IPS Amazônia 2018 revela que não houve avanço no progresso social na região

Quatro anos após a primeira medição, realizada em 2014, a Amazônia continua marcada por problemas como violência crescente, saneamento precário, elevada mortalidade por doenças crônicas, desmatamento e educação de baixa qualidade.

Pesquisadores do Imazon divulgaram nesta segunda-feira, 25, os dados do Índice de Progresso Social na Amazônia Brasileira 2018 (IPS Amazônia 2018). Em sua segunda edição, o índice que mede a performance social e ambiental de 772 municípios da Amazônia Legal, revela que não houve avanço no progresso social da região nos últimos quatro anos.

De acordo com a pesquisa, houve, em 2018, uma redução do índice da Amazônia, em comparação aos resultados apresentados no IPS Amazônia em 2014: caindo de 57,31 para 56,52. Com esse índice, a região amazônica se manteve bem abaixo da média nacional, que é igual a 67,18. “Um resultado incompatível com a importância que a Amazônia Legal tem para o Brasil, pois ela compreende 59% do território nacional e abriga as maiores riquezas naturais da nação”, afirma Beto Veríssimo, um dos líderes do IPS Amazônia.

Entre os componentes que contribuíram para a redução no desempenho da Amazônia, estão segurança pessoal, saúde e bem estar, tolerância e inclusão, qualidade do meio ambiente e direitos individuais. Por outro lado, os componentes nutrição e cuidados médicos básicos, acesso à informação e comunicação, acesso ao conhecimento básico e liberdade individual e de escolha apresentaram melhora ou mantiveram-se iguais aos resultados de 2014. Isso contribuiu para amenizar os efeitos da redução de componentes como segurança pessoal, que caiu de 54,71 para 52,28, entre 2014 e 2018, influenciado pela subida na taxa de homicídios, que passou de 32 mortes por 100 mil habitantes em 2009 para 42 homicídios por 100 mil habitantes em 2016.

Entre os Estados da Amazônia Legal, Mato Grosso (59,13), Rondônia (58,51) e Tocantins (57,44) apresentaram os melhores resultados no IPS Amazônia 2018. Mesmo assim, esses Estados estão muito abaixo da média nacional. Na comparação entre 2018 e 2014, houve ligeira melhora no IPS nos Estados do Acre (54,18), Maranhão (55,02), Pará (55,57) e Roraima (54,84). Por outro lado, houve redução no IPS no Amapá, Amazonas e Rondônia. Esses estados obtiveram os piores IPS da região.

Dos 772 municípios amazônicos avaliados, a maioria (59%) teve redução no IPS 2018 comparado ao IPS 2014. Dentre os municípios que sofreram tal redução, incluem-se Altamira (PA), Canaã dos Carajás (PA), Parintins (AM), Imperatriz (MA) e todas as capitais da Amazônia, sendo que Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Palmas (TO) e Belém (PA) sofreram as maiores reduções entre as capitais. Apenas 30% dos municípios tiveram aumento no IPS, entre eles estão: Tailândia (PA), Bacabal (MA), Parauapebas (PA), Terra Santa (PA) e Faro (PA). Em 11% dos municípios, o IPS se manteve estável como foi o caso de Ourém (PA), Novo Progresso (PA), Coari (AM), e Centro Novo do Maranhão (MA).

Embora haja correlação positiva com a renda per capita e o IPS, somente a performance econômica não é suficiente para explicar o progresso social nos municípios, pois a relação entre ambos não é linear. Alguns municípios com renda per capita muito baixa apresentaram IPS relativamente alto em relação a outros municípios na mesma faixa de renda. Por exemplo, Ipueiras (TO), Porto Rico do Maranhão (MA) e Santa Cruz do Arari (PA) estavam entre os 40 melhores IPS no ranking regional, mesmo apresentando uma renda per capita muito baixa em comparação com as capitais. Por outro lado, diversos municípios com renda superior à média regional apresentaram um IPS nos níveis mais baixos em 2018. Por exemplo, Campos de Júlio (MT), que possuía a melhor renda per capita da Amazônia Legal, ocupa a posição 231 do IPS em 2018.

A pesquisa mostra ainda que não existe relação de progresso social com o aumento do desmatamento. Pelo contrário, o aumento do desmatamento tende a agravar a situação social e econômica dos municípios. De acordo com Daniel Santos, um dos autores do IPS Amazônia, é inteiramente possível gerar renda e emprego na Amazônia sem desmatar novas áreas de floresta. “A melhora do progresso social depende ainda da redução do desmatamento e do melhor uso das áreas já desmatadas”, afirma Daniel.

Para o pesquisador Beto Veríssimo, não há uma “solução milagrosa” para resolver as questões complexas do subdesenvolvimento social que aflige a Amazônia. Beto defende que é hora de buscar um modelo mais inteligente de crescimento econômico que não dependa da destruição da floresta.  “A melhor maneira de realizar o progresso social na Amazônia é buscar o fim do desmatamento, dinamizar a economia com base no uso sustentável dos recursos naturais, investir em infraestrutura para melhorar a qualidade de vida e garantir maiores oportunidades para os 27 milhões de habitantes da região”, diz.

Imazon – O Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, é uma organização brasileira com sede na Amazônia, composta por pesquisadores brasileiros que estão entre os mais respeitados no mundo. Com 29 anos de experiência e mais de 800 publicações, o instituto desenvolve estudos técnicos, diagnósticos e projetos demonstrativos com o objetivo de promover a conservação e o desenvolvimento sustentável na Amazônia.

Clique aqui para conferir a íntegra do estudo.

Mais informações: www.ipsamazonia.org.br

 

Mais informações e solicitações de entrevista:

Stefânia Costa – Assessoria de Comunicação

(91) 3182-4034

 

This post was published on 25 de março de 2019

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