Sanae Hayashi; Carlos Souza Jr.; Márcio Sales & Adalberto Veríssimo (Imazon)
RESUMO
Em março de 2012, o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) detectou 53 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal. Isso representou um aumento de 15% em relação a março de 2011 quando o desmatamento somou 46 quilômetros quadrados. Foi possível monitorar apenas 26% da área florestal na Amazônia Legal em março de 2012.
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a março de 2012 totalizou 760 quilômetros quadrados. Houve redução de 22% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a março de 2011) quando o desmatamento somou 969 quilômetros quadrados.
Em março de 2012, a maioria (60%) do desmatamento ocorreu em Mato Grosso. Em seguida aparece o Pará com 25% e Rondônia com 9%. O restante (6%) ocorreu no Amazonas, Roraima e Acre. Porém, foi possível monitorar apenas 26% da área florestal da Amazônia e, portanto, os dados de desmatamento nesse mês podem estar subestimados.
As florestas degradadas na Amazônia Legal somaram 40 quilômetros quadrados em março de 2012. Em relação a março de 2011, quando a degradação florestal somou 298 quilômetros quadrados, houve redução de 87%. A maioria (67%) ocorreu em Mato Grosso seguido pelo Amazonas (15%), Rondônia (10%) e Pará (7%).
A degradação florestal acumulada no período (agosto 2011 a março 20120) atingiu 1.568 quilômetros quadrados. Em relação ao período anterior (agosto de 2010 a março de 2011), quando a degradação somou 4.111 quilômetros quadrados, houve redução de 62% .
Em março de 2012, o desmatamento detectado pelo SAD comprometeu 3,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente. No acumulado do período (agosto 2011 – março de 2012) as emissões de CO2 equivalentes comprometidas com o desmatamento totalizaram 51 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 13% em relação ao período anterior (agosto de 2010 a março de 2011).
Estatísticas do Desmatamento
A detecção do desmatamento (supressão total da floresta com exposição do solo) atingiu 53 quilômetros quadrados em março de 2012 (Figura 1 e Figura 2). Isso representou um aumento de 15% em relação a março de 2011 quando o desmatamento atingiu 46 quilômetros quadrados.
Figura 1. Desmatamento de agosto de 2010 a março de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 2. Desmatamento e Degradação Florestal em março de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
*O Desmatamento em Áreas Cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em março ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
O desmatamento acumulado no período de agosto de 2011 a março de 20121, correspondendo aos oito primeiros meses do calendário oficial de medição do desmatamento, atingiu 760 quilômetros quadrados. Houve redução de 22% do desmatamento em relação período anterior (agosto de 2010 a março de 2011) quando atingiu 969 quilômetros quadrados.
Em março de 2012, a maioria (60%) do desmatamento ocorreu em Mato Grosso, seguido pelo Pará (25%), Rondônia (9%), Amazonas (2%), Roraima (2%) e Acre (2%) (Figura 3).
Figura 3. Desmatamento (%) nos Estados da Amazônia Legal em março de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
Considerando os oito primeiros meses do calendário atual de desmatamento (agosto de 2011 a março de 2012), o Pará lidera o ranking com 35% do total desmatado. Em seguida aparece Mato Grosso com 30%, Rondônia com 19% e Amazonas com 9%. Esses quatros estados foram responsáveis por 93% do desmatamento ocorrido na Amazônia Legal nesse período. O restante (7%) do desmatamento ocorreu no Acre, Roraima, Tocantins e Amapá.
Houve redução de 22% no desmatamento ocorrido em agosto de 2011 a março de 2012 quando comparado com o período anterior (agosto de 2010 a março de 2011) (Tabela 1). Em termos relativos, houve redução de 63% no Acre, 48% no Amazonas, 42% em Rondônia e 16% no Mato Grosso. Por outro lado, houve aumento de 175% em Roraima, 120% no Tocantins e 6% no Pará.
Em termos absolutos, Pará lidera o ranking do desmatamento acumulado com 266 quilômetros quadrados, seguido pelo Mato Grosso (230 quilômetros quadrados), Rondônia (148 quilômetros quadrados), Amazonas (65 quilômetros quadrados), Roraima (22 quilômetros quadrados), Acre (18 quilômetros quadrados), e Tocantins (11 quilômetros quadrados).
Tabela 1. Evolução do desmatamento entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a março de 2011 e de agosto de 2011 a março de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[2]O calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Degradação Florestal
Em março de 2012, o SAD registrou 40 quilômetros quadrados de florestas degradadas (florestas intensamente exploradas pela atividade madeireira e/ou queimadas) (Figuras 2 e 4). Em relação ao mesmo período do ano anterior (março de 2011) houve redução de 87% quando a degradação florestal atingiu 298 quilômetros quadrados. Do total, a maioria (67%) dessa degradação ocorreu no Mato Grosso, seguido pelo Amazonas (15%), Rondônia (10%), e Pará (7%) (Figura 5).
Figura 4. Degradação Florestal de agosto de 2010 a novembro de 2011 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD).
