O MapBiomas Amazônia é uma ferramenta de mapeamento que permite monitorar as mudanças no uso do solo em toda a Amazônia e acompanhar as pressões em suas florestas e ecossistemas naturais. A Coleção 2.0 de Mapas Anuais de Cobertura e Uso do solo da Amazônia será apresentada nesta quinta-feira, 2 de julho, na plataforma youtube.com/mapbiomasbrasil, às 9h30 no Peru, Equador e Colômbia; 10h30 na Bolívia e Venezuela; e 11h30 no Brasil.
Segundo Sandra Ríos, uma das coordenadoras técnicas do MapBiomas Amazônia, esta coleção apresenta mais de três décadas de história da cobertura e uso do solo da Pan Amazônia em mapas anuais de 1985 a 2018. A plataforma MapBiomas Amazônia oferece a possibilidade de visualizar os mapas nos níveis regional, nacional e até local, identificando as áreas cobertas por florestas, campos naturais, manguezais, agricultura e rios, entre outras classes. É possível ainda entender a dinâmica das mudanças no uso do solo dentro e fora de um território indígena ou de uma área protegida.
Uma grande contribuição desta coleção é que a plataforma passa a oferecer não apenas os mapas de uso do solo como também estatísticas apresentadas em tabelas e gráficos dinâmicos para o período requisitado pelo usuário, com livre acesso e disponível para download, disse Ríos. A Segunda Coleção do MapBiomas Amazônia foi gerada por técnicos e especialistas de cada um dos países que fazem parte da Pan Amazônia, o que permite obter maior precisão nos resultados.
Em 2019 foi apresentada a Primeira Coleção cobrindo o período de 2000 a 2017, e agora, após intenso trabalho dos membros da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (RAISG), e a colaboração técnica da equipe MapBiomas Brasil, com esta Segunda Coleção busca-se contribuir para o conhecimento e análise da região amazônica de maneira integral para o período de 1985 a 2018, incluindo também dados sobre os vetores de pressão sobre as florestas e outras coberturas como mineração, petróleo, estradas e hidrelétricas.
Esse mapeamento inédito incorpora toda a Pan Amazônia, desde os Andes até a planície amazônica e alcançando as transições com o Cerrado e o Pantanal. Os resultados de 2018 mostram que a Pan Amazônia mantém 83,4% de sua cobertura vegetal natural. Entre 1985 e 2018, a região perdeu 72,4 milhões de hectares de sua cobertura vegetal natural, uma área equivalente ao território do Chile. Nesse mesmo período houve um crescimento de 172% na área de agropecuária.
Para a RAISG, publicar a Coleção 2.0 do MapBiomas Amazônia 1985-2018 é um avanço importante em direção ao objetivo de “construir e promover uma visão integral da Amazônia, considerando aspectos políticos de uma região compartilhada entre oito países, bem como aspectos socioambientais de grande importância”, disse Beto Ricardo, coordenador da Raisg.
Para Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, o lançamento da Segunda Coleção do MapBiomas Amazônia é um passo importante para garantir o mapeamento de toda a América do Sul com um grau de detalhe espacial e temporal sem precedentes nos outros continentes. ¨ Com o lançamento da Coleção 2.0 do MapBiomas Amazônia e as iniciativas em andamento do MapBiomas Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, mais de 90% do território da América do Sul será coberto por séries históricas de mapas de uso e cobertura do solo. Esse banco de dados é inestimável para entender a dinâmica do uso dos recursos naturais da região, além de contribuir para modelar o clima e calcular as emissões e remoções de gases de efeito estufa devido à mudança e uso do solo na região¨.
As informações contidas na ferramenta de mapeamento são compatíveis e harmonizadas para todos os países da região e permitem conhecer o estado da cobertura vegetal, bem como as tendências, na unidade em que se deseje trabalhar. Da mesma forma, permite identificar as mudanças que ocorreram no uso do solo em um determinado período (ano, período de cinco anos, décadas etc.) entre 2000 e 2017. Assim, por exemplo, é possível identificar zonas vermelhas, onde ocorreram mudanças importantes, como a substituição da floresta por culturas agrícolas ou pastagens.
No nível da região amazônica é de grande valor poder ter essas informações com uma resolução espacial de 30 metros e com o detalhe e a precisão das análises permitidas pela ferramenta desenvolvida pelo MapBiomas Amazônia . Todo o processamento de dados é realizado utilizando algoritmos de classificação automática por meio de dados na nuvem, na plataforma do Google Earth Engine.
Inicialmente, a ferramenta de mapeamento do uso do solo foi desenvolvida pelo MapBiomas para ser aplicada no Brasil e teve que ser aperfeiçoada com a contribuição das organizações membros da RAISG para ajustar os resultados e análises à geografia de cada um dos países amazônicos. Dessa maneira, o conhecimento existente no nível local tem permitido aprimorar a ferramenta e refinar a interpretação dos dados, tornando as informações compatíveis com os demais países e contribuindo para uma visão integral da Amazônia. Nesse sentido, o método utilizado permitiu padronizar os biomas incluídos na análise: os nove países amazônicos compartilham o bioma Amazônia, enquanto Peru, Equador e Bolívia também compartilham o bioma Andes.
Em particular, era necessário levar em consideração as variações de altitude típicas da Amazônia andina. Atualmente, a ferramenta de mapeamento inclui 21 classes, variando de geleiras andinas a formações florestais nas planícies amazônicas.
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SOBRE RAISG
A RAISG é a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, um consórcio de organizações da sociedade civil dos países amazônicos orientadas para a sustentabilidade socioambiental da Amazônia, com o apoio da cooperação internacional. A RAISG gera e divulga conhecimento, dados estatísticos e informações socioambientais geoespaciais da Amazônia, elaboradas com protocolos comuns para todos os países da região; permite visualizar a Amazônia como um todo, bem como as ameaças e pressões que a pairam sobre ela.
https://www.amazoniasocioambiental.org/pt-br/
SOBRE MAPBIOMAS
O MapBiomas é uma iniciativa multi-institucional que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia que se uniram para contribuir para a compreensão das transformações do território brasileiro a partir do mapeamento anual da cobertura e uso do solo no Brasil. Em agosto de 2019 a Coleção 4 do MapBiomas foi publicada com mapas de cobertura e uso do solo do Brasil de 1985 a 2018.
Para conhecer os parceiros que compõem o MapBiomas Amazônia, consulte a seção Quem somos em:
This post was published on 2 de julho de 2020
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