Índice de Progresso Social (IPS) analisa 5.570 municípios com base em indicadores sociais e ambientais, oferecendo um retrato multidimensional do desenvolvimento no país
O IPS Brasil divulga, nesta quarta-feira (28.05), a segunda edição do Índice de Progresso Social, de todos os 5.570 municípios brasileiros com base em 57 indicadores sociais e ambientais. O relatório mostra que apesar de avanços graduais, os desafios para garantir qualidade de vida à população brasileira permanecem grandes e desiguais no país. Pelo segundo ano consecutivo, o pequeno município de Gavião Peixoto, localizado no interior de São Paulo, recebeu a melhor classificação do Brasil com a nota de 73,26 em uma escala que vai de 0 a 100. A segunda colocação ficou com Gabriel Monteiro (SP) , seguido de Jundiaí (SP). Dos 10 municípios mais bem colocados, 7 são paulistas.
O IPS também avalia o desempenho médio dos estados brasileiros. São Paulo, Santa Catarina e Paraná foram os mais bem colocados. Na outra ponta, Pará, Maranhão e Amapá apresentaram os piores resultados, evidenciando as desigualdades estruturais e históricas da Amazônia Legal.
No site do IPS Brasil, é possível analisar o perfil detalhado de todos os municípios, identificando em quais áreas cada um se destaca e onde há necessidade de melhorias. A plataforma também permite comparar municípios que estão na mesma faixa de PIB per capita, área e população, oferecendo uma ferramenta poderosa para gestores públicos, investidores sociais e a sociedade em geral entenderem melhor as dinâmicas de desenvolvimento local e planejarem ações mais eficazes para promover o progresso social e ambiental. Acesse o site do IPS e confira o perfil de todos os municípios brasileiros: https://ipsbrasil.org.br/
Para acessar o relatório na íntegra, clique aqui.
O Progresso Social foi definido por um grupo de especialistas acadêmicos e sintetizado pelo SPI como “a capacidade da sociedade em satisfazer as necessidades humanas básicas, estabelecer as estruturas que garantam qualidade de vida aos cidadãos e dar oportunidades para que todos os indivíduos possam atingir seu potencial máximo”.
A partir desse conceito, o IPS Brasil 2025 é formulado com base em 57 indicadores divididos em três dimensões: Necessidades Humanas Básicas; Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades.
Desenvolvido através de uma parceria entre o Imazon, Fundação Avina, iniciativa Amazônia 2030, Anattá, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative., o IPS Brasil é baseado exclusivamente em dados públicos e atualizado anualmente. A ferramenta permite acompanhar tendências e medir a efetividade de políticas públicas em tempo real.
A construção do IPS Brasil 2025 segue uma metodologia rigorosa baseada no padrão internacional do índice. A escolha dos 57 indicadores usados no cálculo obedece a critérios como relevância social ou ambiental, foco em resultados, uso de dados públicos e confiáveis, atualizados e disponíveis para, pelo menos, 95% dos municípios do país. Cada dado passa por uma modelagem estatística detalhada, que inclui normalização, verificação de qualidade, definição de valores de referência e aplicação de pesos definidos por Análise de Componentes Principais (ACP). O resultado final é um índice que varia de zero (pior cenário) a 100 (melhor cenário), refletindo a média simples dos desempenhos nas três dimensões do progresso social. As fontes utilizadas vão de bases consolidadas como DataSUS, CadÚnico e Anatel até iniciativas como o MapBiomas e o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde.
Diferentemente de índices econômicos como o PIB (Produto Interno Bruto) e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o IPS mede diretamente resultados sociais e ambientais, funcionando como bússola para gestores públicos, investidores sociais e organizações da sociedade civil. “O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos. Municípios com PIB semelhante apresentam, muitas vezes, desempenhos muito distintos no índice, o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao bem-estar social de forma integrada.Com o IPS, é possível identificar onde as políticas públicas estão funcionando e onde é necessário intervir com mais urgência. Ele transforma dados complexos em um retrato claro e comparável entre municípios e estados”, afirma Melissa Wilm, coordenadora do IPS Brasil.
