Resultados frigoríficos 2024

Título Resultados frigoríficos 2024
Autores Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

Instituto O Mundo Que Queremos

Radar Verde

Editora Radar Verde
Cidade Belém e São Paulo
Ano de publicação 2025
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Introdução

A pecuária bovina é importante para a economia brasileira, mas enfrenta desafios significativos, especialmente a associação com o desmatamento na Amazônia. O Radar Verde tem o objetivo de ajudar o setor a acelerar a solução para o fim do desmatamento.

Apesar de ter contribuído com apenas 17% do valor bruto da agropecuária em 2023, em 2021 a pecuária bovina foi responsável por 51% do total das emissões de gases de efeito estufa¹ e em 2023 ocupava 64% das áreas em uso agropecuário no país e 90% da área desmatada na Amazônia². Além disso, em 2023, aproximadamente 64% do total de
pastos estavam com vigor baixo e intermediário – isso equivale a 105,5 milhões de hectares³ ou cinco vezes o território do Paraná. Para que a pecuária seja mais eficiente é essencial que os fazendeiros aumentem a produtividade dos pastos existentes e zerem o desmatamento.

As empresas da cadeia pecuária, como frigoríficos e supermercados, podem promover uma produção mais sustentável comprando gado de fazendas livres de desmatamento. Algumas empresas frigoríficas já controlam a origem do gado dos seus fornecedores diretos (fazendas de engorda) usando a Guia de Trânsito Animal (GTA) e o cruzamento com
mapas de propriedade (Cadastro Ambiental Rural – CAR) e de desmatamento. No entanto, as empresas ainda não avançaram em políticas de rastreamento robusto dos fornecedores indiretos (fazendas que vendem bezerros e gado jovem às fazendas de engorda). Algumas empresas pedem aos fornecedores diretos que informem voluntariamente
sobre a origem do gado indireto por meio de GTAs, mas nem sempre obtêm essas informações. Além disso, falta auditoria independente sobre o cumprimento do controle destes fornecedores indiretos.

Tem sido desafiador acompanhar a situação do controle dessa cadeia de produção dada a diversidade de iniciativas e informações incompletas. Por isso, desde 2022, o Radar Verde produz um indicador público e independente de transparência e controle do desmatamento na cadeia de produção e comercialização de carne bovina no Brasil. O Radar Verde atua para indicar o comprometimento de frigoríficos na Amazônia em todas as etapas de sua cadeia de fornecedores, a fim de garantir que a carne bovina que comercializam não esteja relacionada ao desmatamento da Amazônia.

Após mapear as empresas frigoríficas que atuam na Amazônia, o Radar Verde busca evidências de que estas implementam políticas socioambientais. Essa avaliação é feita por meio de dois indicadores:

1º – O Grau de Controle da Cadeia, que considera as características das políticas da empresa contra o desmatamento e os indicadores de seu desempenho, incluindo informações públicas disponibilizadas pelas empresas sobre essas políticas. O levantamento é realizado a partir de dados públicos disponíveis nos canais oficiais das empresas, que podem complementar suas notas oferecendo voluntariamente informações e comprovações adicionais
por meio de um questionário enviado pelo Radar Verde. As empresas são classificadas em diferentes níveis de controle da cadeia com base no controle sobre seus fornecedores diretos e indiretos. Um controle muito alto indica uma política robusta e implementação comprovada por auditorias independentes. Para alcançar essa classificação, é necessário demonstrar controle sobre fornecedores diretos e indiretos.

2º – O Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento, que avalia, em hectares, a extensão das áreas sob risco de desmatamento nas zonas de compra de gado dos frigoríficos. Ele considera desmatamentos ocorridos entre 2008 e 2023, alertas recentes (agosto a dezembro de 2023), áreas embargadas por ilegalidade, projeções de risco para 2024-2026 e desmatamentos em áreas protegidas incompatíveis com a pecuária. A análise usa dados do Prodes, SAD, Deter, Ibama, MapBiomas e Imazon, descontando sobreposições e desmatamentos autorizados.

Com os resultados dessa avaliação, realizada anualmente, o Radar Verde pode orientar investidores, bancos, compradores corporativos e importadores, permitindo identificar riscos e priorizar ações para promover cadeias mais sustentáveis. Além disso, serve como base para governos e consumidores na formulação de políticas e escolhas que favoreçam empresas mais comprometidas. Para o próprio setor, o indicador é crucial para entender seu estágio atual e direcionar melhorias, garantindo maior segurança, qualidade e competitividade para a pecuária brasileira.

Em resumo, com o Radar Verde, é possível fortalecer a pecuária na região amazônica, alinhando-a às demandas por sustentabilidade e criando um setor mais robusto e responsável.

Neste relatório, publicamos os resultados referentes aos frigoríficos mapeados pela pesquisa Radar Verde 2024. O relatório é amplamente divulgado no site oficial do projeto, na imprensa, nas redes sociais e em eventos, garantindo que seja uma fonte independente de informações para todas as partes interessadas na redução do desmatamento associado à pecuária bovina. Além desses resultados, incluímos, ao final do relatório, um resumo sobre a situação da autorregulação SARB 26/2023 (Sistema de Autorregulação Bancária), instituída pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) em março de 2023. O objetivo dessa norma é estabelecer diretrizes e procedimentos para que as instituições financeiras signatárias promovam, por meio de suas operações de crédito com matadouros e frigoríficos de abate bovino, práticas que assegurem a cadeia produtiva livre
de desmatamento ilegal.

O Radar Verde é uma iniciativa conjunta do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e do Instituto O Mundo Que Queremos, destacando o compromisso dessas instituições com a promoção de práticas sustentáveis na região amazônica.

This post was published on 5 de fevereiro de 2025

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