Relatório Radar Verde identificou que 11 plantas frigoríficas na Amazônia Legal habilitadas a exportar carne para os EUA enfrentam riscos significativos de desmatamento

Levantamento mostrou que essas plantas estão expostas a fatores de risco que abrangem 6,6 milhões de hectares de floresta, o equivalente a cerca de três vezes o estado de Nova Jersey, nos EUA, ou pouco mais de três vezes o estado de Sergipe, no Brasil.

Entre 2021 e 2023 os Estados Unidos aumentaram em 214,4% as importações de carnes do Brasil em comparação com a média dos três anos anteriores. Este aumento resultou, em parte, da necessidade de reduzir a inflação de alimentos nos EUA (USDA, 2022). Uma das causas desta inflação global foi o aumento da frequência e gravidade de eventos climáticos extremos, responsáveis por reduzir a produção de alimentos.

As mudanças climáticas estão relacionadas ao aumento do preço da carne de três maneiras principais: dificultando o cultivo de alimentos para o gado, reduzindo a produtividade do gado devido ao estresse térmico e aumentando a necessidade de água em um contexto de escassez hídrica (World Economic Forum, 2024). Entretanto, em busca de maior segurança alimentar, os Estados Unidos importam carnes que podem provocar mais desmatamento no Brasil, agravando o risco climático e, consequentemente, provocando maior insegurança alimentar. Trata-se de um círculo vicioso. Não à toa, o desmatamento foi responsável por cerca de metade das emissões brasileiras de gases do efeito estufa em 2022.

Nesse contexto, o Radar Verde identificou que 11 plantas frigoríficas na Amazônia Legal habilitadas a exportar carne para os EUA enfrentam riscos significativos de desmatamento. Essas plantas, que pertencem a seis empresas distintas, estão expostas a fatores de risco que abrangem 6,6 milhões de hectares de floresta, o equivalente a cerca de três vezes o estado de Nova Jersey, nos EUA, ou pouco mais de três vezes o estado de Sergipe, no Brasil. A avaliação também revelou que:

  • Os frigoríficos na Amazônia credenciados a exportar carne para os EUA não estão adequados ao projeto de Lei Florestal Norte Americana;
  • A eficácia das políticas contra desmatamento de 90% dessas plantas frigoríficas era baixa ou muito baixa, considerando a divulgação de informação de políticas sobre as fazendas fornecedoras diretas e indiretas de gado;
  • Ao todo, 63% das plantas frigoríficas demonstraram controle sobre seus fornecedores diretos;
  • Nenhuma das plantas frigoríficas publicou dados auditados de controle sobre os seus fornecedores indiretos, o que demonstra falta de controle robusto sobre fornecedores indiretos de gado, essencial para atender aos requisitos do Forest Act;

 

O Radar Verde

Criado em 2022, o Radar Verde é um indicador público e independente de transparência e controle da cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil, que busca dar visibilidade às empresas compromissadas com a redução do desmatamento na Amazônia Legal. O indicador avalia iniciativas de frigoríficos e supermercados, em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores, que indiquem o comprometimento com a garantia de que a carne bovina que compram e vendem não está relacionada ao desmatamento da Amazônia Legal. O índice classifica anualmente os frigoríficos e supermercados de acordo com o controle e transparência sobre sua cadeia da carne.

O objetivo do Radar Verde é oferecer informações relevantes aos financiadores e setor financeiro, responsáveis pela concessão de crédito a estas empresas; e aos consumidores de carne bovina, para que possam tomar decisões sobre o consumo livre de desmatamento no processo de produção. O Radar Verde é uma realização do Instituto O Mundo Que Queremos (IOMQQ) e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Contato para imprensa

Day Nascimento – day.nascimento@omundoquequeremos.com.br

(65) 9248-2636

Baixe o relatório completo aqui

This post was published on 21 de novembro de 2024

Notícias recentes

Nenhum dos frigoríficos da Amazônia Legal está em conformidade com as novas políticas de exportação da União Europeia

63% das empresas possuem controle sobre os fornecedores diretos, mas nenhum controle sobre fornecedores indiretos,…

14 de novembro de 2024

Reconhecimento internacional: pesquisador do Imazon no topo dos cientistas mais citados do mundo

Carlos Souza Jr. é reconhecido pela Elsevier e pela Universidade de Stanford entre pesquisadores com…

12 de novembro de 2024

IMPA e Imazon desenvolvem IA que identifica desmatamento

O Centro Pi (Centro de Projetos e Inovação IMPA) desenvolveu, em parceria com o Imazon (Instituto do…

12 de novembro de 2024

Organizações parceiras lançam um novo programa para Terras Indígenas e Unidades de Conservação no Norte do Pará

O programa está previsto para durar 15 anos e irá contemplar os povos e organizações…

8 de novembro de 2024

Degradação da Amazônia passa dos 20 mil km² em setembro, a maior em 15 anos

Área afetada pelo dano ambiental equivale a mais de 13 vezes a cidade de São…

25 de outubro de 2024

GPA é o supermercado com maior controle da cadeia da carne para evitar desmatamento da Amazônia

Carrefour, Assaí e Cencosud Brasil também apresentam evidências de controle ambiental da cadeia de fornecedores,…

16 de outubro de 2024