A edição 2025 traz uma atualização importante no seu conjunto de dados: foram incluídos novos indicadores que enriquecem o diagnóstico territorial: Consumo de Alimentos Ultraprocessados, Resposta ao Benefício Previdenciário, Resposta a Processos Familiares, Índice de Vulnerabilidade das Famílias e Famílias em Situação de Rua.
O índice nacional de 2025 aponta uma pontuação média de 61,96 (numa escala de 0 a 100). A melhor avaliação ficou com a dimensão Necessidades Humanas Básicas, com média 74,79, seguida de Fundamentos do Bem-Estar (65,02). Já a dimensão Oportunidades, que mede inclusão social, acesso à educação superior e respeito a direitos, teve o pior desempenho: 46,07.
“Apesar de alguns avanços, os dados mostram que o Brasil ainda falha em garantir oportunidades iguais para todos, especialmente para os mais vulneráveis”, afirma Beto Veríssimo, coordenador do IPS Brasil.
Entre os componentes do índice, Moradia obteve a maior média nacional (87,74), enquanto Direitos Individuais (32,41), Educação Superior (47,39) e Inclusão Social (47,21) ficaram entre os mais baixos. Os piores indicadores estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste, com destaque negativo para o componente Qualidade do Meio Ambiente na Amazônia Legal, impactado pelo desmatamento e emissões de gases de efeito estufa. Curiosamente, o relatório também aponta que regiões mais desenvolvidas economicamente, como Sul e Sudeste, apresentam fragilidades em Saúde e Bem-Estar, com altas taxas de obesidade, suicídios e consumo de alimentos ultraprocessados.
O IPS Brasil 2025 revelou uma desigualdade na distribuição do progresso social entre os municípios do país. O ranking dos 20 municípios com os melhores e piores desempenhos (Quadro 1) expõe um contraste entre o Norte, especialmente a região da Amazônia Legal — que concentra a maior parte dos municípios com pior avaliação—, e o Sudeste, onde estão localizados os municípios com os maiores índices.
De modo geral, as capitais brasileiras apresentaram desempenho relativamente melhor no IPS, representado pelos tons de azul no mapa, com exceção de Maceió (AL), Porto Velho (RO) e Macapá (AP), que registraram notas mais baixas. Entre as capitais com melhores resultados, destacam-se Curitiba, Campo Grande, Brasília, São Paulo e Belo Horizonte, conforme mostra o Quadro 2.
Tabela 1 – 20 municípios com melhores pontuações no IPS Brasil 2025 | ||
Município | UF | IPS Brasil 2025 |
Gavião Peixoto | SP | 73,26 |
Gabriel Monteiro | SP | 71,29 |
Jundiaí | SP | 70,70 |
Águas de São Pedro | SP | 70,51 |
Cândido Rodrigues | SP | 70,26 |
Presidente Lucena | RS | 70,07 |
Luzerna | SC | 70,00 |
Pompéia | SP | 69,99 |
Nova Lima | MG | 69,91 |
Itupeva | SP | 69,90 |
Curitiba | PR | 69,89 |
Araraquara | SP | 69,64 |
Campo Grande | MS | 69,63 |
Barra Bonita | SP | 69,60 |
Ribeirão Preto | SP | 69,57 |
Jaguariúna | SP | 69,49 |
Adamantina | SP | 69,19 |
Votuporanga | SP | 69,14 |
Brasília | DF | 69,04 |
Louveira | SP | 69,01 |
Tabela 2 – 20 municípios com piores pontuações no IPS Brasil 2025 | ||
Município | UF | IPS Brasil 2025 |
Uiramutã | RR | 37,59 |
Jacareacanga | PA | 40,04 |
Amajari | RR | 40,95 |
Bannach | PA | 40,99 |
Alto Alegre | RR | 41,07 |
Trairão | PA | 42,08 |
