Título Mogno na Amazônia Brasileira: Ecologia e Perspectivas de Manejo
Autores James Grogan
Paulo Barreto
Adalberto Veríssimo
Ano de publicação 2002
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Grogan, J., Barreto, P., & Veríssimo, A. 2002. Mogno na Amazônia Brasileira: Ecologia e Perspectivas de Manejo (p. 40). Belém: Imazon.

Captura de tela 2025 05 14 103835 212x300 - Mogno na Amazônia Brasileira: Ecologia e Perspectivas de ManejoResumo

O valor comercial extraordinário do mogno tem estimulado a sua extração na Amazônia Brasileira há muitos anos, mas com maior intensidade desde o início dos anos 1970. Na medida em que a exploração madeireira se aproxima dos últimos estoques naturais de mogno no sul do Pará, sudeste do Amazonas e Acre, os órgãos ambientais brasileiros têm respondido às preocupações do público sobre o futuro comercial dessa espécie: i) reduzindo as cotas de exportação desde 1990; ii) proibindo a autorização de novos planos de manejo florestal para o mogno desde 1996; e iii) proibindo o transporte, processamento e comercialização dessa espécie, após detectar práticas ilegais de exploração no sul do Pará em outubro de 2001. Para garantir o futuro do mogno como um patrimônio natural e recurso natural renovável é necessário converter as informações técnicas disponíveis em diretrizes de manejo florestal que estejam de acordo com os interesses públicos, sejam viáveis para a indústria e auditáveis pelos órgãos ambientais. Neste trabalho, apresentamos uma descrição sobre o mogno em toda a sua área de ocorrência natural na América do Sul e América Central, com ênfase numa pesquisa recente conduzida no Brasil. O mogno é uma árvore grande que ocorre em baixas densidades (geralmente, menos de uma árvore adulta por hectare) em florestas primárias sazonais, freqüentemente aglomeradas ao longo dos rios ou em zonas de transição ecológica altamente perturbadas. O mogno ocorre sob várias circunstâncias climáticas, hidrológicas, edáficas e de competição em toda a sua vasta área de ocorrência natural. Citado na América Central e Bolívia como uma espécie que requer perturbações catastróficas de larga escala para se regenerar, o mogno também tem demonstrado capacidade de se regenerar após perturbações de pequena escala no sul do Pará. As sementes de mogno dispersas pelo vento têm alto poder germinativo, porém, sua dispersão tem um alcance relativamente curto. As plântulas são resistentes e crescem rapidamente onde há muita luz e solos férteis. As taxas de crescimento do diâmetro das árvores juvenis e adultas (diâmetro à altura do peito ou DAP maior que 10 cm) podem exceder 1 cm/ ano por muitos anos ou décadas. Porém, um predador natural a broca do ponteiro, a larva da mariposa Hypsipyla grandella, a qual se alimenta dos tecidos do caule da planta em crescimento pode limitar a população em florestas naturais e, controlar essa praga nas plantações é geralmente muito dispendioso. No sul do Pará, a população do mogno em florestas naturais incluía árvores juvenis suficientes para proporcionar uma segunda colheita cerca de 30 anos após a primeira. Porém, os madeireiros geralmente cortavam parte das árvores jovens e as estradas abertas para a extração de mogno freqüentemente levaram à conversão de florestas em pastagens ou campos agrícolas. Onde a floresta é mantida, a regeneração do mogno nas clareiras da exploração é geralmente pobre. Isso ocorre devido à baixa produção de sementes antes da colheita, baixa disponibilidade de sementes após a colheita resultante do corte das árvores antes de as sementes se dispersarem e/ou ao fato de a vegetação dominante competir com as plântulas de mogno e arvoretas durante os anos após a extraçãoe. As recomendações para o manejo de mogno em floresta natural baseadas em estudos no sul do Pará incluem: o planejamento das colheitas para reduzir os danos à floresta residual, o respeito aos limites de diâmetro mínimo para corte (idealmente, árvores com DAP a partir de 55 cm) e consideração de critérios de seleção de árvores matrizes, derrubada direcional e coleta de sementes das árvores derrubadas para redistribuição em clareiras de exploração. A regeneração do mogno deve ser estimulada artificialmente, pois a regeneração natural é rara. Para isso, as sementes coletadas deveriam ser plantadas em baixa densidade em clareiras causadas pela derrubada de árvores. Para garantir o estabelecimento dessas mudas serão necessários tratamentos nos primeiros anos após o plantio e novamente após 25 a 30 anos, quando as árvores que hoje são juvenis (com DAP de 25 cm a 55 cm) serão extraídas. Uma segunda série de plantios de enriquecimento deveria seguir a segunda extração, e assim por diante, por períodos de rotação sucessivos de cerca de 30 anos. Para melhorar o controle sobre a exploração de mogno na Amazônia Brasileira recomendamos: i) a realização de um inventário das florestas exploradas e não exploradas dentro da área de ocorrência natural do mogno em todo o território nacional, a fim de estimar os estoques históricos e comercializáveis sobreviventes; ii) a melhoria do controle dos planos de manejo, incluindo o rastreamento via satélite do transporte detoras e o georreferenciamento dos planos de manejo em imagens de satélite; e iii) a indução à certificação independente do manejo florestal, para dar credibilidade ao comércio de mogno do Brasil. Visualize aqui a versão online da publicação


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