O Imazon apresentará a cada trimestre um relatório sintético de Ameaças e Pressões em APs com base em dados de alertas de desmatamento do SAD e um relatório anual com dados detalhados. Essa publicação apresenta os dados de Ameaça e Pressão referentes ao período de janeiro a março de 2022:
Áreas Protegidas (APs) representam um patrimônio nacional, e considerando a extensão das APs na Amazônia Legal (i.e., 46%), os seus benefícios para manutenção da biodiversidade, estoques de carbono e na geração de serviços ambientais como a regulação do clima, transcendem a fronteira nacional, alcançando relevância global. Propomos uma metodologia para monitorar as Ameaças e Pressões nas APs baseada em dados de desmatamento (sem sombra de dúvidas um dos maiores vetores de ameaças, mas há outros vetores como extração madeireira, garimpo, hidrelétricas).
Usamos as seguintes definições:
AMEAÇA: é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma AP. Utilizamos uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP na qual a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Muitas APs resistem a esse tipo de ameaça não permitindo que o desmatamento penetre em seus limites.
PRESSÃO: ocorre quando o desmatamento se manifesta no interior da AP, levando a perdas de serviços ambientais e até mesmo à redução ou redefinição de limites da AP. Ou seja, é um processo interno que pode levar a desestabilização legal e ambiental da AP.
RESULTADO
O SAD de janeiro a março de 2022 detectou um total de 687 km² de desmatamento na Amazônia. O cruzamento dos dados do SAD com a grade de células de 10 km x 10 km (i.e., 100 km²) revelou que:
— Das 598 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 441 (74%) indicam Ameaça e 157 (26%) Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de janeiro a março de 2022 é 62% menor em comparação com janeiro a março de 2021. Isso ocorre porque além do número de alertas ser menor no período atual, a área desmatada também reduziu 42% quando comparada com o período anterior.
— As APs mais Ameaçadas foram a Flona do Aripuanã (AM) e a TI Trincheira/Bacajá (PA). Duas das dez APs mais ameaçadas do período também apareceram no ranking do período anterior (Gráfico 1).
— A APA Triunfo do Xingu (PA) e a APA do Tapajós (PA) foram as APs mais Pressionadas. Ambas ocuparam o primeiro e o quinto lugar, respectivamente, no ranking de APs pressionadas do período anterior (Gráfico 2).
— As Terras Indígenas TI Trincheira/Bacajá (PA) e TI Waimiri Atroari (AM/RR) foram as mais Ameaçadas no período. A TI Cachoeira Seca do Iriri (PA) e TI Waimiri Atroari (AM/RR) lideram o ranking das mais Pressionadas. Cinco das dez Terras Indígenas mais ameaçadas estão no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Federais que lideram o ranking de Ameaça são a Flona do Aripuanã (AM) e Flona do Jamanxim (PA). Em relação a Pressão, a APA do Tapajós (PA) e a Resex Chico Mendes (AC) lideram o ranking. Seis das dez Unidades de Conservação Federais mais ameaçadas e sete das dez mais pressionadas estão localizadas no estado do Pará.
— As Unidades de Conservação Estaduais mais Ameaçadas foram a FES do Rio Gregório (AC) e APA do Lago do Tucuruí (PA). Em relação a Pressão, a APA Triunfo do Xingu (PA) e a Resex Jaci Paraná (RO) são as líderes do ranking, ambas ocuparam o primeiro e o quinto lugar, respectivamente, no ranking de unidades de conservação estaduais pressionadas no período anterior.
A análise de Ameaça e Pressão por categorias de APs é apresentada no Anexo 1
This post was published on 18 de maio de 2022
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