Pacajá | PA | 42,86 |
Portel | PA | 43,25 |
São Félix do Xingu | PA | 43,33 |
Anapu | PA | 43,39 |
Cumaru do Norte | PA | 43,55 |
Japorã | MS | 43,98 |
Uruará | PA | 44,19 |
Santa Rosa do Purus | AC | 44,25 |
Feijó | AC | 44,39 |
Santana do Araguaia | PA | 44,55 |
São João do Araguaia | PA | 44,57 |
Marajá do Sena | MA | 44,92 |
Peritoró | MA | 45,18 |
Santa Maria das Barreiras | PA | 45,18 |
Ranking capitais | Capital | UF | IPS Brasil 2025 | Tier |
1 | Curitiba | PR | 69,89 | 1 |
2 | Campo Grande | MS | 69,63 | 1 |
3 | Brasília | DF | 69,04 | 1 |
4 | São Paulo | SP | 68,88 | 1 |
5 | Belo Horizonte | MG | 68,22 | 1 |
6 | Goiânia | GO | 68,21 | 1 |
7 | Palmas | TO | 68,18 | 1 |
8 | Florianópolis | SC | 67,91 | 1 |
9 | João Pessoa | PB | 67,00 | 1 |
10 | Cuiabá | MT | 66,73 | 1 |
11 | Rio de Janeiro | RJ | 66,13 | 1 |
12 | Porto Alegre | RS | 66,10 | 1 |
13 | Teresina | PI | 65,76 | 1 |
14 | Aracaju | SE | 65,73 | 1 |
Ranking capitais | Capital | UF | IPS Brasil 2025 | Tier |
15 | Natal | RN | 65,63 | 1 |
16 | Vitória | ES | 64,65 | 2 |
17 | Fortaleza | CE | 64,44 | 2 |
18 | São Luís | MA | 64,27 | 2 |
19 | Boa Vista | RR | 63,37 | 2 |
20 | Recife | PE | 63,33 | 2 |
21 | Manaus | AM | 63,19 | 2 |
22 | Belém | PA | 62,33 | 3 |
23 | Rio Branco | AC | 62,29 | 3 |
24 | Salvador | BA | 62,05 | 3 |
25 | Maceió | AL | 61,48 | 3 |
26 | Macapá | AP | 58,72 | 5 |
27 | Porto Velho | RO | 57,25 | 5 |
No ranking dos estados do IPS Brasil 2025, o Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina lideram com as melhores notas, destacando-se em azul escuro no mapa (Figura 3, Quadro 3). Na outra ponta, os piores desempenhos se concentram na Amazônia Legal, com Acre, Maranhão e Pará ocupando, respectivamente, as últimas posições — um retrato das desigualdades regionais que ainda marcam o país.
# | UF | IPS Brasil 2025 |
1 | Distrito Federal | 69,04 |
2 | São Paulo | 66,45 |
3 | Santa Catarina | 64,00 |
4 | Paraná | 63,83 |
5 | Minas Gerais | 63,04 |
6 | Mato Grosso do Sul | 62,81 |
7 | Goiás | 62,63 |
8 | Rio de Janeiro | 62,38 |
9 | Espírito Santo | 62,24 |
10 | Rio Grande do Sul | 62,09 |
11 | Paraíba | 61,09 |
12 | Sergipe | 60,60 |
13 | Rio Grande do Norte | 60,04 |
14 | Ceará | 60,03 |
# | UF | IPS Brasil 2025 |
15 | Mato Grosso | 59,78 |
16 | Pernambuco | 59,56 |
17 | Piauí | 59,17 |
18 | Tocantins | 58,76 |
19 | Amazonas | 57,91 |
20 | Roraima | 57,81 |
21 | Alagoas | 57,70 |
22 | Bahia | 57,67 |
23 | Rondônia | 56,79 |
24 | Amapá | 56,72 |
25 | Acre | 56,29 |
26 | Maranhão | 55,96 |
27 | Pará | 53,71 |
O IPS Brasil 2025 está disponível no site oficial: https://ipsbrasil.org.br
This post was published on 29 de maio de 2025
Com meta de envolver mais de 450 Unidades de Conservação e mobilizar 135 mil visitantes,…
Atividade promove uso de tecnologia como aliada na proteção da floresta e na autonomia das…
Pesquisador do Inpe deixou como legado ferramentas que mudaram a história da gestão ambiental no…
Atividade promoveu reflexão sobre descobertas recentes da arqueologia que provam que os indígenas vivam em…
Parceria reforça ações de monitoramento ambiental e combate ao desmatamento no Amapá Com foco na…
Perda de floresta chegou aos 2.530 km² nos primeiros nove meses do chamado “calendário de…