Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pela ONU no ano 2000 propõem metas e indicadores para medir e orientar melhorias nas condições socioeconômicas (pobreza, educação, saúde, desigualdade entre os gêneros, mortalidade infantil e materna) e ambientais em regiões pobres e em desenvolvimento do mundo. Neste estudo, analisamos os ODM no contexto da Amazônia considerando os nove países que a compartilham.
Na Amazônia houve progressos no que se refere à maioria dos indicadores analisados se compararmos a situação dos anos mais recentes com a da década de 90. No entanto, em geral, essa melhoria ainda é insatisfatória e, em todos os países, a região amazônica está abaixo das médias nacionais para a maioria dos indicadores. Persiste na região a pobreza, a desigualdade entre os gêneros e alguns problemas graves de saúde como a malária e a tuberculose. O acesso da população ao saneamento básico é insuficiente. A mortalidade materna e a incidência de HIV/AIDS aumentaram nos últimos anos. No que se refere à busca da igualdade entre os gêneros, os avanços são tímidos. As mulheres têm pouca participação na política e são desfavorecidas no mercado de trabalho. Há disparidade dos indicadores entre as zonas urbanas e rurais, e os povos indígenas e tradicionais enfrentam grandes desafios para garantir seu bem-estar.
Por outro lado, o acesso à educação aumentou. Não há desigualdade entre os gêneros quanto ao acesso à escola e também houve queda da mortalidade infantil. A região avançou consideravelmente na criação de áreas protegidas e no reconhecimento legal de territórios indígenas. Apesar disso, persiste uma grande carência de informação sobre o desmatamento na região. O Brasil, que responde por mais de 70% da taxa anual de desmatamento amazônico, apresentou uma diminuição considerável de suas taxas nos últimos anos.
Faltam poucos anos para o prazo estabelecido pela ONU para o cumprimento das metas do milênio e ainda será necessário muito trabalho para atingí-las na Amazônia. Entre as nove metas avaliadas neste estudo, só uma foi alcançada em todos os países (“Eliminar disparidades entre os sexos na educação”). Há grande diferença de resultados entre os países que integram a Amazônia, assim como uma variação importante dentro de um mesmo país. É fundamental que os países produzam e registrem mais informações primárias sobre as condições de vida e do ambiente na região amazônica. Além disso, é necessária a construção de indicadores e índices de qualidade de vida adaptados à realidade e à cultura dos povos da Amazônia.
This post was published on 12 de junho de 2011
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