”, completa.

Segundo a presidente da Microsoft no Brasil, Tânia Cosentino, a parceria da empresa com o Fundo Vale e o Imazon faz parte do “Microsoft Mais Brasil”, um plano abrangente que visa promover o crescimento do país, criar oportunidades de emprego e contribuir com a sustentabilidade. “Com o uso de Inteligência Artificial para prevenir o desmatamento da Amazônia, queremos reforçar nossa parceria com o país e destacar que a tecnologia também é uma importante ferramenta para apoiar na preservação de um dos principais biomas brasileiros”, afirma a executiva. 

Como parte do conjunto de iniciativas, a Microsoft expandiu sua oferta de nuvem no país, estabeleceu uma aliança com o Ministério da Economia para auxiliar na busca por oportunidades de emprego para até 25 milhões de trabalhadores e oferecer treinamento digital gratuito com capacidade para treinar até 5,5 milhões de pessoas. 

Fundo Vale

Criado em 2010, o Fundo Vale já apoiou mais de 75 iniciativas entre instituições de pesquisa, governos locais, ONGs, startups e associações comunitárias para a proteção de mais de 23 milhões de hectares de floresta. Aportou cerca de R$ 130 milhões nessas iniciativas na última década. Além de resgatar a antiga parceria com o Imazon, o Fundo Vale também está mobilizando o Instituto Tecnológico Vale, sediado em Belém, para participar do projeto com o Imazon. O instituto conta com alguns pesquisadores no assunto e o intercâmbio de conhecimento poderá enriquecer suas pesquisas.

Mosaico de Carajás

A Vale mantém ações de proteção à floresta na Amazônia, onde está presente há mais de 30 anos. Hoje, em parceria com ICMBio, a empresa mantém seis unidades de conservação, que formam o Mosaico de Carajás, no sudeste do Pará, uma área de cerca de 800 mil hectares, o equivalente a cinco vezes a cidade de São Paulo. Suas atividades de mineração interferem menos de 1,5% do total das áreas protegidas, apesar de operar ali a maior mina de minério de ferro a céu aberto do mundo. 

O Mosaico de Carajás é um dos poucos maciços de floresta nativa conservados dentro do chamado “arco do desmatamento” da Amazônia, região de extensa atividade econômica que se estende do oeste do Maranhão até o Acre.  Desde 2015, a Vale já investiu aproximadamente R$ 145 milhões para atividades de proteção das seis unidades de conservação do Mosaico de Carajás, entre as quais combate a incêndio, garimpos, desmatamento, caça e pesca ilegais. Destinou ainda cerca de R$ 13,5 milhões para o suporte estrutural do ICMBio, como compra de carros, equipamentos e contratação de equipes de apoio.

This post was published on 13 de novembro de 2020

Notícias recentes

Nenhum dos frigoríficos da Amazônia Legal está em conformidade com as novas políticas de exportação da União Europeia

63% das empresas possuem controle sobre os fornecedores diretos, mas nenhum controle sobre fornecedores indiretos,…

14 de novembro de 2024

Reconhecimento internacional: pesquisador do Imazon no topo dos cientistas mais citados do mundo

Carlos Souza Jr. é reconhecido pela Elsevier e pela Universidade de Stanford entre pesquisadores com…

12 de novembro de 2024

IMPA e Imazon desenvolvem IA que identifica desmatamento

O Centro Pi (Centro de Projetos e Inovação IMPA) desenvolveu, em parceria com o Imazon (Instituto do…

12 de novembro de 2024

Organizações parceiras lançam um novo programa para Terras Indígenas e Unidades de Conservação no Norte do Pará

O programa está previsto para durar 15 anos e irá contemplar os povos e organizações…

8 de novembro de 2024

Degradação da Amazônia passa dos 20 mil km² em setembro, a maior em 15 anos

Área afetada pelo dano ambiental equivale a mais de 13 vezes a cidade de São…

25 de outubro de 2024

GPA é o supermercado com maior controle da cadeia da carne para evitar desmatamento da Amazônia

Carrefour, Assaí e Cencosud Brasil também apresentam evidências de controle ambiental da cadeia de fornecedores,…

16 de outubro de 2024