A atividade madeireira na Amazônia brasileira: produção, receita e mercados

Hummel, A. C., Alves, M. V. da S., Pereira, D., Veríssimo, A., & Santos, D. (2010). A atividade madeireira na Amazônia brasileira: produção, receita e mercados (p. 20). Belém/Brasília: Imazon e Serviço Florestal Brasileiro – SFB.
O Serviço Florestal Brasileiro, órgão do Ministério do Meio Ambiente, e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia – Imazon divulgaram o relatório “A atividade madeireira na Amazônia brasileira: produção, receita e mercados. Trata-se do mais amplo levantamento de campo sobre o setor madeireiro na região. Neste documento estão estatísticas sobre a evolução do setor em termos de consumo de madeira em tora, produção processada, número de empresas, empregos gerados e receita bruta, bem como o mercado madeireiro da Amazônia Legal.
Em 2009, foram identificadas 2.227 empresas na Amazônia Legal. Para este estudo foram entrevistadas 846, o que representa 39% de todos os empreendimentos em funcionamento na região.
Juntas, estas empresas consumiram 14,2 milhões de metros cúbicos de madeira em tora (o equivalente a cerca de 3,5 milhões de árvores) resultando na produção de 5,8 milhões de metros cúbicos de madeira processada. A maioria (72%) era madeira serrada com baixo valor agregado (ripas, caibros, tábuas e similares). Outros 15% foram transformados em madeira beneficiada com algum nível de agregação tecnológica (pisos, esquadrias, madeira aparelhada etc); e o restante (13%) era madeira laminada e compensada.
A estimativa da receita bruta do setor foi cerca de R$ 4,94 bilhões. Dessa receita, o Estado do Pará participou com 43%, seguido de Mato Grosso com 33% e Rondônia com 15%.
A indústria madeireira gerou aproximadamente 204 mil postos de trabalho, dos quais 66 mil empregos diretos (processamento e exploração florestal) e 137 mil empregos indiretos.
Segundo o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Antônio Carlos Hummel, as informações obtidas pela pesquisa ajudarão a projetar cenários para as concessões florestais, instrumento que permite ao governo licitar áreas de florestas públicas para extração de madeira de forma sustentável e serão úteis, por exemplo, na escolha das áreas prioritárias para a realização de manejo florestal via concessão.
Tendências do setor . Houve uma redução importante no consumo de madeira em tora na Amazônia Legal entre 1998 e 2009. Em 1998, o consumo de toras foi de 28,3 milhões de metros cúbicos, depois caiu para 24,5 milhões em 2004 e para 14,2 milhões de metros cúbicos em 2009. Essa queda expressiva no consumo de madeira em tora pode estar relacionada a três causas principais: o aumento na fiscalização; a substituição da madeira tropical por produtos concorrentes e; a crise econômica mundial.
“Nos últimos três anos, a intensificação das ações de fiscalização contra o desmatamento e o combate a exploração ilegal de madeira (promovidas principalmente pelo Governo Federal com apoio das OEMAs), parecer ter sido o principal fator na redução do consumo de madeira Amazônica, diz Denys Pereira, coordenador da pesquisa pelo Imazon. “É provável também que o mercado nacional esteja substituindo gradativamente a madeira amazônica por produtos similares (como MDF, laminados e pisos de madeira plantada, por exemplo), principalmente na construção civil. Isto porque estes materiais não apresentam problemas como garantia de fornecimento, variação da qualidade e principalmente, pressão ambiental, conclui o pesquisador.
Para Hummel, a queda no consumo em tora vinculada às ações de comando e controle mostra ao governo que o momento é favorável à realização das concessões florestais. Por meio delas, os empresários têm acesso a áreas legalizadas para a extração de madeira e podem fazer investimentos de longo prazo, uma vez que os contratos são de até 40 anos. “A fiscalização e a suspensão de planos de manejo florestal em terras públicas a partir de 2003 foram muito importantes, mas agora é essencial ter uma política que favoreça a implantação do manejo florestal na região, em especial através das concessões florestais e do manejo florestal comunitário, diz.
Mudanças no mercado. Neste último levantamento mudanças importantes no mercado de madeira processada da Amazônia foram verificadas. Em 1998, apenas 14% do volume total produzido era exportado. Em 2004, fatores como câmbio favorável e aumento da demanda por madeira amazônica no mercado europeu, norte-americano e asiático elevaram a proporção de madeira exportada para 36%. Em 2009, porém, a participação da madeira nativa da região no mercado externo diminuiu para 21% da produção total.
O mercado de madeira foi essencialmente nacional em 2009. Aproximadamente 79% do volume produzido de madeira foram destinados ao mercado brasileiro. O Estado de São Paulo (17%) e a Região Sul (15%) foram os principais consumidores de madeira da Amazônia. Outros 16% foram consumidos nos próprios estados produtores (em 2004 era 11%).
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Confira a versão online da publicação.

This post was published on 9 de junho de 2010

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