O Boletim Transparência Florestal deste mês apresenta alertas de desmatamento e degradação florestal para o período de fevereiro a março de 2016, em virtude da ausência de imagens do sensor MODIS em fevereiro, quando o satélite estava em modo de segurança para manutenção.
Em março de 2016, 61% da área florestal da Amazônia Legal estava coberta por nuvens, uma cobertura superior a de março de 2015 (53%). Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (91%), Pará (77%) e Amazonas (63%). Nos meses de fevereiro e março, e sob essas condições de nuvem, foram detectados pelo SAD 213 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representa um aumento de 113% em relação a fevereiro e março de 2015 quando o desmatamento somou 100 quilômetros quadrados.
Em fevereiro e março de 2016, o desmatamento concentrou no Mato Grosso (81%), com menor ocorrência em Rondônia (9%), Amazonas (7%), Roraima (2%) e Pará (1%).
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 281 quilômetros quadrados em fevereiro e março de 2016. Em relação a fevereiro e março de 2015 houve um aumento de 339%, quando a degradação florestal somou 64 quilômetros quadrados.
De acordo com o SAD, o desmatamento (supressão total da floresta para outros usos alternativos do solo) atingiu 213 quilômetros quadrados em fevereiro e março de 2016 (Figura 1 e Figura 2).
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2014 a março de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em fevereiro e março de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
Em fevereiro e março de 2016, o desmatamento concentrou no Mato Grosso (81%), com menor ocorrência em Rondônia (9%), Amazonas (7%), Roraima (2%) e Pará (1%).
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2015 a março de 2016, correspondendo aos oito primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 1.411 quilômetros quadrados. Houve redução de 20% do desmatamento em relação ao período anterior (agosto de 2014 a março de 2015) quando atingiu 1.758 quilômetros quadrados.
Figura 3. Percentual do desmatamento nos Estados da Amazônia Legal em fevereiro e março de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando os oito primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2015 a março de 2016), o Mato Grosso lidera o ranking com 42% do total desmatado no período. Em seguida aparece Pará (23%) e Amazonas (15%). Em termos relativos, houve redução de 74% no Acre e 46% em Rondônia.
Em termos absolutos, o Mato Grosso lidera o ranking do desmatamento acumulado com 639 quilômetros quadrados, seguido pelo Pará (434 quilômetros quadrados) e Amazonas (205 quilômetros quadrados) (Tabela 1).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a março de 2015 e agosto de 2015 a março de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Em fevereiro e março de 2016, o SAD registrou 281 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Desse total, a grande maioria (75%) ocorreu em Roraima, seguido pelo Mato Grosso (24%) e Rondônia (1%).
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2014 a março de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2014 a março de 2015 e agosto de 2015 a março de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
*Os dados do Maranhão não foram analisados.
Em fevereiro e março de 2016, a maioria (88%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Assentamentos de Reforma Agrária (12%). Não houve detecção de desmatamento em Unidades de Conservação e Terras Indígenas em fevereiro e março de 2016 (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em fevereiro e março de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
O SAD registrou 25 quilômetros quadrados de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária em fevereiro e março de 2016 (Figura 5). Os Assentamentos mais afetados pelo desmatamento foram PA Monte (Boca do Acre; Amazonas), PE Vida Nova (Jangada; Mato Grosso) e PA Japuranoman (Nova Bandeirantes; Mato Grosso).
Figura 5. Assentamentos de Reforma Agrária desmatados em fevereiro e março de 2016 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Em fevereiro e março de 2016, os municípios mais desmatados foram: Marcelândia (Mato Grosso) e Feliz Natal (Mato Grosso) (Figura 6 e 7).
Figura 6. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em fevereiro e março de 2016 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 7. Municípios com maiores áreas desmatadas em fevereiro e março de 2016 (Fonte: Imazon/SAD).
Em março de 2016, foi possível monitorar com o SAD 39% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 61% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (91%), Pará (77%) e Amazonas (63%). Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em março de 2016 podem estar subestimados (Figura 8).
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 8. Área com nuvem e sombra em março de 2016 na Amazônia Legal.
Desde agosto de 2012 a detecção de alertas de desmatamento e degradação florestal vem sendo realizada na plataforma Google Earth Engine (EE), com a nova versão SAD EE. Esse sistema foi desenvolvido em colaboração com a Google e utiliza o mesmo processo já utilizado pelo SAD 3.0 (Quadro I), com imagens de reflectância do MODIS para gerar os alertas de desmatamento e degradação florestal.
Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua o mesmo do SAD 2.0 como descrito abaixo.
O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguida, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente Não-Ativa (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo:
NDFI = (VGs – (NPV + Solo)
(VGs +NPV+Solo)
Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por:
VGs = Vegetação/(1- Sombra)
O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios.
A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinais de degradação.
O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior.
O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2014 a março de 2016.
This post was published on 1 de agosto de 2016
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