IPCC: Pesquisador do Imazon comenta relatório da ONU sobre mudanças climáticas

Conforme Paulo Barreto, as secas mais frequentes, acompanhadas de queimadas, vão empobrecer a floresta amazônica

 

Queimada de grande porte em área de desmatamento no município de Apuí, Amazonas – Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real, 2020

 

O Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU (IPCC, na sigla em inglês) publicou nesta segunda-feira (09) um relatório assinado por 234 cientistas, de 65 países. O documento marcou a primeira vez em que os pesquisadores quantificaram a responsabilidade das ações humanas no aumento da temperatura.

Além de afirmar que o papel da influência humana no aquecimento global é “inequívoco” e “inquestionável”, o relatório também explica que algumas mudanças no clima são irreversíveis em centenas ou milhares de anos, como o aumento contínuo no nível do mar.

Segundo a publicação, o nível global dos oceanos aumentou cerca de 20 cm desde 1900, e a taxa de elevação praticamente triplicou na última década. Se a temperatura global aumentar 2ºC, a alta no nível dos oceanos chegará a cerca de meio metro.

O documento ainda constata que as ondas de calor já triplicam no mundo em comparação com o período de 1850 a 1900 e que as variações extremas de temperatura, que aconteciam uma vez por década, hoje podem ocorrer 2,8 vezes no mesmo período. E se o planeta aquecer 4ºC, serão anuais.

Além disso, o volume de água das tempestades já é 6,7% maior pode chegar a 30,2% em um cenário de aquecimento global de 4ºC. Já as secas agrícolas e ecológicas podem ficar até 4 vezes mais presentes em um período de 10 anos.

Em entrevista à CNN, Paulo Barreto, pesquisador associado do Imazon, afirmou que o brasileiro já está sentindo no bolso os efeitos da mudança climática, com a conta de luz mais cara devido à crise hídrica. “O Brasil está mais seco e a tendência é que piorará sem a redução drástica das emissões de poluentes que causam o aquecimento global”, disse à reportagem.

“As secas mais frequentes, acompanhadas de queimadas, vão empobrecer a floresta amazônica. A floresta mais rala terá menos capacidade de modular a quantidade de chuvas em outras regiões do país. Já estamos vendo alguns efeitos do que isso significa: menos chuvas estão reduzindo a produtividade agropecuária no sul da Amazônia, reservatórios das hidrelétricas estão reduzidos e rios mais secos dificultam o transporte de cargas em hidrovias”, completou Barreto à CNN.

 

Leia aqui a reportagem completa

This post was published on 9 de agosto de 2021

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