Figura 5. Degradação florestal (%) dos Estados da Amazônia Legal em março de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
A degradação florestal acumulada no período de agosto de 2011 a março de 2012 atingiu 1.568 quilômetros quadrados. Isso representa uma redução de 62% na degradação florestal acumulada nesse período (agosto de 2011 a março de 2012) em relação ao mesmo período anterior (agosto de 2010 a março de 2011) quando a degradação florestal somou 4.111 quilômetros quadrados (Tabela 2). As maiores reduções foram Acre (-98%), Rondônia (-86%), Amazonas (-82%), Pará (-68%) e Mato Grosso (-68%).
Em termos absolutos, o Mato Grosso lidera o ranking da degradação florestal acumulada com 1.196 quilômetros quadrados (76%), seguido de longe pelo Pará com 235 quilômetros quadrados (15%). O restante (9%) ocorreu em Rondônia (93 quilômetros quadrados), Amazonas (26 quilômetros quadrados), Roraima (15 quilômetros quadrados), e Acre (3 quilômetros quadrados).
Tabela 2. Evolução da degradação florestal entre os Estados da Amazônia Legal de agosto de 2010 a março de 2011 e de agosto de 2011 a março de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
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[1] calendário oficial de medição do desmatamento tem início no mês de agosto e término no mês de julho.
Carbono Afetado pelo Desmatamento
Em março de 2012, os 53 quilômetros quadrados de desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal comprometeram 1 milhão de toneladas de carbono (com margem de erro de 311 mil toneladas de carbono). Essa quantidade de carbono afetada resulta em 3,6 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6).
O carbono florestal comprometido pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a março de 2012 foi de 14 milhões de toneladas (com margem de erro de 289 mil toneladas), o que representou cerca de 51 milhões de toneladas de CO2 equivalente (Figura 6). Em relação ao mesmo período do ano anterior (agosto de 2010 a março de 2011) houve redução de 13% na quantidade de carbono comprometido pelo desmatamento. A redução (13%) do carbono florestal afetado pelo desmatamento no período de agosto de 2011 a março de 2012 em relação ao período anterior (agosto de 2010 a março de 2011) foi menor que a redução de 22% do desmatamento detectado pelo SAD durante o mesmo período. Isso sugere que o desmatamento esse ano está ocorrendo em áreas com menores estoques de carbono florestal.
Figura 6. Desmatamento e emissões de Dióxido de Carbono (CO2) equivalente total de agosto de 2010 a março de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon).
Geografia do Desmatamento
Em março de 2012, a maioria (94%) do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Unidade de Conservação (3%), Assentamentos de Reforma Agrária (2%) e Terra Indígena (1%). (Tabela 3).
Tabela 3. Desmatamento por categoria fundiária em março de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/ SAD).
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[3] Inclui áreas privadas (tituladas ou não) e florestas públicas não protegidas.
Assentamentos de Reforma Agrária
O SAD registrou somente um quilômetro foram Marcedes Bens I e II (Tabaporã; Mato Grosso), quadrado de desmatamento nos Assentamentos de Reforma Agrária durante março de 2012. Os Assentamentos mais afetados pelo desmatamento São Pedro (Paranaíta; Mato Grosso), e Japão (Iracema; Roraima) (Figura 7).
Figura 7. Assentamentos de Reforma Agrária desmatados em fevereiro de 2012 na Amazônia Legal (Fonte: Imazon/SAD). PA (Projeto de Assentamento).
Áreas Protegidas
O SAD detectou somente 1,5 quilômetros quadrados de desmatamento em Unidade de Conservação (Figura 8). A Unidades de Conservação desmatada foi a APA Triunfo do Xingu (Pará). No caso das Terras Indígenas, em março de 2012 foi detectado menos de um quilômetro quadrado de desmatamento na Terra Indígena Tubarão/Latundê (Rondônia) (Figura 9).
Figura 8. Unidade de Conservação desmatada na Amazônia Legal em março de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 9. Terras Indígenas desmatadas na Amazônia Legal em março de 2012 (Fonte: Imazon).
Municípios Críticos
Em março de 2012, os municípios mais desmatados foram: União do Sul (Mato Grosso); Jacareacanga (Pará); e Vilhena (Rondônia) (Figura 10 e 11).
Figura 10. Municípios mais desmatados na Amazônia Legal em março de 2012 (Fonte: Imazon /SAD).
Figura 11. Municípios mais desmatados em março de 2012 (Fonte: Imazon/SAD).
* O Desmatamento em Áreas Cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em novembro ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
Cobertura de Nuvem e Sombra
Em março de 2012, foi possível monitorar com o SAD somente 26% da área florestal na Amazônia Legal. Os outros 74% do território florestal estavam cobertos por nuvens o que dificultou a detecção do desmatamento e da degradação florestal. Os Estados com maior cobertura de nuvem foram Amapá (98%), Pará (84%), Amazonas (76%) e Rondônia (72%). Os outros estados apresentaram menos de 60% do território cobertos por nuvens. Em virtude disso, os dados de desmatamento e degradação florestal em março de 2012 podem estar subestimados.(Figura 12). O período de dezembro a março caracteriza como um período chuvoso na região amazônica, logo torna-se difícil o monitoramento do desmatamento através de imagens de satélite.
* A parte do Maranhão que integra a Amazônia Legal não foi analisada.
Figura 12. Área com nuvem e sombra em março de 2012 na Amazônia Legal.
* O Desmatamento em Áreas Cobertas por Nuvens pode ter ocorrido em novembro ou em meses anteriores, todavia só foi possível detectá-lo agora, quando não havia nuvens sobre a região.
Validação dos dados SAD utilizando Imagens Landsat e Cbers
Os dados do SAD são validados com imagens CBERS e Landsat (resolução espacial mais fina) disponíveis pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).São utilizadas as imagens disponíveis logo após o mês analisado pelo SAD. Em novembro de 2011, não foi possível confirmar com imagens Landsat o desmatamento detectado pelo devido a grande ocorrência de nuvens nas imagens Landsat e CBERS disponíveis no período.
Quadro I: SAD 3.0Desde agosto de 2009, o SAD apresentou algumas novidades. Primeiro, criamos uma interface gráfica para integrar todos os programas de processamento de imagem usados no SAD. Segundo, começamos a computar o desmatamento em áreas que estavam cobertas por nuvens nos meses anteriores em uma nova classe. Por último, o desmatamento e a degradação são detectados com pares de imagens NDFI em um algoritmo de detecção de mudanças. O método principal continua a mesma do SAD 2 como descrito abaixo.O SAD gera mosaico temporal de imagens MODIS diárias dos produtos MOD09GQ e MOD09GA para filtragem de nuvens. Em seguido, utilizamos uma técnica de fusão de bandas de resolução espectrais diferentes, ou seja, com pixels de diferentes tamanhos. Nesse caso, fizemos a mudança de escala das 5 bandas com pixel de 500 metros do MODIS para 250 metros. Isso permitiu aprimorar o modelo espectral de mistura de pixel, fornecendo a capacidade de estimar a abundância de Vegetação, Solos e Vegetação Fotossinteticamente Não Ativa (NPV do inglês – Non-Photosynthetic componentes (Vegetação, Solo e Sombra) para calcular o NDFI, com a equação abaixo:
Onde VGs é o componente de Vegetação normalizado para sombra dado por: VGs = Vegetação/(1- Sombra) O NDFI varia de -1 (pixel com 100% de solo exposto) a 1 (pixel com > 90% com vegetação florestal). Dessa forma, passamos a ter uma imagem contínua que mostra a transição de áreas desmatadas, passando por florestas degradadas, até chegar a florestas sem sinas de distúrbios. A detecção do desmatamento e da degradação passou esse mês com a diferença de imagens NDFI de meses consecutivos. Dessa forma, uma redução dos valores de NDFI entre -200 e -50 indica áreas possivelmente desmatadas e entre -49 e -20 com sinas de degradação. O SAD 3.0 Beta é compatível com as versões anteriores (SAD 1.0 e 2.0), porque o limiar de detecção de desmatamento foi calibrado para gerar o mesmo tipo de resposta obtida pelo método anterior. O SAD já está operacional no Estado de Mato Grosso desde agosto de 2006 e na Amazônia Legal desde abril de 2008. Nesse boletim, apresentamos os dados mensais gerados pelo SAD de agosto de 2006 a março de 2012. |
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Quadro II: Carbono afetado pelo desmatamento
Desde janeiro de 2010 reportamos as estimativas do carbono comprometido (isto é, do carbono florestal sujeito à emissões devido à queimada e a decomposição de resíduos de biomassa florestal) provenientes do desmatamento detectado pelo SAD na Amazônia Legal.
As estimativas de carbono são geradas com base na combinação dos mapas de desmatamento do SAD com simulações da distribuição espacial de biomassa para a Amazonia. Desenvolvemos um modelo de estimativas de emissões de carbono, como base em simulação estocástica (Morton et al, em prep.), denominado Carbon Emission Simulator (CES). Geramos 1000 simulações da distribuição espacial de biomassa na Amazonia usando um modelo geoestatístico (Sales et al., 2007), e transformamos essas simulações de biomassa em estoques de C usando fatores de conversão de biomassa para C da literatura, segundo a fórmula abaixo:
Para a aplicação do modelo CES usando os dados do SAD, consideramos apenas o carbono comprometido pelo desmatamento, ou seja, a fração da biomassa florestal composta por carbono (50%) sujeita à emissões instantâneas devido à queimadas da floresta pelo desmatamento, e/ou a decomposição futura da biomassa florestal remanescente. Além disso, adaptamos o modelo CES para estimar o carbono florestal comprometido pelo desmatamento na escala mensal. Por último, as simulações permitiram estimar a incerteza do carbono comprometido, representadas pelo desvio padrão (+/- 2 vezes) das simulações do carbono afetado em cada mês.
Para a conversão dos valores de carbono para COequivalente aplicamos o valor de 3,68.